Essa é uma série cujo propósito é estudar, com
profundidade, os ensinamentos da Bíblia acerca do pecado, com uma ênfase
especial na questão do chamado “pecado para a morte”. Os demais estudos dessa
série poderão ser acessados por meio dos links alistados no final desse
estudo.
13C. Pecado e Castigo —
PARTE C
CONTINUAÇÃO...
Não existem palavras mais apropriadas
para descrever como Jesus estava se sentindo naquele momento do que Suas próprias
palavras quando disse:
Verso 34
E lhes disse: A minha alma está profundamente triste até à morte; ficai
aqui e vigiai.
Certamente os três discípulos, Pedro,
Tiago e João, conheciam bem o Mestre e podiam perceber que ele estava apavorado
e angustiado. Mas Jesus prefere não esperar que eles entendam apenas pelo que
estão vendo e decide colocar em palavras o que estava sentindo. Jesus diz:
“A minha alma está profundamente
triste. Profundamente, ou seja: avassalada, completamente coberta, completa e
irremediavelmente tomada até à morte”. Nesse instante, mais do que em qualquer
outro, Jesus, que foi amaldiçoado por causa dos nossos pecados percebe a
extensão da maldição e se sente avassaladoramente tomado pela mesma —
Gálatas 3:13
Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição
em nosso lugar (porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em
madeiro),
Esta conscientização não o deixará até
que ele clame na cruz a(s) palavra(s) final da nossa redenção Τετέλεσται — tetélestai — ESTÁ CONSUMADO — João 19:30.
Cristo sabia que estava entregando sua
vida como resgate de muitos — ver Marcos 10:45. Sabia que Ele “aquele que não
conheceu pecado” estava se tornando, Ele mesmo, pecado e recebendo vicariamente
— como nosso substituto — a ira santa e justa de Deus de forma eterna e sem
limites ver —
2 Coríntios 5:21
Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que,
nele, fôssemos feitos justiça de Deus.
A dor e a morte são duas das mais
terríveis experiências pelas quais o ser humano pode passar. Sansão se sentiu
extremamente incomodado pela insistência de Dalila em saber o segredo da sua
força, a ponto de sentir-se angustiado até a morte —
Juízes 16:16
Importunando-o ela todos os dias com as suas palavras e molestando-o,
apoderou-se da alma dele uma impaciência de matar.
Mas Jesus experimenta essas angústias
de uma maneira distinta daquela experimentada por Sansão. O que Jesus realmente
queria dizer é: “eu estou tão triste, que poderia
morrer agora mesmo”.
É nesse instante de tristeza absoluta,
de tristeza tão profunda, que se um socorro não chegar imediatamente a única
saída possível será a morte, que Jesus assume a plenitude do seu ofício
sacerdotal. É neste momento que Ele inicia a oferta do seu próprio corpo, de
seu ser, como oferta pelo pecado como havia mencionado na ceia pascal poucas
horas antes —
Marcos 14:22
E, enquanto comiam, tomou Jesus um pão e, abençoando-o, o partiu e lhes
deu, dizendo: Tomai, isto é o meu corpo.
Jesus, o cordeiro de Deus apontado por
João Batista — João 1:29 — iniciava agora este processo de remoção dos pecados
pegando o preço requerido. Na opinião do bispo metodista Adam Clarke a
principal parte do processo de redenção aconteceu no meio desta agonia indescritível
e sem precedentes.
Apesar de não temer a morte, até porque
Ele sabia que ao terceiro dia iria ressuscitar —
Mateus 12:40
Porque assim como esteve Jonas três dias e três noites no ventre do
grande peixe, assim o Filho do Homem estará três dias e três noites no coração
da terra.
mas sabemos que a morte em si era
também responsável por este pavor e angústia. Mas, se ele não tinha medo da morte porque a angústia e porque o pavor? Aqui,
temos que perguntar: Que tipo de morte Jesus iria experimentar? Morte física
somente? Morte espiritual? Morte Eterna?
Com certeza, ele experimentou a morte
física que é a separação entre a parte física — o corpo — e a parte não física
— alma/espírito — que fazem nós sermos o que somos como seres humanos —
Marcos 15:37
Mas Jesus, dando um grande brado, expirou.
