Este estudo é parte de uma breve introdução ao
Antigo Testamento. Nosso interesse é ajudar todos os leitores a apreciarem a
rica herança que temos nas páginas da Antiga Aliança. No final de cada estudo o
leitor encontrará direções para outras partes desse estudo
INTRODUÇÃO AO ANTIGO TESTAMENTO
Capítulo 3 – Quando Ocorreram os Eventos Narrados
do A. T.?
I. Quais são os Acontecimentos descritos pelo
Antigo Testamento? — ver no final dessa série a tabela contendo os: Períodos Arqueológicos
da História do Antigo Oriente Próximo.
C. A Nação de Israel.
Os historiadores não conseguem
determinar exatamente porque as duas maiores potências que existiam por volta
de 1200 a.C., os egípcios e os hititas, subitamente entraram em declínio. Junto
com este declínio ocorreram mudanças de grande importância em todo o antigo
Oriente Próximo. Alguns especulam que o declínio estaria relacionado com todas
as mudanças provocadas pela queda de Troia - por volta de 1250 a.C., e a
subseqüente queda de todas as cidades de Micenas na Grécia continental.
Micenas
Como os gregos eram, de forma
geral, excelentes marinheiros, é bastante provável que muitos sobreviventes
destas batalhas tenham fugido, se espalhando por toda costa do Mediterrâneo.
Esta situação acabou por provocar uma onda que culminou com o desequilíbrio das
maiores potências do mundo antigo. Registros históricos daquela época fazem
inúmeras referências ao fato de que aqueles estrangeiros eram chamados
coletivamente de “povos do mar”. Um desses povos do mar é mencionado em algumas
fontes egípcias como “Pelesets”. Estes indivíduos chamados “Pelesets” acabaram
se assentando no sudoeste das planícies costeiras da Síria-Palestina. Estes são
os mesmos povos que durante os dias do Antigo Testamento são conhecidos como
“filisteus”. De acordo com os arqueologistas, o termo “Pelesets” é também o
termo que deu origem à palavra “Palestina”[1].
Filisteus
Do ponto de vista do estudo do
Antigo Testamento, dentre todas as muitas mudanças que ocorreram com a chegada
dos povos do mar no antigo Oriente Próximo, existem duas que são de especial
significado para nós, os cristãos:
·
A
primeira diz respeito ao enorme vazio no poder causado pela abolição da ordem
política que havia existido durante mais de trezentos anos. As campanhas
militares internacionais de povos como os hititas e os egípcios foram
substituídas por lutas locais e por conflitos regionais. Surgiram então alguns
novos grupos étnicos que preencheram o vazio no poder. Estes grupos acabaram
formando pequenos impérios. Dentre estes nós podemos destacar os arameus de
Damasco e os israelitas que se fixaram nas terras altas da palestina.
·
A
segunda mudança resultante da chegada dos povos do mar foi a difusão de novas
tecnologias para trabalhar com os metais, especialmente o uso do ferro para
confeccionar armas. Não sabemos com exatidão qual grupo inventou a tecnologia
do ferro e utilizou-a para fazer armas. Pela leitura do Antigo Testamento fica
claro que os filisteus tinham a dianteira nas batalhas com os israelitas por
causa da superioridade tecnológica no uso de metais e o monopólio do ferro –
ver 1 Samuel 13:19—22. A descoberta da tecnologia do uso do ferro foi tão
significativa que os historiadores passaram a chamar aquele período da história
humana de: Idade do Ferro.
Artefatos da Idade do Ferro
Resumindo podemos dizer que o
período conhecido como Primeira Idade do Ferro – entre 1200—930 a.C. — é aquele
que começou com a invasão dos povos do mar o que, por sua vez, causou o
declínio dos grandes impérios daqueles dias abrindo um vazio no poder de tal
forma que toda a organização política de todo o Oriente Próximo foi alterada.
