Essa é uma série na qual pretendemos,
dentro do possível, discutir alguns dos mais insidiosos pecados que ameaçam
nossas almas. Trata-se de ações ou reações que caracterizam um coração perverso
diante de Deus, algo com o que muitos personagens bíblicos tiveram que lutar,
mas que pela graça de Deus conseguiram vencer. Nós também, como seres humanos
iguais a eles estamos sujeitos a enfrentar esses mesmos pecados e temos que
entender como essas situações funcionam, para poder lançar mão da graça de Deus
e vencer as mesmas. A OITAVA questão que devemos analisar é:
8. A Apatia e o Desânimo
CONTINUAÇÃO
Outra passagem importante nesse
contexto é —
Mateus 11:28—30
28 Vinde a mim, todos os que
estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei.
29 Tomai sobre vós o meu jugo e
aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso
para a vossa alma.
30 Porque o meu jugo é suave, e o
meu fardo é leve.
Mateus é o único dos três
evangelistas sinóticos a apresentar esses versículos. Mas antes de fazer Seu
convite, Jesus se apresenta como o único que pode revelar o pai, o Deus ETERNO
— ver Mateus 11:27. Jesus também é o único que pode oferecer alívio para os
cansados e sobrecarregados e não os sábios e os instruídos — ver Mateus 11:25.
Mas é importante dizer, que o Filho não revela o Pai para satisfazer a
curiosidade dos cultos e entendidos, nem para reforçar a autossuficiência dos
arrogantes, mas para fazer com que os “pequeninos” venham a conhecer o Pai —
versos 25 e 27 — e também para poder oferecer ao cansado e sobrecarregado o
descanso escatológico — final e eterno — conforme o verso 28.
Essa atividade de Jesus já
havia sido profetizada pelo anjo, quando falou com José ainda antes do
nascimento de Jesus dizendo que aquele menino viria para “salvar o povo dos
seus pecados —
Mateus 1:21
Ela dará à luz um filho e lhe
porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles.
Diversos autores, com base
nesse convite feito por Jesus e por algumas ligações superficiais, identificam
o Senhor Jesus com as palavras que encontramos em –
Eclesiástico 51:31—35
31 Aproximai-vos de mim, ó
ignorantes, e reuni-vos na casa da instrução
32 Por que ainda tardais nestas
coisas, enquanto vossas almas sentem tanta sede?
33 Por isso abri minha boca e
falei: “Vinde comprá-la sem dinheiro
34 e submetei vosso pescoço ao
seu jugo; receba vossa alma a instrução, pois aí está a oportunidade de
encontrá-la.
35 Vede com vossos olhos que eu
pouco trabalhei, e no entanto encontrei grande repouso.
onde a sabedoria convida os seres humanos a receberem seu
jugo, exatamente como Cristo faz aqui.
Todavia, os contrastes entre
Eclesiástico 51 e a passagem de Mateus são bem mais evidentes que as
similaridades.
No verso 31, Siraque está
apenas convidando os seres humanos a tomarem o seu respectivo jugo de ter que
estudar a Torá — ensinamento ou lei — como um meio de conseguirem o descanso e
serem também aceitos por Deus.
Já na passagem de Mateus, Jesus
não oferece nenhum tipo de descanso temporário, mas sim o descanso escatológico
eterno e definitivo, e isso, não para os que se esfalfam estudando a Torá e sim
para todos aqueles que se encontram cansados e sobrecarregados pelo reconhecimento
de que é impossível levar o fardo representado pela Lei de Moisés. Isso fica
bem claro quando lemos os versículos de Mateus 12, onde encontramos o bem-vindo
alívio à terrível compreensão legalista do Antigo Testamento —
Mateus 12:1—14
1
Por aquele tempo, em dia de sábado, passou Jesus pelas searas. Ora,
estando os seus discípulos com fome, entraram a colher espigas e a comer.
