quinta-feira, 31 de março de 2016

JONATHAN EDWARDS: A AGONIA DE CRISTO — UM ESTUDO — PARTE 010 — APLICAÇÃO 001



O material abaixo é parte de um livro escrito por Jonathan Edwards que foi publicado em forma de e-book por:

Fonte: CCEL.org │ Título Original: “Christ’s Agony”
As citações bíblicas desta tradução são da versão ACRF (Almeida Corrigida Revisada Fiel).
Tradução por Camila Almeida │ Revisão William Teixeira
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A AGONIA DE CRISTO
Por Jonathan Edwards

Lucas 22:44

E, posto em agonia, orava mais intensamente; e o Seu suor tornou-se em grandes gotas de sangue que corriam até ao chão.

APLICAÇÃO

Grande proveito pode ser obtido a partir da consideração do grande clamor e lágrimas de Cristo, nos dias de Sua carne, de muitas maneiras para nosso benefício.

1. Isso pode nos ensinar de que maneira devemos orar a Deus, não de uma forma fria e descuidada, mas com grande seriedade e comprometimento de espírito, e especialmente quando estamos orando a Deus por coisas que são de infinita importância, tais como bênçãos espirituais e eternas. Tais foram os benefícios pelo que Cristo orou com tão grande clamor e lágrimas, para que pudesse estar habilitado a fazer a vontade de Deus nessa grande e difícil obra que Deus lhe havia ordenado, para que Ele não afundasse e falhas-se, mas tivesse a vitória, e assim, finalmente, ser liberto da morte, e para que a vontade e o propósito de Deus fossem obtidos como fruto de Seus sofrimentos, na glória de Deus e a salvação dos eleitos.

Quando comparecemos diante de Deus em oração com um coração frio, embotado, e de uma forma sem vida e apática, orar a Ele por bênçãos eternas, e de importância infinita para nossas almas, devemos pensar nas fervorosas orações de Cristo, que Ele derramou a Deus, com lágrimas e um suor sangrento. Quando pensamos nisso devemos nos envergonhar de nossas maçantes e inertes orações a Deus. Isso ocorre porque a linguagem que usamos nessa forma de orar a Deus, é que nós não olhamos para o benefício pelo que nós oramos como de qualquer grande importância, de modo que é indiferente se Deus nos responde ou não. O exemplo de Jacó em luta com Deus pela bênção deve nos ensinar a seriedade em nossas orações, mas, sobretudo, o exemplo de Jesus Cristo, que lutou com Deus em um suor sangrento. Se fôssemos sensíveis como Cristo era da grande importância desses benefícios que são de consequências eternas, nossas orações a Deus por tais benefícios seriam de outra maneira do que são agora. Nossas almas também estariam, em labor intenso e luta, empenhadas nesse dever.

Há muitos benefícios que pedimos a Deus em nossas orações, que são em cada detalhe, de tão grande importância para nós como aqueles benefícios que Cristo pediu a Deus em Sua agonia eram para ele. Isso é de tão grande importância para nós que estivéssemos habilitados a fazer a vontade de Deus, e realizássemos uma obediência sincera, universal e perseverante aos Seus mandamentos, como era para Cristo que Ele não deixasse de fazer a vontade de Deus em Sua grande obra. É de tão grande importância para nós que sejamos salvos da morte, como era para Cristo que Ele obtivesse a vitória sobre a morte, e assim fosse salvo dela. É grande e infinitamente maior a importância para nós, que a redenção de Cristo fosse bem sucedida para nós, como foi para Ele que a vontade de Deus fosse feita, nos frutos e sucesso de Sua redenção.

Cristo recomenda a intensa vigilância e devoção aos Seus discípulos, pela oração e exemplo, os dois ao mesmo tempo. Quando Cristo estava em Sua agonia, e veio e encontrou os discípulos dormindo, Ele lhes ordenou a vigiar e orar, Mateus 26:41: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na verdade, o espírito está pronto, mas a carne é fraca”. Ao mesmo tempo, Ele estabeleceu-lhes um exemplo do que Ele lhes ordenou, pois embora eles dormissem, Ele vigiava, e derramou a Sua alma nessas fervorosas orações sobre as quais você já ouviu; e Cristo em outros lugares nos ensinou a pedir essas bênçãos de Deus que são de importância infinita, como aqueles que não obterão nenhuma negação. Nós temos ainda outro exemplo dos grandes conflitos e comprometimento do espírito de Cristo nesse dever.

Lucas 6:12

E aconteceu que naqueles dias subiu ao monte a orar, e passou a noite em oração a Deus.

