Este estudo é parte de uma Análise do Livro do
Gênesis. Nosso interesse é ajudar todos os leitores a apreciarem a rica herança
que temos nas páginas da História Primeva da Humanidade. No final de cada
estudo o leitor encontrará direções para outras partes desse estudo
O Livro do Gênesis
O Princípio de Todas as Coisas
בְּרֵאשִׁית בָּרָא אֱלֹהִים אֵת הַשָּׁמַיִם וְאֵת הָאָרֶץ
Eretz ha
ve-et Hashamaim et
Elohim Bará Bereshit
Terra a
e céus os
Deus criou princípio No
Gênesis 1:1
VI. Gênesis 2.
O Capítulo 2 do livro do Gênesis — na verdade os
versículos 4—25 — apresenta um retrato da criação que complementa aquele que
vimos no capítulo 1. Naquele capítulo nós encontramos uma descrição bastante
geral da criação dos céus e da terra e de tudo o que há no universo. No
capítulo 2 nós vamos encontrar certos aspectos da criação desenvolvidos com
mais vagar. Nele encontramos uma descrição da localização geográfica do Jardim
do Éden onde dois rios, que existem até os dias de hoje, são mencionados — os
rios Eufrates e Tigre — ver Gênesis 2:14.
Mesopotâmia
O segundo capítulo do livro do Gênesis começa —
verso 4 — com a expressão hebraica תוֹלְדוֹת — toledot —
gênese dos céus e da terra. Esta expressão hebraica descreve realmente o início
do curso da história dos céus e da terra. Em outras passagens esta expressão
descreve a história de uma pessoa — ver Gênesis 5:1 e 6:9 como exemplos.
Macho e Fêmea
A criação do homem — macho e fêmea — é o clímax do
capítulo 1, mas neste capítulo esta mesma criação ocupa o centro das atenções.
O amor e cuidado de Deus para com suas criaturas especiais é manifesto na forma
como Deus plantou o Jardim do Éden. Deus preparou todo o resto da criação para
ser o habitat natural do homem. Foi o próprio fôlego de Deus que trouxe vida ao
homem que havia sido moldado do pó da terra אדָמָה — adamah —
ver Gênesis 2:7. A expressão hebraica אָדָם — adam —
significa literalmente “vermelho” e, como pode ser facilmente constatado, a
mesma é derivada da palavra terra. No sentido mais amplo a palavra אָדָם — adam significa homem como criado por Deus — macho e
fêmea. O relacionamento entre Deus e o primeiro homem — macho e fêmea — era de
grande intimidade. Nossos primeiros pais estavam completamente cercados pelo
amor de Deus. Nada havia, como já vimos que pudesse desviar suas mentes para o
que não fosse puro, santo e elevado.
Ainda assim, até nessa ocasião a ordem divina é
clara: “não comerás — verso 17”. Aqui podemos notar a sutil possibilidade de
desobediência e quebra de relacionamento.
Em resumo, os dois primeiros capítulos do livro do
Gênesis apresentam os personagens principais do drama da redenção que
encontramos na Bíblia: Deus e o homem ou a humanidade representada no primeiro
homem criado como macho e fêmea. Gênesis 1 e 2 servem, então, como uma
verdadeira introdução ao relacionamento entre Deus e a humanidade. Eles também
nos revelam muito do caráter de Deus e da natureza do universo. Os primeiros
capítulos de Gênesis partem da premissa esposada pelo monoteísmo — vamos falar um pouco mais acerca disto em seguida — e
da natureza soberana e onipotente de Deus. Outro fato que precisamos destacar
aqui é que toda a criação feita por Deus recebeu Seu selo de aprovação e foi
estampada como algo sendo טוֹב — tob —
bom. De fato a última avaliação de Deus acerca de tudo o que foi criado foi de
que era tudo טוֹב מְאֹד — tob meod —
muito bom! — ver Gênesis 1:31. Estes dois primeiros capítulos da Bíblia acabam
também por nos preparar para o que vai acontecer em seguida. O primeiro homem —
Adão e Eva — não tinha pecado e seu caráter bem assim o seu corpo, não estava
contaminado pelas manchas da doença e da morte. Ele estava completamente livre
de toda e qualquer dor e sofrimento. Gozava também de livre e ilimitado acesso
à maravilhosa presença de Deus. Mas tudo isto iria mudar em breve.