D. Josué Invade a Palestina.
A invasão da Palestina pelos
israelitas sob o comando de Josué não pode ser entendida sem que façamos
referências diretas a dois eventos importantes da História Antiga da
humanidade:
·
A
primeira referência tem a ver com a genealogia do neto de Noé cujo nome era
Canaã. Em Gênesis 9:15—19 nós lemos
o seguinte: “Canaã gerou a Sidom, seu
primogênito, e a Hete, e aos jebuseus, aos amorreus, aos girgaseus, aos heveus,
aos arqueus, aos sineus, aos arvadeus, aos zemareus e aos hamateus; e depois se
espalharam as famílias dos cananeus. E o limite dos cananeus foi desde Sidom,
indo para Gerar, até Gaza, indo para Sodoma, Gomorra, Admá e Zeboim, até Lasa”.
Como fica evidente foram estes povos os que habitaram a região da terra de
Canaã. Estes povos, como todos os povos em geral, afrontavam sem cessar o Deus
Eterno. A Bíblia nos ensina que absolutamente nada passa despercebido diante de
Deus. Também somos ensinados de que temos que prestar contas de todos os nossos
atos – ver Hebreus 4:13.
Palestina e seus antigos
habitantes
·
A
segunda diz respeito ao momento quando Deus chamou a Abrão e prometeu lhe dar a
terra de Canaã, sendo que a mesma já estava ocupada pelos povos mencionados no
item anterior. Iria Deus apena desalojar aqueles povos para fazer habitar ali a
descendência de Abrão? Absolutamente não! Quando Deus faz a aliança com Abrão
para lhe dar a terra de Canaã, Ele declara, de forma específica, o seguinte: ”Sabe, com certeza, que a tua posteridade
será peregrina em terra alheia, e será reduzida à escravidão, e será afligida
por quatrocentos anos. Mas também eu julgarei a gente – o Egito - a que têm de
sujeitar-se; e depois sairão com grandes riquezas. E tu irás para os teus pais
em paz; serás sepultado em ditosa velhice. Na quarta geração, tornarão para
aqui; porque não se encheu ainda a medida da iniqüidade dos amorreus – Gênesis
15:13 – 16”. Note que um período considerável de tempo teria que passar –
500 anos aproximadamente – até que a medida da iniquidade dos amorreus
estivesse completada para que Deus exercesse severo juízo sobre aqueles povos.
Assim, em um e mesmo momento histórico, o Deus Eterno executa juízo sobre os
amorreus ao mesmo tempo em que cumpre a promessa feita a Abrão séculos antes.
Artefatos da Nova Idade do
Bronze
Foi perto do final da Nova
Idade do Bronze – entre 1550—1200 a.C — que Josué e os israelitas tomaram Canaã
e assentaram-se nas terras altas centrais. Durante os dois primeiros séculos da
conquista israelita, a nação de Israel era composta por uma confederação
informal de 12 tribos, uma para cada um dos filhos de Jacó[2].
Durante este período — de 1250—1050 a.C. — os líderes surgiam entre pessoas
comuns do povo, alguns com grande relutância — ver Juízes 6:11—15 — e
governavam apenas de forma temporária e somente em determinadas situações.
Estes homens e mulheres foram chamados de “juízes”, e eram capacitados e
ordenados por Deus para consolidar tanto as forças quanto os recursos das
tribos de Israel durante os tempos de crise nacional ou regional. Os ataques
militares recorrentes contra Israel vinham dos vizinhos ao redor, mas,
especialmente, dos filisteus a sudoeste. Estes ataques constantes tornaram-se
motivo de grande frustração entre os israelitas e, apesar do fato de que um
governo centralizado não era realmente necessário, os israelitas começaram a
querer, então, um rei para manter um exército que assegurasse a segurança no
futuro – ver 1 Samuel 8:10—22.
Saul, o primeiro rei entre os
judeus e Samuel, o último dos juízes.
E. O Reino Unido.
Este é o motivo histórico que
justifica o surgimento da monarquia israelita. Outros motivos foram as pressões
culturais que são literalmente explicitadas em 1 Samuel 8:19b—20, onde lemos: “... teremos um rei sobre nós. Para que sejamos também como todas as nações;
o nosso rei poderá governar-nos, sair adiante de nós e fazer as nossas guerras”.
O homem levantado por Deus para
agir como “juiz” durante este período de transição para a monarquia foi Samuel
que também foi chamado de profeta. Sob a direção de Deus, Samuel ungiu a Saul,
da tribo de Benjamim, como o primeiro rei sobre todo Israel. Saul,
infelizmente, revelou-se um verdadeiro desastre, principalmente porque não se
submeteu à vontade do Deus que o ungira rei de Israel. O resultado desta
insubmissão foi que Saul foi rejeitado e com isto sua própria descendência
ficou impedida de formar uma dinastia. Se existe algo para aprender e que sirva
para a nossa edificação através do estudo da vida de Saul é a importância de mantermos,
de forma constante, nosso relacionamento com Deus em submissão à Sua vontade
revelada. Essa é a nossa obrigação de número um.
Com a derrocada de Saul, o
próprio Deus instruiu o profeta Samuel que ungisse outro homem como rei sobre
Israel. De acordo com 1 Samuel 13:14 este homem era alguém que “agradava ao
Senhor”. Davi, filho de Jesse, da tribo de Judá, era este homem.
Davi
O reinado de Davi foi marcado
pela vitória definitiva sobre os filisteus. Com isto o povo de Israel,
finalmente alcançou certo grau de segurança e paz. Davi forneceu a base para
que o reinado do seu sucessor, Salomão, viesse a se tornar uma “era dourada” do
povo de Israel. Estabilidade, paz e prosperidade foram as marcas dos reinos de
Davi e Salomão. Davi conseguiu unificar as tribos de Israel e ofereceu, em
troca de apoio militar, liberdade econômica e política. Com Davi temos o início
da mais longa dinastia a governar sobre a região da Palestina.
Salomão
O reinado de Salomão viu a
expansão das fronteiras atingirem o que fora prometido a Abrão – ver Gênesis
15:18. Sob Salomão as fronteiras da nação de Israel atingiram o Eufrates, ao
norte, e até o Egito, ao sul. Talvez o reinado de Salomão, seja o único período
da história de Israel que possa ser classificado como “Império”. O longo
período de paz experimentado por Salomão permitiu, através, do comércio
internacional, que ele trouxesse e acumulasse grande riqueza na terra de
Israel. Este foi o período mais próspero da nação. Além de riqueza e de paz com
os povos ao redor, Deus deu a Salomão sabedoria sobre todas as questões,
incluindo sua capacidade de governar e julgar o povo com justiça e retidão.
Pela primeira vez Israel começava a lançar os olhos para além do seu próprio
território, entendendo melhor como o mundo funcionava. A corte israelense
cresceu e passou a envolver-se mais com as questões e os assuntos de Estado. A
imagem de Salomão foi projetada como um líder hábil e sábio por toda a
circunvizinhança.
De todos os privilégios que
Salomão pode desfrutar, nenhum pode se comparar com o de construir o Templo de
Deus em Jerusalém. Por mais que Davi desejasse fazê-lo, tal privilégio coube a
Salomão.
Templo de Salomão em Jerusalém
De acordo com 1 Reis 4:25 os
reinados de Saul, Davi e Salomão ou a “monarquia unificada” serão sempre
lembrados como tempos ideais de paz e prosperidade.
Infelizmente este período
acabou com a morte de Salomão. Já antes de morrer, Salomão havia se afastado de
Deus, da mesma maneira como Saul fizera antes dele: “Sendo já velho, suas mulheres lhe perverteram o coração para seguir
outros deuses; e o seu coração não era de todo fiel para com o SENHOR, seu
Deus, como fora o de Davi, seu pai — 1 Reis 11:4. Após a morte de Salomão o
reino foi dividido em duas nações mais fracas: Israel, ao norte e composto de 9
tribos, e Judá, ao Sul composto pelas tribos de Judá e Benjamim. Este período é
chamado de “monarquia dividida”.
Que
Deus abençoe a todos.
Outros
artigos acerca da Introdução ao Antigo Testamento
A. O Texto do Antigo
Testamento
001
– O CÂNON DO ANTIGO TESTAMENTO
002
– A INSPIRAÇÃO DA BÍBLIA
003
– A TRANSMISSÃO TEXTUAL DA BÍBLIA — Parte 1 = Os Escribas e O Texto Massorético
— TM
004
– A TRANSMISSÃO TEXTUAL DA BÍBLIA — Parte 2 = O Texto Protomassorético e o
Pentateuco Samaritano
005
– A TRANSMISSÃO TEXTUAL DA BÍBLIA — Parte 3 = Os Manuscritos do Mar Morto e os
Fragmentos da Guenizá do Cairo
006
- A TRANSMISSÃO TEXTUAL DA BÍBLIA — Parte 4 = A Septuaginta ou LXX
007
- A TRANSMISSÃO TEXTUAL DA BÍBLIA — Parte 5 = Os Targuns e Como Interpretar a
Bíblia
B. A Geografia do
Antigo Testamento
001
– INTRODUÇÃO E MESOPOTÂMIA
002
– O EGITO
003
– A SÍRIA—PALESTINA
B. A História do
Antigo Testamento
001
– OS PATRIARCAS DA NAÇÃO DE ISRAEL
002
— NASCE A NAÇÃO DE ISRAEL
003
– A NAÇÃO DE ISRAEL
Que
Deus abençoe a todos.
Alexandros
Meimaridis
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Desde já agradecemos a todos.
O
material contido neste estudo foi, em parte, adaptado e editado das seguintes
obras, que o autor recomenda para todos os interessados em aprofundar os
conhecimentos acerca do Antigo Testamento:
Bibliografia
Aharoni,
Yahanan; Avi-Yonah, Michael; Rainey, Anson F. e Safrai, Ze’ev. Atlas Bíblico. Casa Publicadora das
Assembléias de Deus – CPAD, Rio de Janeiro, 1998,
Arnold,
Bill T. e Beyer, Bryan E. Descobrindo o
Antigo Testamento. Editora Cultura Cristã, São Paulo, 2001.
Bright,
John. História de Israel. Paulus, São
Paulo, 6ª Edição, 1980.
Durant,
Will. The History of Civilization Volume
1 – Our Oriental Herritage. Simon and Schuster, New York, 1963.
Heródoto
de Halicarnassus. The Histories. Penguin
Books Ldt, Middlisex, reprinted, 1986.
Hallo,
William W. e Simpson, William Kelly. The
Ancient Near East: A History. Nova York, Harcourt Brace Jovanovich, 1971.
Howard,
Jr. David M. “Philistines” em People of
the Old Testament World, org. Alfred Hoerth, Gerald L. Mattingly e Edwin M.
Yamauchi. Baker Book House, Grand Rapids, 1994.
King,
Philip J. American Archaeology in the
Mideast: A History of the American Schools of Oriental Research. ASOR,
Philadelphia, 1983.
Millard,
Alan; Stanley, Brian e Wrigth, David. Atlas
Vida Nova da Bíblia e História do Cristianismo. Sociedade Religiosa Edições
Vida Nova, São Paulo, reimpressão, 1998.
Schoville,
Keith N. Biblical Arcaheology in Focus.
Baker Book House, Grand Rapids, 1978.
Wilson,
John A. The Culture of Ancient Egypt.
Chicago University Press, Chicago, 1951.
__________Britannica Atlas. Encyclopaedia
Britannica Inc., Chicago, 1996.
Enciclopédias
__________The New Encyclopaedia Brtannica.
Encyclopaedia Britannica Inc., Chicago, 15th Edition, 1995.
Softwares
Ferreira,
Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário
Aurélio Século XXI. Edição Eletrônica, São Paulo, 2004.
[1] Howard, Jr. David M. “Philistines” em People of the Old Testament
World, org. Alfred Hoerth, Gerald L. Mattingly e Edwin M. Yamauchi. Baker
Book House, Grand Rapids, 1994.
[2] Acerca das doze tribos é
importante entendermos o seguinte: Jacó teve doze filhos. O filho de Jacó,
José, foi retirado da lista, pois foi substituído pelos seus dois filhos:
Manassés e Efraim. Desta maneira o número subiu para treze. Os descendentes de
outro filho de Jacó, Levi, também foram retirados da lista, pois não receberiam
herança física entre seus irmãos. A porção dos levitas era o próprio Deus.
Assim a lista volta a ficar com doze nomes e foi entre esses que a terra de
Canaã foi dividida.
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