Este estudo é parte de uma Análise do Livro do
Gênesis. Nosso interesse é ajudar todos os leitores a apreciarem a rica herança
que temos nas páginas da História Primeva da Humanidade. No final de cada
estudo o leitor encontrará direções para outras partes desse estudo
O Livro do Gênesis
O Princípio de Todas as Coisas
בְּרֵאשִׁית בָּרָא אֱלֹהִים אֵת הַשָּׁמַיִם וְאֵת הָאָרֶץ
Eretz ha
ve-et Hashamaim et
Elohim Bará Bereshit
Terra a
e céus os
Deus criou princípio No
Gênesis 1:1
VI. Gênesis 2.
Continuação
Friedrich Delitzsch
Acerca deste assunto ainda temos que mencionar
outro aspecto que foi desenvolvido pelo comentarista Friedrich Delitzsch
baseado em um tablete descoberto por um arqueólogo de nome T. G. Pinches,
muitas décadas antes de Langdon desenvolver suas teorias. Apesar desse tablete
estar grandemente fragmentado, ainda assim é possível entender que as
divindades mais exaltadas no panteão babilônico são designadas como sendo um com o deus Marduk e um no
deus Marduk..
O deus Marduk é apresentado:
1. Sob o nome de “Ninib” ou “Aquele que Possui o
Poder”.
2. Sob o nome de “Nergal ou Zamana” como “o Senhor
das Batalhas”.
4. Sob o nome de “Nebo” como “O Senhor, o Profeta”.
5. Sob o nome “Sin” como “O Iluminador da Noite”.
6. Sob o nome “Shamash” como “O Senhor de tudo o
que justo”.
7. Sob o nome “Addu” como “O Deus da Chuva”.
Como podemos ver o mesmo deus Marduk era também
Ninib e Nergal. Era ao mesmo tempo o deus—sol e a deusa—lua. Os nomes eram
apenas maneiras diferentes de descrever os atributos, poderes ou
responsabilidades do deus Marduk. Portanto, há registros de que existia apenas
uma divindade manifestada e chamada de forma diversa, mesmo no fuzuê que era o
panteão babilônico com suas 5.000 divindades[1].
P. Le Page Renouf
O mesmo processo histórico pode ser traçado no
Egito de acordo com os escritos do professor P. Le Page Renouf[2].
Segundo o professor Renouf nos períodos mais
remotos a religião egípcia era monoteísta. É da influência dos Sabeus — povo bíblico
astrólatra, que habitava o país de Sabá ou o Sul da península da Arábia — que
procede a doutrina religiosa conhecida como Sabeísmo que tem a ver com a
adoração dos astros que se encontram no firmamento — daí a designação
astrólatra — adorador de astros. Para estes adoradores o sol, em vez de ser
considerado apenas como doador da vida é visto como uma manifestação do próprio
deus. O professor Renouf diz textualmente:
“É uma verdade
incontestável que as porções mais sublimes da religião dos antigos egípcios não
podem ser entendidas como resultado alcançado por um processo evolutivo ou pela
eliminação de formas antigas mais grosseiras. As porções mais sublimes são
demonstravelmente mais antigas, e os últimos estágios da religião egípcia, como
conhecida pelos escritores gregos e romanos, já estava por demais corrompida”.
Em outras palavras, o que temos dito aí em cima é
que o politeísmo egípcio, como conhecido pelos gregos e pelos romanos era
resultado de uma decadência semelhante a que encontramos entre os sumérios e os
babilônios. Ou seja, o politeísmo seguiu o monoteísmo. E
mais, o politeísmo surgiu como fruto de se confundir diferentes atributos de um
mesmo deus como se fossem diferentes deuses. Desta maneira temos que era apenas
natural descrever a visão de deus como sendo tão aguda quanto à de um falcão;
ou sua força poderia ser comparada com a de um touro; ou que ele podia enxergar
tudo sem ser visto como os crocodilos que escondem todo o corpo e deixam
somente os olhos do lado de fora das águas. Com o passar do tempo esta
características foram confundidas pelo populacho como sendo as próprias
divindades. É exatamente esta prática que é descrita pelo apóstolo Paulo em Romanos 1:18—32 onde os
homens deixaram a adoração do Deus verdadeiro para adorar Suas criaturas e
neste processo se tornaram completamente cegos e decadentes afundando, cada vez
mais, em pecados cada vez piores.
E assim a história segue. Todas as vezes que
podemos traçar o politeísmo a seus estágios mais antigos acabamos por descobrir
que o mesmo não passa de um desdobramento de várias combinações de monoteísmo.