A. O Monoteísmo.
Quando a literatura cuneiforme, originária da
mesopotâmia e a literatura hieroglífica, originária do Egito começaram a ser
traduzidas as mesmas revelaram a existência de um enorme número de deuses e
deusas, demônios e outros tipos de seres espirituais que pareciam estar em uma
guerra permanente uns com os outros, e eram extremamente poderosos, destrutivos
e malvados. Mas à medida que tabletes e mais tabletes, cada vez mais antigos
foram sendo escavados, este quadro mudou completamente. O quadro que havia
surgido no início e que indicava um politeísmo grosso e canhestro começou a ser
substituído por outro que indicava uma corte celestial organizada em uma rígida
hierarquia com um ser supremo
reinando sobre tudo e todos! Um dos primeiros estudiosos dos escritos
cuneiformes a reconhecer este fato foi o Professor Stephen Langdon[1]
da Universidade de Oxford, na Inglaterra. Quando o Dr. Langdon expôs suas
idéias, em 1931, ele o fez com a profunda convicção de que muito poucos iriam
acreditar nele. Ele diz:
“É possível que eu falhe na convicção da minha conclusão de que tanto as religiões dos Sumérios quanto as dos semitas tiveram fases politeístas precedidas por fases monoteístas. A evidência e as razões para esta minha conclusão, tão contrárias à crença generalizada destes dias, foi cuidadosamente elaborada e apresentada exatamente em função do grande criticismo a mim dirigido. Mesmo assim, é minha esperança que minhas conclusões sejam fruto de verdadeiro conhecimento e não de algum tipo de percepção audaciosa.[2]”
Como o professor Langdon assumia de que a
Civilização Suméria representava a mais antiga civilização da história, ele
escreve:
“É
minha opinião que a história da civilização mais antiga da humanidade, os
Sumérios, sofreu um rápido declínio, saindo dum monoteísmo para um politeísmo
extremado e uma crença em uma multiplicidade de espíritos malignos que se
disseminou grandemente[3]”.
Cinco anos mais tarde, em 1936, em artigo publicado
no jornal “The Scotsman”, o Dr. Langdon escreveu:
“A história da religião
dos Sumérios, que teve a mais poderosa influência entre todos os povos da antiguidade,
pode ser reconstruída, através de inscrições pictográficas, praticamente aos
primórdios dos conceitos religiosos desenvolvidos pelos seres humanos. A
evidência aponta, de maneira inescapável, para um monoteísmo original. Da mesma
maneira, todas as inscrições bem como toda a literatura antiga existente dos
povos semíticos mais antigos, também apontam para um monoteísmo primitivo.
Todas as interpretações de que a religião monoteísta dos semitas hebreus teria
surgido de derivações politeístas encontra-se, atualmente, completamente
desacreditada[4].”
Isto em 1936.
Hoje, em pleno século 21, temos mais informações
acerca destes fatos do que aquelas que estavam disponíveis ao professor
Langdon. Sabemos, por exemplo, que nos tempos mais remotos, nos escritos mais
antigos dos Sumérios, c. 3500 a.C, existia a crença em apenas duas divindades:
o deus céu chamado de An e a deusa mãe chamada de Innina. Quinhentos anos mais
tarde, c. 3000 a.C, já existia a crença em 3 divindades: o deus céu chamado de
Enlil, a deusa terra chamada de Enki e o deus sol chamado de Babbar. Mil anos depois,
c. 2500 a.C. as divindades já haviam evoluído para cerca de 750! Pouco antes
dos Sumérios serem engolfados pelos Babilônios, c. 1850 a.C. as divindades
adoradas já alcançavam o estonteante número de 5.000 — haja divindades! Desta
maneira podemos notar que a premissa básica do Dr. Langdon, apesar de não estar
100% correta apontava, de maneira apropriada, na direção certa. Baseados nos
registros disponíveis hoje começamos com duas divindades, c. 3500 a.C. e
atingimos 5.000 divindades em c. 1850 a.C. Prova mais contundente da decadência
humana não pode existir.
CONTINUA...
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http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2017/02/genesis-estudo-045-tabua-das-nacoes.html
Que
Deus abençoe a todos.
Alexandros Meimaridis
PS. Pedimos a todos os nossos leitores que puderem
que “curtam” nossa página no Facebook através do seguinte link:
Desde já agradecemos a todos.
[1] Não nos passou despercebido o
fato do autor do romance “O Código DaVinci”, Dan Brown, chamar seu personagem
principal de Robert Langdon, professor na universidade de Harvard. Isto
certamente foi proposital e deve ter visado criar uma zombaria em cima do
verdadeiro Langdon, o inglês, que foi ferrenho defensor da idéia de que o ser
humano migrou de um monoteísmo original para um politeísmo tardio em completa
oposição ao Langdon de Dan Brown, que propugna a adoração da “mãe natureza”, o
que não passa de uma forma de panteísmo — doutrina segundo a qual só o mundo é
real, sendo Deus a soma de tudo quanto existe.
[2] Langdon, Stephen H. Semitic Mythology, Mythology of All Races,
Volume V. Archeological Institute, Oxford, 1931.
[3] Idem.
[4] Langdon, Stephen H. The Scotsman. Edinburgh, November 18,
1936.
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