Mas teria Jesus também experimentado a
morte espiritual? Se definirmos a morte espiritual como “viver separado de Deus
é estar morto”, nossa resposta precisa ser um enfático NÃO. Esta é a condição
em que se encontra a raça humana caída — Efésios 2:1 — mas Jesus tendo sido
gerado pelo Espírito Santo não estava contaminado pelo pecado como todos os
descendentes de Adão. As passagens a seguir nos mostram claramente a verdade de
que Jesus, por não ter nunca cometido um único pecado, não experimentou o que
estamos chamando de morte espiritual:
João 8:46
Quem dentre vós me convence de pecado? Se vos digo a verdade, por que
razão não me credes?
Atos 3:14
Vós, porém, negastes o Santo e o Justo e pedistes que vos concedessem um
homicida.
2 Coríntios 5:21
Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que,
nele, fôssemos feitos justiça de Deus.
Hebreus 4:15
Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas
fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas
sem pecado.
1 Pedro 2:22
O qual não cometeu pecado, nem dolo algum se achou em sua boca.
1 João 3:5
Sabeis também que ele se manifestou para tirar os pecados, e nele não
existe pecado.
Mas, ao mesmo tempo em que Jesus NÃO
experimentou a morte espiritual, e experimentou a morte física, Ele também
experimentou a morte eterna. Mas o que queremos dizer por morte eterna? Se, ao
atribuirmos a Jesus a morte eterna, estivermos querendo dizer que, durante toda
sua vida na terra e especialmente no Getsêmani e na Cruz, Jesus sofreu a plena
extensão do que seu próprio povo deveria sofrer, caso não houvesse um
substituto para sofrer no lugar deles, então, sim, foi exatamente esta morte
que Jesus experimentou. Em outras palavras, o inferno veio sobre Jesus no
Getsêmani e no Gólgota e Jesus experimentou a plenitude dos seus terrores. Não
admira os termos usados por Marcos de “angústia e pavor”.
Salmos 22:14 mostra de
maneira absoluta o que estava se passando dentro de Jesus naqueles momentos —
Derramei-me como água, e todos os meus ossos se desconjuntaram; meu
coração fez-se como cera, derreteu-se dentro de mim.
O Saltério da Igreja Cristã Reformada,
na seção que trata da Santa Ceia diz: “Jesus suportou a ira de Deus, sob a qual
nós deveríamos sofrer por toda a eternidade, do início da sua encanação até ao
fim da sua vida na terra quando ele bradou “está consumado”. Jesus cumpriu, em
nosso lugar, tudo o que a lei exigia em termos de obediência e justiça, especialmente
quando a combinação do peso dos nossos pecados e da ira de Deus o espremeram a
ponto de suar gotas de sangue, onde ele foi aprisionado para que nós pudéssemos
ser postos em liberdade. Que ainda mais, Jesus sofreu tremendamente nas mãos de
homens perversos, para que nós não fossemos confundidos, sendo Jesus humilhado
ainda mais quando experimentou a angústia do inferno, tanto no seu corpo físico
como na parte não física — alma/espírito — especialmente na Cruz do Gólgota — lugar
da caveira, onde Ele clamou “Deus meu, Deus meu, porque me desamparaste?” E
isto tudo para que pudéssemos ser aceitos por Deus e nunca fossemos
esquecidos...”
Jesus mesmo se refere a estes momentos
com as seguintes palavras em —
Lucas 22:53
Diariamente, estando eu convosco no templo, não pusestes as mãos sobre
mim. Esta, porém, é a vossa hora e o poder das trevas.
Esta é a hora a que Ele havia se
referido em João 12:31 acerca da
expulsão do príncipe deste mundo e em João 14:30—31 acerca do momento que se
aproximava do acerto de contas com o príncipe desse mundo. Muitos teólogos
cristãos acreditam que foi durante estes momentos que aconteceu o que está
escrito em Apocalipse 12 que descreve a batalha entre Miguel e os anjos
celestiais e o Diabo e seus anjos:
Apocalipse 12:7—10
Houve peleja no céu. Miguel e os seus anjos pelejaram contra o dragão.
Também pelejaram o dragão e seus anjos; todavia, não prevaleceram; nem mais se
achou no céu o lugar deles. E foi expulso o grande dragão, a antiga serpente,
que se chama diabo e Satanás, o sedutor de todo o mundo, sim, foi atirado para
a terra, e, com ele, os seus anjos. Então, ouvi grande voz do céu, proclamando:
Agora, veio a salvação, o poder, o reino do nosso Deus e a autoridade do seu
Cristo, pois foi expulso o acusador de nossos irmãos, o mesmo que os acusa de
dia e de noite, diante do nosso Deus.