Talvez o caso mais significativo seja representado pelo hinduísmo que continua
até aos dias de hoje a acrescentar divindades ao seu panteão que já é quase tão
numeroso quanto as estrelas do céu — existem literalmente centenas de milhares
de divindades no panteão hindu! O mesmo é verdade com relação ao Catolicismo
Romano que também continua acrescentando santos, de forma periódica, a seu já
superlotado panteão.
Max Müller
Max Müller um alemão nascido em 1823 e que estudou
em Paris e tornou-se professor em Londres deixou uma vasta obra escrita dentre
a qual podemos destacar seu livro “Lectures on The Origin and Growth of Religion
as Ilustrated by the Religions of India — Preleções Acerca da Origem e do
Desenvolvimento da Religião como Ilustrado pelas Religiões da Índia”. Em suas
obras Müller não acreditava que a religião primitiva da Índia fosse monoteísta,
mas definitivamente também não aceitava que houvesse sido politeísta. De fato
ele ensinava que o politeísmo era um estágio posterior que envolvia certo grau
de deterioração tão característica.
O Professor Müller escreve:
“Mitologia, que é um estandarte de todo o mundo antigo, não passa, na
realidade, de uma degeneração da linguagem. Um mito é apenas uma palavra, mas
uma palavra que, por refletir um nome ou um atributo, acabou por assumir uma
existência bem mais substancial. A maioria dos deuses gregos, dos deuses
romanos e dos deuses hindus e por extensão todas as divindades pagãs, nada mais
são do que nomes ou expressões poéticas às quais foi concedido assumirem
personalidade divina, o que, muito provavelmente, nunca foi a intenção do autor
original do nome ou da idéia. “Eos” era o nome ou palavra comum usada pelos
gregos para se referir ao amanhecer antes de tornar-se a deusa desposada com o
deus Tithonos que representava o fim do dia. Da mesma maneira fatum em latim
significava, originalmente, algo que havia sido proferido ou falado — um fato.
Aos poucos, porém, fatum acabou por tornar-se nas próprias palavras do deus
Júpiter — o maior deus do panteão romano — e estas palavras, por sua vez, se
tornaram tão absolutas que nem o próprio Júpiter podia cancelá-las. A palavra
Zeus significava originalmente os céus brilhantes; o mesmo conceito em
sânscrito era chamado de Dyaus. Todas as histórias acerca de Zeus só fazem
sentido se forem contadas da perspectiva de ser ele apenas uma representação
dos céus brilhantes de onde recebemos a iluminação que precisamos para as
nossas necessidades. Por semelhante modo Luna era apenas uma palavra que
representava o satélite terrestre que conhecemos por lua; o mesmo acontece com
a palavra Lucina e ambas são derivadas da expressão “lucere” que quer dizer
brilhar. E os gregos chamaram de Pyrrah aquela que representava o que seria
equivalente à Eva da Bíblia. Mas Pyrrah originalmente representava a terra
vermelha da região da Tessália no nordeste da Grécia. Essa enfermidade
mitológica, apesar de se encontrar atualmente em um estado menos agressivo está
muito longe de estar morta.”[3]
Concluindo, podemos dizer que baseado nas
informações que possuímos é bastante seguro afirmar que nenhuma vez, na história conhecida da
humanidade, o monoteísmo surge como algo derivado do politeísmo. O contrário
parece ser o caso vez após vez.
B. O Problema ou a Origem do Mal.
O problema do por que o mal existe no mundo é uma
das questões mais delicadas que enfrentamos como cristãos. Mal natural ou
físico acontece quando ocorrências naturais tendem a causar profundas
frustrações na vida dos seres humanos. Exemplos deste tipo de mal são os
terremotos, os furacões, os tsunamis, as doenças e a imbecilidade generalizada
que afeta os seres humanos. Acidentes são também vistos como manifestações
naturais do mal, mas na realidade eles resultam como fruto de decisões
equivocadas de seres humanos, na grande maioria das vezes. Guerras são fruto de
desvios éticos e morais dos seres humanos. O Salmista se queixa a Deus que
Salmos 40:12
Não têm conta os males que me cercam; as minhas
iniquidades me alcançaram, tantas, que me impedem a vista; são mais numerosas
que os cabelos de minha cabeça, e o coração me desfalece.
Mas temos que notar que o Salmista inclui seus
próprios pecados no pacote! O profeta Jeremias também questiona a Deus dizendo:
Jeremias 15:18
Por que dura a minha dor continuamente, e a minha
ferida me dói e não admite cura? Serias tu para mim como ilusório ribeiro, como
águas que enganam?
O mal natural que existe no mundo representa um
dilema bastante difícil para todos os crentes no Deus da Bíblia. Se Deus é Deus
mesmo então porque Ele permite que os ímpios floreçam como grama verde,
enquanto que os justos precisam temperar seus pães com o sal de suas próprias lágrimas?
