ESSA É UMA SÉRIE DE ESTUDOS QUE
VISA ABORDAR DA MANEIRA COMO CONSIDERAMOS APROPRIADA A IMPORTANTE QUESTÃO
RELATIVA À RESSURREIÇÃO DE CRISTO. TOMANDO COMO BASE AS OBRAS DE GEERHARDUS VOS
E HERMAN RIDDERBOS. NOSSA INTENÇÃO É MOSTRAR A CENTRALIDADE DA RESSURREIÇÃO DE
CRISTO NA TEOLOGIA PAULINA.
A RESSURREIÇÃO DE CRISTO NA
SOTERIOLOGIA DE PAULO
1 Coríntios 15:20—28
20 Mas, de fato, Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele
as primícias dos que dormem.
21 Visto que a morte
veio por um homem, também por um homem veio a ressurreição dos mortos.
22 Porque, assim como,
em Adão, todos morrem, assim também todos serão vivificados em Cristo.
23 Cada um, porém, por sua própria ordem: Cristo, as primícias;
depois, os que são de Cristo, na sua vinda.
24 E, então, virá o
fim, quando ele entregar o reino ao Deus e Pai, quando houver destruído todo
principado, bem como toda potestade e poder.
25 Porque convém que
ele reine até que haja posto todos os inimigos debaixo dos pés.
26 O último inimigo a
ser destruído é a morte.
27 Porque todas as
coisas sujeitou debaixo dos pés. E, quando diz que todas as coisas lhe estão
sujeitas, certamente, exclui aquele que tudo lhe subordinou.
28 Quando, porém, todas
as coisas lhe estiverem sujeitas, então, o próprio Filho também se sujeitará
àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos.
Cristo representa as primícias as
quais, por sua vez, possuem uma força que transcende o tempo. As mesmas servem
para trazer à luz a porção inicial da colheita, mas apenas como uma parte da
totalidade da mesma. O foco das mesmas está centrado nas ovelhas recém-nascidas
apenas com pertencentes ao todo do rebanho. As primícias manifestam a noção da conexão orgânica e da verdadeira
unidade que representam o fato que as mesmas são inseparáveis do todo. É esse
aspecto que, de modo especial, dá ao sacrifício das primícias seu significado.
Tais formas de representação e de
unidade orgânica encontra plena expressão em —
1 Coríntios 15:20
20 Mas, de fato, Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele
as primícias dos que dormem.
A expressão primícias não se refere exclusivamente a algum aspecto de
prioridade temporal como defende D. Dealing em seu artigo para o Theologica
Dictionary of The New Testament editado por Kitel e Friedrich. Pelo contrário,
o que essa expressão faz é apresentar a própria ressurreição de cristo como
sendo os primeiros frutos de uma colheita plena que está para acontecer. A
ressurreição de Jesus é uma parte de um processo bem mais amplo e abrangente. A
ressurreição de Cristo é representativa da ressurreição, especialmente de todos
os crentes — bem como de todos os seres humanos sem distinção. Desse modo, a
escolha do termo primícias é
deliberada da parte do apóstolo Paulo como uma forma clara de indicar que
existe uma conexão precisa entre as duas ressurreições — de Jesus e dos
crentes.
No contexto de 1 Coríntios 15 a tese do apóstolo Paulo contra seus oponentes
— que repudiavam a ressurreição do corpo — é que a ressurreição de Jesus traz
em si mesma a garantia da ressurreição, não apenas dos crentes, mas de todas as
pessoas. A ressurreição de Jesus não é apenas uma garantia, mas constitui-se em
uma promessa de continuidade, já que a mesma é apenas o início de um evento.
Para Paulo as duas ressurreições são dois episódios dum mesmo evento e não dois
eventos separados, ao mesmo tempo em que sustenta que os dois estão separados
no tempo.
Quando Paulo usa a expressão primícias ou primeiros frutos em outras
passagens ele mantém a ideia de conexão orgânica. Isso fica claro em sua
afirmação encontrada em —
Romanos 11:16
E, se forem santas as
primícias da massa, igualmente o será a sua totalidade; se for santa a raiz,
também os ramos o serão.
Ainda em outra passagem de
Romanos a mesma verdade é enfatizada —
Romanos 16:5b
Saudai meu querido
Epêneto, primícias da Ásia para Cristo.
Para Paulo, Epêneto, referido
como primícias representava os muitos
convertidos resultantes da pregação do Evangelho da Graça de Deus. O mesmo era
verdadeiro com relação a Estéfanas —
1 Coríntios 16:15
E agora, irmãos, eu vos
peço o seguinte (sabeis que a casa de Estéfanas são as primícias da Acaia e que
se consagraram ao serviço dos santos).
A ideia mais abrangente
representada pela expressão as primícias
do Espírito que encontramos em Romanos 8:23, será objeto da nossa atenção
mais adiante. Agora basta dizer que o privilégio desfrutado pelos crentes no
tempo presente — de serem habitados pelo Espírito Santo — é apenas um sinal do
que nos aguarda por termos sido adotados como filhos na família de Deus —
Romanos 8:15
Porque não recebestes o
espírito de escravidão, para viverdes, outra vez, atemorizados, mas recebestes
o espírito de adoção, baseados no qual clamamos: Aba, Pai.
Retornando agora ao texto de 1
Coríntios 15 — ver acima — não é difícil notarmos que o mesmo confirma o que
dissemos até aqui com reação às primícias. As ligações sintáticas entre a
ressurreição de Jesus e a nossa própria ressurreição são especialmente notáveis.