2
Os fariseus, porém, vendo isso, disseram-lhe: Eis que os teus discípulos
fazem o que não é lícito fazer em dia de sábado.
3
Mas Jesus lhes disse: Não lestes o que fez Davi quando ele e seus
companheiros tiveram fome?
4
Como entrou na Casa de Deus, e comeram os pães da proposição, os quais
não lhes era lícito comer, nem a ele nem aos que com ele estavam, mas
exclusivamente aos sacerdotes?
5
Ou não lestes na Lei que, aos sábados, os sacerdotes no templo violam o
sábado e ficam sem culpa? Pois eu vos digo:
6
aqui está quem é maior que o templo.
7
Mas, se vós soubésseis o que significa: Misericórdia quero e não
holocaustos, não teríeis condenado inocentes.
8
Porque o Filho do Homem é senhor do sábado.
9
Tendo Jesus partido dali, entrou na sinagoga deles.
10 Achava-se ali um homem que
tinha uma das mãos ressequida; e eles, então, com o intuito de acusá-lo, perguntaram
a Jesus: É lícito curar no sábado?
11 Ao que lhes respondeu: Qual
dentre vós será o homem que, tendo uma ovelha, e, num sábado, esta cair numa
cova, não fará todo o esforço, tirando-a dali?
12 Ora, quanto mais vale um homem
que uma ovelha? Logo, é lícito, nos sábados, fazer o bem.
13 Então, disse ao homem: Estende
a mão. Estendeu-a, e ela ficou sã como a outra.
14 Retirando-se, porém, os
fariseus, conspiravam contra ele, sobre como lhe tirariam a vida.
A expressão “mim” encontrada em
Mateus 11:28, do ponto de vista gramatical não apresenta nenhuma ênfase, mas
quando olhamos para a mesma a partir do rastro do verso 27, ela torna-se
extremamente importante. Por quê? Porque aqui temos o próprio Senhor Jesus
Cristo convidando o cansado — o particípio grego sugere todos aqueles que
ficaram cansados por causa da luta, da labuta pesada do dia a dia. Já a expressão “sobrecarregados” indica o
cansaço passivo de alguém que se sente sobrecarregado como uma animal de carga.
Independentemente da situação
de cansaço, Jesus convida todos a se aproximarem dele e o próprio Jesus — não o
Pai — promete lhes conceder o descanso que almejam e necessitam.
Aqui, certamente temos um eco
daquilo que lemos em —
Jeremias 31.25
Porque satisfiz à alma cansada, e
saciei a toda alma desfalecida.
Essa promessa de Jeremias seria
cumprida por meio da Nova Aliança que seria celebrada entre Jesus e os
discípulos durante a celebração da Santa Ceia, poucas horas antes de Jesus ser
feito prisioneiro. Apesar de não termos nenhuma necessidade de restringir a
expressão “jugo” e não podemos ignorar, em nenhuma hipótese, as palavras de
Jesus que encontramos em —
Mateus 23:4
Atam fardos pesados e difíceis de
carregar e os põem sobre os ombros dos homens; entretanto, eles mesmos nem com
o dedo querem movê-los.
O descanso mencionado —
conforme o uso cognato que encontramos em Hebreus 3—4 — é escatológico, de
acordo com —
Apocalipse 6:11
Então, a cada um deles foi dada
uma vestidura branca, e lhes disseram que repousassem ainda por pouco tempo,
até que também se completasse o número dos seus conservos e seus irmãos que iam
ser mortos como igualmente eles foram.
Apocalipse 14:13
Então, ouvi uma voz do céu,
dizendo: Escreve: Bem-aventurados os mortos que, desde agora, morrem no Senhor.
Sim, diz o Espírito, para que descansem das suas fadigas, pois as suas obras os
acompanham.
Em Mateus 11:29—30 temos a
expressão “jugo” — v. 29 — que é uma canga colocada sobre animais para puxar
cargas pesadas, e serve como uma metáfora para a disciplina do discipulado.