Inúmeras tentativas têm sido feitas visando encontrar uma resposta para este
dilema. Vejamos algumas das sugestões que foram feitas através da história:
1. Alguns querem explicar o problema do mal no
mundo através de um encardido pessimismo atribuído a uma hoste de demônios sem
fim. Entres estes vamos encontrar o pensador indiano Gautama também chamado de
Siddhartha e que passou para a história como o Buda e o filósofo alemão e
inimigo da fé Cristã Arthur Schopenhauer, que foi conhecido como o filósofo do
pessimismo. Uma versão bastante contemporânea dessa visão pode também ser encontrada
na miríade de pregadores pentecostais com a promoção de suas sessões de
descarrego ou de desencapetamento total.
2. Outros assumem uma atitude mais positiva e preferem
pensar que como Deus está no Seu trono nos céus tudo então está como deve
estar. Entre os que desposam esta idéia, em maior ou menor grau, encontramos os
filósofos Neo Platonistas, o filósofo e inimigo da Fé Cristã Baruque Spinoza, o
teólogo protestante João Calvino e a fundadora da seita herética conhecida como
Ciência Cristã, a senhora Mary Baker Eddy.
3. Outros que se intitulam “melhoristas ou
melhoradores” aceitam como fatos absolutos a existência tanto do bem como do
mal, como sendo coisas reais e acreditam que os homens devem se tornar
auxiliadores divinos em extirpar o mal e promover as coisas que são
verdadeiramente boas para a humanidade.
4. O autor crê que somente
uma perfeita compreensão da encarnação do Filho de Deus poderia nos fornecer
uma explicação que seja satisfatória, sem pretender, em nenhuma hipótese, que
seja definitiva. Talvez Jesus, que detém a solução para os problemas morais do
ser humano, seja também aquele que detém a solução para o grande mistério que é
representado pela existência do mal natural no nosso mundo. A encarnação do
Senhor – ver João 1:14 – é um claro indicativo de que não existe nada de mal
intrínseco no mundo material. O fato de que Jesus curou as pessoas de suas
enfermidades é outro ponteiro de que o Pai não deseja que suas criaturas
pereçam sob o peso de enfermidades. Então, partindo de premissas como estas e
associadas a estas que seguem, temos que:
Efésios 1:10
É intenção de Deus de fazer convergir nele — em
Cristo — na dispensação da plenitude dos tempos, todas as coisas, tanto as do
céu, como as da terra.
Que Deus tem planejado um novo céu e uma nova terra
como lemos em
Apocalipse 21:1
Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a
primeira terra passaram, e o mar já não existe.
Romanos 8:22
Porque sabemos que toda a criação, a um só tempo,
geme e suporta angústias até agora.
Romanos 8:23
E não somente ela, mas também nós, que temos as
primícias do Espírito, igualmente gememos em nosso íntimo, aguardando a adoção
de filhos, a redenção do nosso corpo.
Fica evidente que dependemos completamente de
Cristo para nos livrar, de maneira completa de toda e qualquer manifestação
daquilo que chamamos de mal natural, da mesma maneira que Ele tem sido nosso
libertador de toda a corrupção moral.
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033 — Estudo de Gênesis — Gênesis 6 — Noé e a arca que ele construiu orientado por Deus — Parte 28B.
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038 — Estudo de Gênesis — A Aliança de Deus com Noé — PARTE 001
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042 — Estudo de Gênesis — A Aliança de Deus com Noé — PARTE 005 — OS FILHOS DE NOÉ — PARTE 001
043 — Estudo de Gênesis — A Aliança de Deus com Noé — PARTE 006 — OS FILHOS DE NOÉ — PARTE 002 — OS NEGROS SÃO AMALDIÇOADOS?
044 — Estudo de Gênesis — A Aliança de Deus com Noé — PARTE 007 — OS FILHOS DE NOÉ — PARTE 003 — A CONTRIBUIÇÃO DOS FILHOS DE NOÉ PARA A HUMANIDADE
045 — Estudo de Gênesis — A TÁBUA DAS NAÇÕES — PARTE 001 — OS DESCENDENTES DE JAFÉ
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2017/02/genesis-estudo-045-tabua-das-nacoes.html
Que
Deus abençoe a todos.
Alexandros
Meimaridis
PS. Pedimos a todos os nossos leitores que puderem
que “curtam” nossa página no Facebook através do seguinte link:
Desde já agradecemos a todos.
[1] Delitzch, Friedrich. Babel and the Bible. Williams and
Nortgate, London, 1903.
[2] Renouf, P. Le Page. Lectures on the Origin and Growth of the
Religion as Illustrated by the Religion of Ancient Egypt. Williams and
Norgate, London, 1897.
[3] Müller, Max. History of Sanscrit Literature. Williams
and Norgate, London, 1873.
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