Notemos —
O verso 21 nos apresenta a razão
para a firmação que encontramos no verso 20. O verso 22, por sua vez serve para
arraigar o verso 21. Assim temos que: a ressurreição dos mortos por meio de um
homem — verso 21 — e a ressurreição de todas as pessoas por meio de Cristo —
verso 22 — explica, plenamente, o sentido da expressão primícias encontrada no
verso 20. Além disso, o verso 20 expressa a solidariedade que existe na ração
humana ao contrastar a pessoa de Cristo com a de Adão —
1 Coríntios 15: 45,
47—49
45 Pois assim está
escrito: O primeiro homem, Adão, foi feito alma vivente. O último Adão, porém,
é espírito vivificante.
46 Mas não é primeiro o
espiritual, e sim o natural; depois, o espiritual.
47 O primeiro homem,
formado da terra, é terreno; o segundo homem é do céu.
48 Como foi o primeiro
homem, o terreno, tais são também os demais homens terrenos; e, como é o homem
celestial, tais também os celestiais.
49 E, assim como
trouxemos a imagem do que é terreno, devemos trazer também a imagem do
celestial.
Ainda outra passagem elabora
sobre essas verdades relativas a questão da solidariedade que existe entre os
membros da raça humana —
Romanos 5:12—17
12 Portanto, assim como
por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também
a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram.
13 Porque até ao regime
da lei havia pecado no mundo, mas o pecado não é levado em conta quando não há
lei.
14 Entretanto, reinou a
morte desde Adão até Moisés, mesmo sobre aqueles que não pecaram à semelhança
da transgressão de Adão, o qual prefigurava aquele que havia de vir.
15 Todavia, não é assim
o dom gratuito como a ofensa; porque, se, pela ofensa de um só, morreram
muitos, muito mais a graça de Deus e o dom pela graça de um só homem, Jesus
Cristo, foram abundantes sobre muitos.
16 O dom, entretanto,
não é como no caso em que somente um pecou; porque o julgamento derivou de uma
só ofensa, para a condenação; mas a graça transcorre de muitas ofensas, para a
justificação.
17 Se, pela ofensa de
um e por meio de um só, reinou a morte, muito mais os que recebem a abundância
da graça e o dom da justiça reinarão em vida por meio de um só, a saber, Jesus
Cristo.
Retornando a 1 Coríntios 15
temos que: o verso 22b, de modo especial, confirma as ideias de solidariedade e
de conexão orgânica como indicadas no verso 20. Cristo é as primícias
daqueles que dormem, porque ele foi ressuscitado como o segundo
Adão. E nossa união com Cristo, pois estamos EM CRISTO, nos garante que nós
também seremos ressuscitados.
A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO — PARTE 001 — INTRODUÇÃO À HERMENÊUTICA.
A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO — PARTE 002 — PRINCÍPIOS METODOLÓGICOS — PARTE 001.
A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 003 — QUESTÕES METODOLÓGICAS — PARTE 002 — A RELAÇÃO ENTRE OS ATOS REDENTORES DE DEUS E A REVELAÇÃO DAS ESCRITURAS SAGRADAS
A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 004 — QUESTÕES METODOLÓGICAS — PARTE 003 — A RELAÇÃO ENTRE PAULO E SEUS INTÉRPRETES MODERNOS
A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 005 — QUESTÕES METODOLÓGICAS — PARTE 004 — PAULO, NÓS E A HISTÓRIA DA REDENÇÃO
A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 006 — QUESTÕES METODOLÓGICAS — PARTE 005 — PAULO E SEUS INTÉRPRETES — PARTE 01
A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 007 — QUESTÕES METODOLÓGICAS — PARTE 006 — PAULO E SEUS INTÉRPRETES — PARTE 002
A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 008 — QUESTÕES METODOLÓGICAS — PARTE 007 — PAULO E SEUS INTÉRPRETES — PARTE 003 — FINAL
A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 009 — O TEMA CENTRAL E SUA ESTRUTURA BÁSICA — PARTE 001 — CRISTO, AS PRIMÍCIAS — PARTE 001
A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 010 — O TEMA CENTRAL E SUA ESTRUTURA BÁSICA — PARTE 002 — CRISTO É AS PRIMÍCIAS E OS CRENTES SÃO A COLHEITA PLENA — PARTE 002
A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 011 — O TEMA CENTRAL E SUA ESTRUTURA BÁSICA — PARTE 003 — CRISTO É O PRIMOGÊNITO DENTRE OS MORTOS — PARTE 003
A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 012 — O TEMA CENTRAL E SUA ESTRUTURA BÁSICA — PARTE 004 — A RESSURREIÇÃO DE CRISTO E A RESSURREIÇÃO DOS CRENTES SÃO EPISÓDIOS DE UM ÚNICO EVENTO
A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 013 — A RESSURREIÇÃO DE CRISTO E A RESSURREIÇÃO PASSADA DOS CRENTES — PARTE 001
A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 014 — A RESSURREIÇÃO DE CRISTO E A RESSURREIÇÃO PASSADA DOS CRENTES — PARTE 002
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2017/01/a-ressurreicao-de-cristo-dentre-os.html
A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO — PARTE 015 — A RESSURREIÇÃO DE CRISTO E A RESSURREIÇÃO PASSADA DOS CRENTES — PARTE 003
Que Deus Abençoe a Todos.
Alexandros Meimaridis
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Desde já agradecemos a todos.
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