Embora Jesus não esteja oferecendo essas coisas, nem por meio da adoção da lei
mosaica e muito menos pela libertação de todas as restrições. Como crentes não
temos obrigações com a Lei de Moisés, mas temos obrigações com a lei de Cristo
que é representada, em sua essência, pelo amor.
Desse modo temos que o jugo de
Jesus está diretamente relacionado com o verdadeiro discipulado cristão. Quando
Jesus diz — aprendei de mim, conforme Mateus 11:27 — ele não está dizendo para
os cristãos imitá-lo, ou para que aprendam da Sua própria experiência. O que
Ele está dizendo é que Seus discípulos têm a responsabilidade de aprenderem por
meio da revelação que apenas Jesus pode conceder, porque recebeu a mesma do
Pai.
A característica maravilhosa
desse convite de Jesus, tem sua base na Sua autoridade extraordinária — Mateus
11:27 — por meio da qual somos encorajados, mesmo estando sobrecarregados, a ir
até Ele porque Jesus é manso e humilde de coração. Mateus enfatiza a mansidão
de Jesus em diversas passagens, tais como —
Mateus 18:1—10
1 Naquela hora, aproximaram-se de
Jesus os discípulos, perguntando: Quem é, porventura, o maior no reino dos
céus?
2 E Jesus, chamando uma criança,
colocou-a no meio deles.
3 E disse: Em verdade vos digo
que, se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum
entrareis no reino dos céus.
4 Portanto, aquele que se
humilhar como esta criança, esse é o maior no reino dos céus.
5 E quem receber uma criança, tal
como esta, em meu nome, a mim me recebe.
6 Qualquer, porém, que fizer
tropeçar a um destes pequeninos que creem em mim, melhor lhe fora que se lhe
pendurasse ao pescoço uma grande pedra de moinho, e fosse afogado na profundeza
do mar.
7 Ai do mundo, por causa dos
escândalos; porque é inevitável que venham escândalos, mas ai do homem pelo
qual vem o escândalo!
8 Portanto, se a tua mão ou o teu
pé te faz tropeçar, corta-o e lança-o fora de ti; melhor é entrares na vida
manco ou aleijado do que, tendo duas mãos ou dois pés, seres lançado no fogo
eterno.
9 Se um dos teus olhos te faz
tropeçar, arranca-o e lança-o fora de ti; melhor é entrares na vida com um só
dos teus olhos do que, tendo dois, seres lançado no inferno de fogo.
10 Vede, não desprezeis a
qualquer destes pequeninos; porque eu vos afirmo que os seus anjos nos céus veem
incessantemente a face de meu Pai celeste.
Mateus 19:13—15
13 Trouxeram-lhe, então, algumas
crianças, para que lhes impusesse as mãos e orasse; mas os discípulos os
repreendiam.
14 Jesus, porém, disse: Deixai os
pequeninos, não os embaraceis de vir a mim, porque dos tais é o reino dos céus.
15 E, tendo-lhes imposto as mãos,
retirou-se dali.
Toda essa linguagem de Jesus
acerca das crianças e de como ele se relacionava com elas e da advertência que
nos faz, certamente estão relacionadas com a linguagem acerca do servo
messiânico que encontramos em passagens tais como —
Isaías 42:2—3
2 Não clamará, nem gritará, nem
fará ouvir a sua voz na praça.
3 Não esmagará a cana quebrada,
nem apagará a torcida que fumega; em verdade, promulgará o direito.
Isaías 53:1—2
1 Quem creu em nossa pregação? E
a quem foi revelado o braço do SENHOR?
2 Porque foi subindo como renovo
perante ele e como raiz de uma terra seca; não tinha aparência nem formosura;
olhamo-lo, mas nenhuma beleza havia que nos agradasse.
Zacarias 9:9
Alegra-te muito, ó filha de Sião;
exulta, ó filha de Jerusalém: eis aí te vem o teu Rei, justo e salvador,
humilde, montado em jumento, num jumentinho, cria de jumenta.
Essa passagem é citada em
Mateus 21:5 e retorna em Mateus 12:15—21.
Jesus é o único que tem
autoridade para revelar o Pai e ele faz isso aproximando-se de nós com a maior
mansidão possível. Verdadeira mansidão de um servo obediente ao Pai e Senhor.
Em nossos dias seu reinado messiânico não deve ser entendido como algo que é
exclusivamente real e pertinente apenas ao nosso tempo. O reino messiânico de
Jesus se estende a cada dia mais para cobrir todo o Universo, até que o Pai
coloque todos os seus inimigos por estrado de Seus pés —
Salmos 110:1
Disse o SENHOR ao meu senhor:
Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus
pés.
E seu reino não terá fim —
Daniel 7:13—14
13 Eu estava olhando nas minhas
visões da noite, e eis que vinha com as nuvens do céu um como o Filho do Homem,
e dirigiu-se ao Ancião de Dias, e o fizeram chegar até ele.
14 Foi-lhe dado domínio, e
glória, e o reino, para que os povos, nações e homens de todas as línguas o
servissem; o seu domínio é domínio eterno, que não passará, e o seu reino
jamais será destruído.
Lucas 1:33
Ele reinará para sempre sobre a
casa de Jacó, e o seu reinado não terá fim.
E é esse reino que foi tirado
do povo judeu e dado ao novo povo de Deus, a Igreja, conforme a promessa de
Jesus em —
Lucas 20:13—19
13 Então, disse o dono da vinha:
Que farei? Enviarei o meu filho amado; talvez o respeitem.
14 Vendo-o, porém, os lavradores,
arrazoavam entre si, dizendo: Este é o herdeiro; matemo-lo, para que a herança
venha a ser nossa.
15 E, lançando-o fora da vinha, o
mataram. Que lhes fará, pois, o dono da vinha?
16 Virá, exterminará aqueles
lavradores e passará a vinha a outros. Ao ouvirem isto, disseram: Tal não
aconteça!
17 Mas Jesus, fitando-os, disse:
Que quer dizer, pois, o que está escrito: A pedra que os construtores
rejeitaram, esta veio a ser a principal pedra, angular?
18 Todo o que cair sobre esta
pedra ficará em pedaços; e aquele sobre quem ela cair ficará reduzido a pó.
19 Naquela mesma hora, os
escribas e os principais sacerdotes procuravam lançar-lhe as mãos, pois
perceberam que, em referência a eles, dissera essa parábola; mas temiam o povo.
A respeito da expressão
“descanso”, as palavras que encontramos em Mateus 11:28 são, na realidade uma
citação direta daquelas que encontramos em
Jeremias 6:16
Assim diz o SENHOR: Ponde-vos à
margem no caminho e vede, perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom
caminho; andai por ele e achareis descanso para a vossa alma; mas eles dizem:
Não andaremos.
O motivo porque a vasta maioria
das pessoas se recusa a ouvir a Palavra de Deus é bem simples. Eles não gostam
da Palavra de Deus, conforme podemos ler em —
Jeremias 6:10 —
A quem falarei e testemunharei,
para que ouçam? Eis que os seus ouvidos estão incircuncisos e não podem ouvir;
eis que a palavra do SENHOR é para eles coisa vergonhosa; não gostam dela.
Adicione-se a isso o fato que
todas as Escrituras dizem respeito a um personagem central, que é o Senhor
Jesus Cristo —
João 5:39 —
Examinais as Escrituras, porque
julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim.
Além de não desejarem ouvir a
Palavra de Deus, a maioria das pessoas também se recusa a aceitar tomar sobre
si mesmas, o jugo de Cristo. Mas o ζυγός — zugós — jugo de Cristo é χρηστὸς — chrestòs — suave, bem confortável. A
expressão grega ainda significa: gentil, agradável — como oposto a difícil,
duro, rígido, amargo. Por outro lado, para completar a ideia, o φορτίον — fortíon — fardo de Cristo é leve.
Ainda assim, o coração empedernido dos seres humanos resiste a tão amável
convite, porque prefere manter pleno domínio sobre suas vidas, mesmo que essas
vidas sejam muito miseráveis e cheias de sofrimentos sem fim.
Como mencionamos antes, o
descanso que Cristo promete, não é apenas para a vida futura, na eternidade,
mas também para ser desfrutado agora, nesse mundo. O contraste que existe entre
o jugo e o fardo de Jesus, e aqueles de outras pessoas, não se refere a algum
tipo de embate entre antinomianismo — falsa doutrina que alega que os cristãos
são completamente livres da obediência que devem às leis civis e
constitucionais nos países onde habitam — e o legalismo. Isso é impossível,
porque num sentido mais profundo, as leis de Jesus apresentam exigências
maiores e mais radicais do que aquelas que podemos encontrar em qualquer outro
sistema. Como exemplo podemos citar os mandamentos que tratam do amor que devemos
nutrir com relação a nossos inimigos, a não resistência e as leis do divórcio.
Tal contraste também não é
entre a salvação pela lei e a salvação pela graça uma vez que, como diz o
apóstolo Paulo —
Gálatas 2:16
Sabendo, contudo, que o homem não
é justificado por obras da lei, e sim mediante a fé em Cristo Jesus, também
temos crido em Cristo Jesus, para que fôssemos justificados pela fé em Cristo e
não por obras da lei, pois, por obras da lei, ninguém será justificado.
Também não é entre as duras
disputas ocorridas entre mestres judeus na Lei de Moisés e a abordagem humana e
humilde de Jesus. Pelo contrário, o contraste que temos diante de nós é entre o
fardo da submissão representado pelo Antigo Testamento e a tradição oral dos
anciãos, em termos da regulamentação farisaica com suas regras para cada mínimo
aspecto da vida dos indivíduos e a verdadeira libertação de se colocar sob a
tutela de Jesus, que é também o manso revelador, para quem o Antigo Testamento,
realmente aponta.
Para encerrar esse tópico que trata
da apatia e do desânimo, devemos olhar também as palavras que encontramos
vindas da parte de Deus, que nos advertem contra a tendência, tão humana de,
muitas vezes ou sempre, querer desistir de viver a vida cristã conforme —
Hebreus 10:35—39
35 Não abandoneis, portanto, a
vossa confiança; ela tem grande galardão.
36 Com efeito, tendes necessidade
de perseverança, para que, havendo feito a vontade de Deus, alcanceis a
promessa.
37 Porque, ainda dentro de pouco
tempo, aquele que vem virá e não tardará;
38 todavia, o meu justo viverá
pela fé; e: Se retroceder, nele não se compraz a minha alma.
39 Nós, porém, não somos dos que
retrocedem para a perdição; somos, entretanto, da fé, para a conservação da
alma.
Para o autor da Epístola aos
Hebreus, depois de terem suportado severas aflições e grandes perdas por amor
ao Senhor Jesus Cristo, abandonar a
confiança que tinham, como se fosse algo desprezível, não faria o menor
sentido. De todas as formas de deserção que um cristão pode praticar, a
apostasia[1]
é, sem dúvida nenhuma, a menos razoável de todas. Dizemos isso, por causa do
seu significado original que indica voltar as costas — no sentido de abandonar
— aquele a quem uma vez professamos — Jesus Cristo — diante de homens e
mulheres, como sendo nossa única fonte e fundamento de toda nossa confiança, e
por meio do sangue de quem nos foi garantido livre acesso, em plena certeza de
fé, até a presença de Deus no santuário celestial conforme lemos em Hebreus
10:19—23.
Movidos pelo desencorajamento
representado pelos perigos e dificuldades do deserto, os ancestrais desses a
quem a Epístola aos Hebreus foi enviada, foram tomados de um espírito de
apostasia tão grande, que chegaram a se questionar dizendo —
Números 14:3
E por que nos traz o SENHOR a
esta terra, para cairmos à espada e para que nossas mulheres e nossas crianças
sejam por presa? Não nos seria melhor voltarmos para o Egito?
De modo semelhante esses
cristãos do primeiro século coriam o risco de seguir o mau exemplo de seus
ancestrais — Hebreus 3:12 — abandonado o Deus que os criou e desprezando a
Rocha da sua salvação — Deuteronômio 32:15. Agindo desse modo eles estariam
dando uma prova cabal de que estavam mesmo abandonando
a confiança que tinham no Senhor. Além disso, eles estariam retornado para
a temporalidade dos bens materiais, os quais eles havia professado “lançar fora”. Isso seria um verdadeiro
desastre conforme lemos em —
Hebreus 6:11—12
11 Desejamos, porém, continue
cada um de vós mostrando, até ao fim, a mesma diligência para a plena certeza
da esperança;
12 para que não vos torneis
indolentes, mas imitadores daqueles que, pela fé e pela longanimidade, herdam
as promessas.
Os cristãos são relembrados do
fato que a confiança deles tem grande
galardão —
Hebreus 10:35. Desse modo, abandonar nossa confiança no Senhor por causa da
intensidade da batalha, equivale a também abandonar nossa grande recompensa.
Essa recompensa ou galardão, de glória incomparável, aguarda a todos que
permanecerem fiéis até o final —
Romanos 8:18
Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos
do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós.
Pedro se refere a nossa herança
como algo incorruptível, sem mácula e imarcescível — que nunca murcha —
1 Pedro 1:3—4
3 Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus
Cristo, que, segundo a sua muita misericórdia, nos regenerou para uma viva
esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos,
4 para uma herança incorruptível, sem mácula,
imarcescível, reservada nos céus para vós outros.
A mesma também é referida como
uma coroa de justiça com a qual o próprio Senhor irá coroar todos os que amam
sua vinda —
2 Timóteo 4:8
Já agora a coroa da justiça me está guardada, a
qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também
a todos quantos amam a sua vinda.
A relação da presente
peregrinação com a recompensa futura é paralela a relação da fé com a esperança
conforme —
Hebreus 10:37—38
37 Porque, ainda dentro de pouco tempo, aquele que
vem virá e não tardará;
38 todavia, o meu justo viverá pela fé; e: Se
retroceder, nele não se compraz a minha alma.
O capítulo 11 de Hebreus alarga
o horizonte dessa mesma verdade — fé e esperança — até onde é possível. A
grande recompensa prometida serve como um incentivo gigantesco para a
perseverança, mas a mesma — a recompensa — está longe de ser o prêmio atribuído
a qualquer mérito humano, como se os seres humanos fossem capazes de
estabelecer qualquer tipo de merecimento diante da pessoa de Deus. A confiança
que nos coroa não tem nada a ver com autoconfiança, isto é, a confiança que uma
pessoa pode ter em si mesma e em seu próprio valor. Muito pelo contrário,
estamos falando da confiança que alguém tem em Deus e que é a perfeita antítese
do mérito humano e da autoconfiança. O sangue de Jesus, oferecido em sacrifício
a nosso favor representa a substância da nossa confiança —
Hebreus 10:19—20
19 Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no
Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus,
20 pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou
pelo véu, isto é, pela sua carne.
O único mérito no qual o crente
confia é o mérito de Cristo.
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Que Deus nos abençoe a
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Desde já agradecemos a todos.
[1] A expressão grega ἀποστασία
— apostasía — é
equivalente a divórcio, repúdio ou carta de divórcio.
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