E Ele esteve muitas vezes recomendando intensidade em clamores a Deus em orações. Na parábola do juiz iníquo, em Lucas 18, no início:

E contou-lhes também uma parábola sobre o dever de orar sempre, e nunca desfalecer, Dizendo: Havia numa cidade um certo juiz, que nem a Deus temia, nem respeitava o homem. Havia também, naquela mesma cidade, uma certa viúva, que ia ter com ele, dizendo: Faze-me justiça contra o meu adversário. E por algum tempo não quis atendê-la; mas depois disse consigo: Ainda que não temo a Deus, nem respeito os homens, Todavia, como esta viúva me molesta, hei de fazer-lhe justiça, para que enfim não volte, e me importune muito. E disse o Senhor: Ouvi o que diz o injusto juiz.

Lucas 11:5, em diante:

Disse-lhes também: Qual de vós terá um amigo, e, se for procurá-lo à meia-noite, e lhe disser: Amigo, empresta-me três pães, Pois que um amigo meu chegou a minha casa, vindo de caminho, e não tenho que apresentar-lhe; Se ele, respondendo de dentro, disser: Não me importunes; já está a porta fechada, e os meus filhos estão comigo na cama; não posso levantar-me para tos dar; Digo-vos que, ainda que não se levante a dar-lhos, por ser Seu amigo, levantar-se-á, todavia, por causa da sua importunação, e lhe dará tudo o que houver mister.

Ele ensinou isso em Sua maneira de responder a oração, como na resposta à mulher de Canaã, 

Mateus 15:22, em diante:

E eis que uma mulher cananeia, que saíra daquelas cercanias, clamou, dizendo: Senhor, Filho de Davi, tem misericórdia de mim, que minha filha está miseravelmente endemoninhada. Mas Ele não lhe respondeu palavra. E os Seus discípulos, chegando ao pé dele, rogaram-lhe, dizendo: Despede-a, que vem gritando atrás de nós. E ele, respondendo, disse: Eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel. Então chegou ela, e adorou-o, dizendo: Senhor, socorre-me! Ele, porém, respondendo, disse: Não é bom pegar no pão dos filhos e deitá-lo aos cachorrinhos. E ela disse: Sim, Senhor, mas também os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos Seus senhores. Então respondeu Jesus, e disse-lhe: Ó mulher, grande é a tua fé! Seja isso feito para contigo como tu desejas. E desde aquela hora a Sua filha ficou sã.

E como Cristo orou em Sua agonia, como eu já mencionei vários textos da Escritura, assim somos direcionados a agonizar em nossas orações a Deus.

2. Estas orações intensas e fortes clamores de Cristo ao Pai em Sua agonia mostram a grandeza do Seu amor para com os pecadores. Pois, como foi mostrado, esses fortes clamores de Jesus Cristo foi o que Ele ofereceu a Deus como uma pessoa pública, na qualidade de sumo sacerdote, e em nome daqueles de quem era sacerdote. Quando Ele ofereceu Seu sacrifício pelos pecadores a quem Ele tinha amado desde a eternidade, ele, além disso, ofereceu orações fervorosas. Seus fortes clamores, Suas lágrimas e Seu sangue, foram todos oferecidos juntos a Deus, e eles foram todos oferecidos para o mesmo fim, para a glória de Deus na salvação dos eleitos. Eles foram todos oferecidos pelas mesmas pessoas, a saber, pelo Seu povo. Por eles, Ele derramou Seu sangue e suor sangrento, quando este caiu em pedaços coagulados ao chão; e por eles tão intensamente clamou a Deus ao mesmo tempo. Isto ocorreu para que a vontade de Deus fosse feita na eficácia de Seus sofrimentos, na eficácia de Seu sangue, na salvação daqueles por quem o sangue foi derramado, e, portanto, essa intensidade demonstra Seu forte amor; isso demonstra quão grandemente Ele desejava a salvação dos pecadores. Ele clamou a Deus para que Ele não afundasse e falhasse nesse grande empreendimento, porque se Ele fizesse isso, os pecadores não poderiam ser salvos, mas todos pereceriam. Ele orou para que Ele obtivesse a vitória sobre a morte, porque se Ele não conseguisse a vitória, o Seu povo nunca poderia obter a vitória, e eles não conquistariam nenhuma outra forma, a não ser por Sua conquista. Se o Capitão de nossa salvação não houvesse vencido neste doloroso conflito, nenhum de nós teria vencido, mas teríamos afundado com Ele. Ele clamou a Deus para que Ele fosse salvo da morte, e se Ele não tivesse sido salvo da morte em Sua ressurreição, nenhum de nós jamais seria salvo da morte. Foi uma grandiosa visão contemplar a Cristo no grande conflito em que estava em Sua agonia, mas tudo isso ocorreu a partir do amor, daquele forte amor que estava em Seu coração. Suas lágrimas que fluíam de Seus olhos eram de amor; Seu grande suor era de amor; o Seu sangue, Seu prostrar-se no chão diante do Pai, era de amor; Seu fervoroso clamor a Deus foi a partir da força e ardor de Seu amor. Isto foi considerado como a única e a forma principal na qual o verdadeiro amor e boa vontade são demonstrados em amigos Cristãos, um ao outro, que de todo coração orem uns pelos outros; e é um caminho que Cristo nos direciona para mostrar nosso amor aos nossos inimigos, inclusive orando por eles.

