A BBC em português nesse outro
artigo nos mostra que não são apenas as igrejas evangélicas que disputam os
corações e as mentes dos haitianos que estão imigrando para o Brasil. Os cultos
afro-braslileiros também querem os haitianos conforme podemos ver na reportagem
a seguir:
João Fellet
Enviado especial da BBC Brasil a Porto Velho
Atualizado em 3 de
julho, 2013 - 14:27 (Brasília) 17:27 GMT
Haitianos (à esq.) acompanharam
cerimônia de candomblé em Porto Velho
Enquanto grande parte dos cerca
de 3 mil imigrantes haitianos em Porto Velho recorre a igrejas evangélicas para
satisfazer suas demandas espirituais, alguns começam a buscar alternativas
entre as tradições religiosas que africanos legaram tanto a seu país quanto ao
Brasil.
A BBC Brasil acompanhou a
primeira visita de três haitianos a um terreiro de candomblé na capital de
Rondônia. O encontro foi organizado a pedido deles pela estudante de história
da Universidade Federal de Rondônia Jéssica Caroline, que realiza uma pesquisa
sobre os imigrantes.
Adeptos do vodu, Jorby Beaubrun,
de 24 anos, Obenson Experience, 26, e Wilbert Derancier, 42, chegaram ao Brasil
no início do ano. Em conversa com Caroline, eles disseram sentir falta dos
rituais no país natal e se surpreenderam ao saber que Porto Velho também
abrigava templos de religiões de matriz africana.
Segundo a base de dados da CIA
(órgão de inteligência dos EUA), metade da população haitiana pratica o vodu,
embora 96% se digam cristãos. O culto, levado ao país por africanos
escravizados, tem parentesco com as principais linhagens do candomblé do
Brasil.
Ao chegar ao terreiro antes de
uma cerimônia numa noite de sexta-feira, os haitianos receberam abraços do
babalorixá Pai Silvano, o sacerdote da casa.
Por três horas, eles acompanharam
os trabalhos sentados, enquanto iniciados dançavam numa roda ao centro, ao som
de tambores e cantos em coro.
Naquele terreiro, pratica-se o
candomblé Ketu, linhagem predominante no Brasil. O culto foi trazido ao país
por africanos de etnia iorubá (também chamada de nagô), oriundos da atual
Nigéria e alguns países vizinhos.
"Sem vodu não existe vida para
nós, o vodu é a nossa vida”, diz Jorby Beaubrun, haitiano.
Os haitianos se animavam quando
as batidas aceleravam e não reagiam quando alguns sacerdotes passaram a
incorporar orixás (divindades), alterando discretamente seus semblantes. O trio
só estranhou a ausência de animais no terreiro naquela noite. "No vodu no
Haiti, sempre matam cabras, galinhas e porcos em homenagem às divindades",
explicou Beaubrun.
Mesmo assim, ele disse ter
gostado da experiência. "Vou falar com outros haitianos para que também
venham. Porque sem vodu não existe vida para nós, o vodu é a nossa vida."
Candomblé Jeje
Caso tivessem visitado um
terreiro de candomblé Jeje, os três provavelmente se identificariam ainda mais
com as práticas.
Minoritária no candomblé
praticado no Brasil, essa linhagem foi trazida ao país principalmente por
africanos do antigo reino de Daomé (hoje território do Benim), também na costa
ocidental da África.
O humbono mejitó (sacerdote Jeje)
Pai Dansy, de Santo André (SP), diz que o candomblé Jeje e o vodu haitiano são
"praticamente o mesmo culto".
Segundo ele, as maiores
diferenças entre eles são os nomes das divindades – que, no Haiti, se alteraram
por influência da principal língua local, o creole.
No candomblé Jeje, aliás, as
divindades se chamam voduns, e não orixás.
A Visita foi organizada por
estudante de história da Universidade Federal de Rondônia
Ele afirmou que, nos próximos
meses, pretende visitar Porto Velho para procurar sacerdotes voduístas
haitianos e convidá-los a uma grande cerimônia em setembro no kwe (terreiro) de
Santo André. "Eles vão se sentir em casa", diz.
Caso os laços entre haitianos e
adeptos de religiões afro-brasileiras se estreitem, o historiador da
Universidade Federal de Rondônia (Unir) Marco Teixeira diz que os terreiros
podem recuperar um papel histórico.
O pesquisador diz que, durante a
escravidão, as religiões de matrizes africanas cumpriam o papel hoje exercido
no Brasil pelas igrejas evangélicas. "Elas eram o único ponto de
referência positivo que essa população recebia ao desembarcar no Brasil. O
terreiro oferecia lar, família, cuidado, tratamento e referência ao escravo."
Para ele, porém, os terreiros não
têm desempenhado essa função em relação aos haitianos.
No que depender de Pai Silvano, o
cenário vai mudar. "Podemos fazer um intercâmbio com eles. É um orgulho
para nós que eles interajam com a gente no terreiro, trazendo sua experiência,
seus conhecimentos e passando alguma coisa para nós", afirma.
"A porta está aberta para
todos."
O
artigo original poderá ser visto por meio desse link aqui:
ARTIGOS ACERCA DOS
HAITIANOS NOS BRASIL
Grande
Abraço e que Deus possa abençoar a todos.
Alexandros
Meimaridis
PS. Pedimos a todos os nossos leitores que puderem que “curtam” nossa
página no Facebook através do seguinte link:
Desde já agradecemos a todos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário