Concepção artística da agonia Cristo no Getsêmani com os discípulos dormindo ao fundo.
O material abaixo é parte de um livro
escrito por Jonathan Edwards que foi publicado em forma de e-book por:
Fonte: CCEL.org │ Título
Original: “Christ’s Agony”
As citações bíblicas
desta tradução são da versão ACRF (Almeida Corrigida Revisada Fiel).
Tradução por Camila
Almeida │ Revisão William Teixeira
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A AGONIA DE CRISTO
Por Jonathan Edwards
Algumas Citações deste Estudo
“E, posto em agonia, orava mais intensamente; e o
Seu suor tornou-se em grandes gotas de sangue que corriam até ao chão.”
– Lucas 22:44 –
Citações deste Sermão
“[...] a principal missão de
Cristo no mundo foi sofrer, cumprindo assim, agradavelmente essa incumbência.
Ele veio com tal natureza e, em tais circunstâncias, como feitas para abrir
caminho para o Seu sofrimento; por isso toda a Sua vida foi repleta de
sofrimento. Ele começou a sofrer em Sua infância, mas Seu sofrimento aumentou à
medida que Ele se aproximava do fim de Sua vida. Seu sofrimento após o início
de Seu ministério público era provavelmente muito maior do que antes; e a
última parte do tempo de Seu ministério público parece ter sido distinguido
pelo sofrimento.”
“[...] no momento de Sua
agonia no jardim; que temos um relato nas palavras agora lidas; são as que proponho-me
a fazer o tema do presente discurso. A palavra agonia significa propriamente um
conflito sério, como é testificado em batalhar, correr ou lutar. E, portanto,
em Lucas 13:24. “Porfiai por entrar pela porta estreita; porque eu vos digo que
muitos procurarão entrar, e não poderão”. A palavra no original, traduzida como
porfiai é Ἀγωνίζεσθε
— Agonízesthe.
“Agonize, para entrar pela porta estreita”. A palavra é usada especialmente
para esse tipo de luta, que na época era exibida nos jogos Olímpicos, em que os
homens se esforçavam pela maestria na corrida, luta, e outros tipos tais de
exercícios; e um prêmio era estabelecido, o qual era concedido ao vencedor.
Aqueles que, assim, sustentaram, foram, na linguagem então usada, refereidos
como tendo “agonizado”. Assim, o apóstolo em Sua epístola aos Cristãos de
Corinto, uma cidade da Grécia, onde tais jogos eram exibidos anualmente, diz em
alusão aos esforços dos combatentes: “E todo aquele que luta”, no original,
todo aquele que agoniza, “de tudo se abstém”. O local onde foram realizados os
jogos foi chamado Ἀγων — Agon, ou o lugar da agonia; e a palavra é
particularmente usada nas Escrituras para aquele esforço em fervorosa oração
onde as pessoas lutam com Deus; diz-se que elas agonizam, ou estarem em agonia,
em oração. Assim, a palavra é usada em Romanos 15:30: “E rogo-vos, irmãos, por
nosso Senhor Jesus Cristo e pelo amor do Espírito, que combatais comigo nas
vossas orações por mim a Deus”; no origina συναγωνίσασθαί — sunagonísasthaí,
que vos agonizeis comigo. Assim em Colossenses 4:12: “[...]combatendo sempre
por vós em orações, para que vos conserveis firmes, perfeitos e consumados em
toda a vontade de Deus”. No original ἀγωνιζόμενος — agonizómenos, agonizando
por vós. De modo que quando é dito no texto que Cristo estava em agonia, o
significado é, que a Sua alma estava em uma grande e séria luta e conflito.”
“O que Cristo teve em Sua
agonia no jardim, foi o cálice amargo que Ele deveria em breve beber,
posteriormente, na Cruz. Os sofrimentos aos quais Cristo se submeteu em Sua
agonia no jardim, não foram Seus maiores sofrimentos; embora fossem mui
grandes. Mas Seus últimos sofrimentos sobre a Cruz foram os Seus principais
sofrimentos; e, portanto, eles são chamados de “o cálice que Ele tinha de
beber”. Os sofrimentos da cruz, sob a qual Ele foi morto, estão sempre nas
Escrituras representados como os principais sofrimentos de Cristo;
especialmente aqueles em que “Ele levou os nossos pecados em Seu próprio
corpo”, e fez expiação pelo pecado. Seu suportar a cruz, Seu humilhar-se e
tornar-se obediente até à morte e morte de cruz, é dito como a principal coisa
pela qual os Seus sofrimentos evidenciaram-se. Este é o cálice que Cristo havia
colocado diante de Si em Sua agonia. É manifesto que Cristo tinha isso em
vista, neste momento, a partir das orações que Ele então ofereceu. De acordo
com Mateus, Cristo fez três orações naquela noite enquanto no jardim do
Getsêmani, e todas sobre este assunto, o cálice amargo que Ele devia beber.”
“Alguns têm perguntado, o que
ocasionou aquela angústia e agonia, e muitas especulações têm existido sobre
isso, mas o relato que a própria Escritura nos dá é suficientemente completo
nesta matéria, e não deixa espaço para a especulação ou dúvida. A única coisa
pela qual a mente de Cristo estava tão cheia naquela momento era, sem dúvida, o
mesmo com que a Sua boca estava tão cheia; era o receio que Sua fraca natureza
humana tinha daquele cálice terrível, que era muito mais terrível do que
fornalha ardente de Nabucodonosor.”
“Ele teve, então, uma visão
próxima da fornalha de ira, na qual Ele devia ser lançado; Ele foi levado para
a boca da fornalha para que Ele pudesse olhar para ela, e permanecer e ver as
chamas furiosas, e ver as brasas de Seu calor, a fim de Ele pudesse conhecer
para onde estava indo e o que Ele estava prestes a sofrer. Isto foi o que
encheu a Sua alma de tristeza e escuridão, esta visão terrível como a que o
dominou.”
“[...] o próprio Cristo diz
sobre isso, Ele que não era acostumado a aumentar as coisas para além da
verdade. Ele diz: “A minha alma está cheia de tristeza até a morte; ficai aqui,
e velai comigo” (Mateus 26:38). Que linguagem poderia expressar mais fortemente
o mais extremo grau de tristeza? Sua alma não estava apenas “triste”, mas
“cheia de tristeza”; e não somente isso, mas porque isso não expressa
plenamente o nível de Sua tristeza, Ele acrescenta, “até a morte”; o que parece
sugerir que as próprias dores e sofrimentos infernais, da morte eterna, haviam
se apossado dEle. Os Hebreus estavam acostumados a expressar o maior nível de
tristeza que qualquer criatura pudesse passar pela frase: a sombra da morte.
Cristo tinha agora, por assim dizer, a sombra da morte trazida sobre a Sua alma
pela visão próxima que Ele tinha do cálice amargo, que agora estava posto
diante dEle.”
“A partir do efeito que isso
teve sobre Seu corpo, causando aquele suor de sangue que lemos no texto. Em
nossa tradução diz-se, que “o Seu suor tornou-se como grandes gotas de sangue,
que corriam até ao chão”. A palavra traduzida como “grandes gotas” é no
original θρόμβοι — thómboi, que significa propriamente caroços
ou coágulos; pois podemos supor que o sangue que foi pressionado para fora
através dos poros de Sua pele pela violência daquela luta interna e conflito,
de forma que quando chegou a ser exposto ao ar fresco da noite, congelou e
endureceu, como é a natureza do sangue, e por isso caiu dEle não em gotas, mas
em coágulos. Se o sofrimento de Cristo houvesse ocasionado apenas um suor
violento, isto teria mostrado que Ele estava em grande agonia; isso deve ser um
sofrimento extraordinário e um exercício da mente que faz com que o corpo
esteja todo suado e exposto ao ar livre, em uma noite fria, como era aquela,
como é evidente em João 18:18: “Ora, estavam ali os servos e os servidores, que
tinham feito brasas, e se aquentavam, porque fazia frio; e com eles estava
Pedro, aquentando-se também”. Essa era a noite em que Cristo teve a Sua agonia
no jardim. Mas a angústia e tristeza interior de Cristo não foram meramente as
causas que o levaram a um suor violento e universal, mas, o que o fez suar
sangue. A aflição e a angústia de Seu espírito eram tão indescritivelmente
extremas como para forçar o sangue através dos poros de Sua pele, e isto tão
abundantemente como a cair em grandes coágulos ou gotas de Seu corpo ao chão.”
“Deus em primeiro lugar, o
trouxe e o colocou na boca da fornalha, para que Ele pudesse olhar para dentro,
e permanecer e ver as ardentes e furiosas chamas, e pudesse ver para onde
estava indo, e pudesse entrar voluntariamente nela e suportá-la pelos
pecadores, como alguém que sabe do que se trata. Essa visão Cristo teve em Sua
agonia. Em seguida, Deus trouxe o cálice que Ele devia beber, e o colocou
diante dEle, para que Ele tivesse uma visão completa do mesmo, e pudesse contemplar o que o mesmo era antes que Ele
tomasse e bebesse. Se Cristo não tivesse totalmente conhecido o que o horror
daqueles sofrimentos eram, antes que Ele os levasse sobre Si, Seu tomá-los
sobre Si mesmo não poderia ter sido totalmente Seu ato próprio como homem; não
poderia ter havido nenhum ato explícito de Sua vontade sobre o que Ele era
ignorante; não poderia ter havido nenhum julgamento adequado, se Ele estaria
disposto a submeter-se a tais sofrimentos terríveis ou não, a menos que Ele
soubesse de antemão quão terrível eles eram; mas quando viu que eles eram, por
ter oferecida a Ele uma visão extraordinária deles, e, em seguida, aceitou
suportá-los; então, Ele agiu como conhecendo o que Ele fez; assim, tomando esse
cálice, e tendo tais sofrimentos terríveis, Cristo tomou uma decisão de uma
escolha explícita; e assim o Seu amor para com os pecadores, esta escolha dEle
foi maravilhosa, como também a Sua obediência a Deus nela.”