Mateus 5:44:

Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem.

Mas alguma vez já houve qualquer oração que manifestou o amor aos inimigos, a tal ponto, como os fortes clamores e lágrimas do Filho de Deus pela eficácia de Seu sangue para a salvação de Seus inimigos; a luta e conflito de cuja alma em oração foi tal a produzir a Sua agonia e Seu suor sangrento?

3. Se Cristo foi desta forma diligente em oração a Deus, para que o fim de Seus sofrimentos fosse obtido na salvação dos pecadores, então quanto mais aqueles pecadores deveriam ser condenados por não buscarem diligentemente a Sua própria salvação! Se Cristo ofereceu tais fortes clamores pelos pecadores como Seu sumo sacerdote, que comprou salvação a eles, Quem tem sido feliz desde toda a eternidade sem eles, e não poderia ser mais feliz por eles, então, quão grande é a insensatez daqueles pecadores que buscam a Sua própria salvação de uma forma tediosa e sem vigor; que se contentam com um atendimento formal aos deveres da religião, com Seus corações ao mesmo tempo muito mais intensamente estabelecidos após outras coisas! Eles depois de participar de um tipo de dever de oração pública, em que eles oram a Deus para que Ele tenha misericórdia deles e os salve; mas depois que miserável enfadonho caminho é o que eles o fazem! Eles não aplicam o Seu coração à sabedoria, nem inclinam os Seus ouvidos ao entendimento; eles não clamam pela sabedoria, nem levantam a Sua voz pela compreensão; eles não a buscam como a prata, nem o procuram como a tesouros escondidos. Os clamores intensos de Cristo em Sua agonia pode nos convencer de que não foi sem razão que Ele insistiu sobre isso, em Lucas 13:24; de forma que devemos nos esforçar para entrar pela porta estreita, que é, como já foi observado para você, no original ἀγωνίζεσθε — agonízesthe: “Agonize por entrar pela porta estreita”. Se os pecadores estivessem num caminho esperançoso para obter Sua salvação, eles deveriam agonizar sobre a grande preocupação da necessidade que têm de tomar uma cidade pela violência, como em —

Mateus 11:12

E, desde os dias de João o Batista até agora, se faz violência ao reino dos céus, e pela força se apoderam dele.

Quando um corpo de soldados resolutos está tentando tomar uma cidade forte que lhes oferece grande oposição, que conflitos violentos ocorrem ali antes que a cidade seja tomada! Como os soldados pressionam contra as próprias bocas dos canhões dos inimigos, e sobre as pontas de Suas espadas! Quando os soldados estão escalando os muros, e fazendo Sua primeira entrada na cidade, que luta violenta ocorre entre eles e Seus inimigos que se esforçam para mantê-los fora! Como eles, por assim dizer, agonizam com toda a Sua força! Assim nós devemos buscar a nossa salvação, quando nos encontramos num caminho semelhante para obtê-la. Quão grande é a loucura então daqueles que se contentam em buscar com um espírito em forma fria e sem vida, e assim continuam de mês a mês, e de ano em ano, e ainda assim se gabam de que eles serão bem sucedidos!

Quanto mais eles continuam a ser reprovados, quem não está em um caminho de buscar a Sua salvação em absoluto, mas completamente negligenciam Suas preciosas almas, e atendem os deveres da religião não mais do que é apenas necessário para manter Seu crédito entre os homens; e em vez de pressionar em direção ao reino de Deus, estão mui violentamente pressionando em direção à Sua própria destruição e ruína, estando apressados e sendo dirigidos por Suas muitas e fortes concupiscências, como a manada de porcos se apressados pela legião de demônios, correram violentamente para baixo de um despenhadeiro em direção mar, perecendo nas águas! Mateus 8:32.


CONTINUA...

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ESTUDO PARTE 001

JONATHAN EDWARDS — A AGONIA DE CRISTO — ALGUMAS CITAÇÕES DESSE ESTUDO PARTE 002

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JONATHAN EDWARDS — A AGONIA DE CRISTO — PARTE 011 — APLICAÇÃO 002

UMA BREVE BIOGRAFIA DE JONATHAN EDWARDS
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2016/08/jonathan-edwards-uma-breve-biografia.html

Que Deus abençoe a todos.

Alexandros Meimaridis

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