Jesus pede que Sua pequena companhia
fique ali e vigie com ele. Mesmo sabendo que seus discípulos falhariam
miseravelmente na missão de confortá-lo, ainda assim Jesus nos mostra que Ele
sentia necessidade de comunhão o que deve nos ensinar uma lição definitiva
acerca da necessidade absoluta que temos uns dos outros. Existe um grande bem
na comunhão cristã e Jesus reconhece e se sente abandonado pelos seus. É muito
bom ter e, portanto somos exortados a buscar esse bem que é a assistência de
nossos irmãos em tempos de angústia, pois “melhor e
serem dois do que um – ver Eclesiastes 4:9”. O profeta Isaías descreve o fato de Jesus estar sozinho, sem que
existisse um único companheiro para interceder por Ele como algo surpreendente,
mas acrescenta que na falta deste apoio o próprio braço do Senhor causou a
salvação —
Isaías 59:15—18
15 Sim, a verdade sumiu, e quem se desvia do mal é tratado como presa. O
SENHOR viu isso e desaprovou o não haver justiça.
16 Viu que não havia ajudador algum e maravilhou-se de que não houvesse
um intercessor; pelo que o seu próprio braço lhe trouxe a salvação, e a sua
própria justiça o susteve.
17 Vestiu-se de justiça, como de uma couraça, e pôs o capacete da salvação
na cabeça; pôs sobre si a vestidura da vingança e se cobriu de zelo, como de um
manto.
18 Segundo as obras deles, assim retribuirá; furor aos seus adversários
e o devido aos seus inimigos; às terras do mar, dar-lhes-á a paga.
Agora, vamos voltar à passagem de
Marcos 14:35—42.
CONTINUA...
OUTROS ESTUDOS SOBRE O PECADO
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O PECADO — ESTUDO —002 — A QUEDA — UMA INTERPRETAÇÃO DE GÊNESIS 3 — PARTE 1
O PECADO — ESTUDO —003 — A QUEDA — UMA INTERPRETAÇÃO DE GÊNESIS 3 — PARTE 2
O PECADO — ESTUDO —004 — A QUEDA PROPRIAMENTE DITA — UMA INTERPRETAÇÃO DE GÊNESIS 3 — PARTE 3 — FINAL
O PECADO — ESTUDO 005 — A VERDADEIRA LIBERDADE
O PECADO — ESTUDO 006 — PECADO E LIVRE ARBÍTRIO
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O PECADO — ESTUDO 009 — HISTÓRIA E QUEDA
O PECADO — ESTUDOS 010 E 011 — O PECADO ORGINAL E A DEPRAVAÇÃO TOTAL
O PECADO — ESTUDOS 012 — PECADO E A GRAÇA DE DEUS
O PECADO — ESTUDOS 013ª — PECADO E O CASTIGO PARTE A
O PECADO — ESTUDOS 013B — PECADO E O CASTIGO PARTE B — JESUS NO GETSÊMANI — PARTE 001
O PECADO — ESTUDOS 013C — PECADO E O CASTIGO PARTE C — JESUS NO GETSÊMANI — PARTE 002
O PECADO — ESTUDOS 013D — PECADO E O CASTIGO PARTE D — JESUS NO GETSÊMANI — PARTE 003
O PECADO — ESTUDOS 013E — PECADO E O CASTIGO PARTE E — JESUS NO GETSÊMANI — PARTE 004
O PECADO — ESTUDOS 013F — PECADO E O CASTIGO PARTE F — JESUS NO GETSÊMANI — PARTE 005
O PECADO — ESTUDOS 014A — O PECADO PARA A MORTE — PARTE A — INTRODUÇÃO — QUESTÕES HERMENÊUTICAS
O PECADO — ESTUDOS 014B — O PECADO PARA A MORTE — PARTE B —DIFERENTES TIPOS DE PENAS E CASTIGOS PARA O PECADO IMPERDOÁVEL
O PECADO — ESTUDOS 014C — O PECADO PARA A MORTE — PARTE C —DIFERENTES TIPOS DE PESSOAS QUE PODEM COMETER O PECADO IMPERDOÁVEL
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2015/08/um-estudo-sobre-o-pecado-parte-014_13.html
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Alexandros Meimaridis
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