“A própria visão desses
últimos sofrimentos foi tão terrível quanto a afundar Sua alma dentro da escura
sombra da morte; sim, tão terrível foi isso, que no doloroso conflito que a Sua
natureza teve com eles, Ele esteve todo em suor sangrento, Seu corpo foi todo
coberto de sangue coagulado, e não apenas o Seu corpo, mas o próprio chão
debaixo dEle com o sangue que dEle caíra, que havia sido forçado através de
Seus poros pela violência de Sua agonia. E se apenas a visão do cálice era tão
assombrosa, quão terrível foi o próprio cálice, como muito além de tudo o que
pode ser pronunciado ou concebido! Muitos dos mártires sofreram torturas
extremas, mas a partir do que foi dito, há todas as razões para pensar que
todos aqueles foram um mero nada comparados aos últimos sofrimentos de Cristo
na cruz. E o que foi dito oferece um argumento convincente de que os sofrimentos
que Cristo suportou em Seu corpo na cruz, embora eles fossem mui terríveis,
ainda foram a menor parte de Seus últimos sofrimentos; e que, ao lado desses,
Ele suportou sofrimentos em Sua alma, que foram muito maiores. Pois se fossem
apenas os sofrimentos que Ele suportou em Seu corpo, apesar de serem muito
terríveis, não podemos conceber que a mera antecipação deles teria tal efeito
sobre Cristo. Muitos dos mártires, pelo que sabemos, têm sofrido torturas tão
graves em Seus corpos, como Cristo fez. Muitos dos mártires foram crucificados,
como Cristo foi; e ainda assim as Suas almas não foram tão oprimidas. Não houve
evidência dessa incrível tristeza e aflição de espírito, nem na antecipação de
Seus sofrimentos, ou na real duração deles.”
“O sofrimento a que Ele,
então, foi realmente sujeito, foi terrível e assombroso, como foi demonstrado;
e quão maravilhoso foi o Seu amor, que ainda permaneceu e foi confirmado! O
amor de qualquer mero homem ou anjo sem dúvida teria afundado sob tal peso, e
nunca teria sofrido um conflito em um suor tão sangrento como o de Jesus
Cristo. A angústia da alma de Cristo naquele tempo foi tão forte a ponto de
causar esse efeito maravilhoso em Seu corpo. Mas o Seu amor aos seus inimigos,
miseráveis e indignos como eram, foi ainda mais forte. O coração de Cristo,
nesse momento estava cheio de angústia, todavia era mais cheio de amor por
vermes desprezíveis: Suas tristezas abundavam, mas o Seu amor superabundou. A
alma de Cristo foi esmagada com um dilúvio de sofrimento, mas isto ocorreu a
partir de um dilúvio de amor por pecadores em Seu coração, suficiente para
transbordar o mundo, e sobrepujar as mais altas montanhas de Seus pecados.
Essas grandes gotas de sangue que corriam ao chão foram uma manifestação de um
oceano de amor no coração de Cristo.”
“Isso foi com a última
consideração do que Cristo faria; como se então, fosse dito a Ele: “Aqui está o
cálice que você deve beber, a menos que você desista de Seu compromisso pelos
pecadores, e deixe-os perecer como eles merecem. Você tomará esse cálice, e o
beberá por eles, ou não? Há uma fornalha na qual você está para ser lançado,
para que eles possam ser salvos; ou eles devem perecer, ou você tem que
suportar isso por eles. Ali você vê quão terrível é o calor do forno; você vê
qual a dor e angústia que você deve suportar no dia seguinte, a menos que você
desista da causa dos pecadores. O que você fará? É tanto o Seu amor que você
prosseguirá? Você lançar-se-á nesta terrível fornalha de ira?”A alma de Cristo
foi esmagada com o pensamento; Sua frágil natureza humana afundou diante da
triste visão. Isto o colocou nessa terrível agonia que ouviste descrita; mas
Seu amor pelos pecadores resistiu. Cristo não passaria por esses sofrimentos
desnecessariamente, se os pecadores pudessem ser salvos sem [eles]. Se não
houvesse uma necessidade absoluta de sofrê-los para a salvação deles, Ele
desejaria que o cálice passasse dEle. Mas, se os pecadores, em quem Ele havia
fixado o Seu amor, não pudessem, de acordo com a vontade de Deus, ser salvos
sem que Ele o bebesse, Ele escolheu que a vontade de Deus fosse feita. Ele
optou por seguir em frente e suportar o sofrimento, terrível como Ele apareceu
para Ele.”
CONTINUA...
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JONATHAN EDWARDS — A AGONIA DE CRISTO — PARTE 011 — APLICAÇÃO 002
UMA BREVE BIOGRAFIA DE JONATHAN EDWARDS
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2016/08/jonathan-edwards-uma-breve-biografia.htmlDeus abençoe a todos.
Alexandros Meimaridis
PS. Pedimos a todos os nossos leitores que puderem que “curtam” nossa
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