terça-feira, 24 de março de 2015

UM ESTUDO SOBRE O PECADO — PARTE 013C — PECADO E CASTIGO — PARTE C




Essa é uma série cujo propósito é estudar, com profundidade, os ensinamentos da Bíblia acerca do pecado, com uma ênfase especial na questão do chamado “pecado para a morte”. Os demais estudos dessa série poderão ser acessados por meio dos links alistados no final desse estudo.  

13C. Pecado e Castigo — PARTE C

CONTINUAÇÃO...

Não existem palavras mais apropriadas para descrever como Jesus estava se sentindo naquele momento do que Suas próprias palavras quando disse:

Verso 34

E lhes disse: A minha alma está profundamente triste até à morte; ficai aqui e vigiai.

Certamente os três discípulos, Pedro, Tiago e João, conheciam bem o Mestre e podiam perceber que ele estava apavorado e angustiado. Mas Jesus prefere não esperar que eles entendam apenas pelo que estão vendo e decide colocar em palavras o que estava sentindo. Jesus diz:

“A minha alma está profundamente triste. Profundamente, ou seja: avassalada, completamente coberta, completa e irremediavelmente tomada até à morte”. Nesse instante, mais do que em qualquer outro, Jesus, que foi amaldiçoado por causa dos nossos pecados percebe a extensão da maldição e se sente avassaladoramente tomado pela mesma —

Gálatas 3:13

Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar (porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro),

Esta conscientização não o deixará até que ele clame na cruz a(s) palavra(s) final da nossa redenção Τετέλεσται tetélestai — ESTÁ CONSUMADO — João 19:30.

Cristo sabia que estava entregando sua vida como resgate de muitos — ver Marcos 10:45. Sabia que Ele “aquele que não conheceu pecado” estava se tornando, Ele mesmo, pecado e recebendo vicariamente — como nosso substituto — a ira santa e justa de Deus de forma eterna e sem limites ver —
2 Coríntios 5:21

Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus.

A dor e a morte são duas das mais terríveis experiências pelas quais o ser humano pode passar. Sansão se sentiu extremamente incomodado pela insistência de Dalila em saber o segredo da sua força, a ponto de sentir-se angustiado até a morte —

Juízes 16:16

Importunando-o ela todos os dias com as suas palavras e molestando-o, apoderou-se da alma dele uma impaciência de matar.

Mas Jesus experimenta essas angústias de uma maneira distinta daquela experimentada por Sansão. O que Jesus realmente queria dizer é: “eu estou tão triste, que poderia morrer agora mesmo”.

É nesse instante de tristeza absoluta, de tristeza tão profunda, que se um socorro não chegar imediatamente a única saída possível será a morte, que Jesus assume a plenitude do seu ofício sacerdotal. É neste momento que Ele inicia a oferta do seu próprio corpo, de seu ser, como oferta pelo pecado como havia mencionado na ceia pascal poucas horas antes —

Marcos 14:22

E, enquanto comiam, tomou Jesus um pão e, abençoando-o, o partiu e lhes deu, dizendo: Tomai, isto é o meu corpo.

Jesus, o cordeiro de Deus apontado por João Batista — João 1:29 — iniciava agora este processo de remoção dos pecados pegando o preço requerido. Na opinião do bispo metodista Adam Clarke a principal parte do processo de redenção aconteceu no meio desta agonia indescritível e sem precedentes.

Apesar de não temer a morte, até porque Ele sabia que ao terceiro dia iria ressuscitar —

Mateus 12:40

Porque assim como esteve Jonas três dias e três noites no ventre do grande peixe, assim o Filho do Homem estará três dias e três noites no coração da terra.

mas sabemos que a morte em si era também responsável por este pavor e angústia. Mas, se ele não tinha medo da morte porque a angústia e porque o pavor? Aqui, temos que perguntar: Que tipo de morte Jesus iria experimentar? Morte física somente? Morte espiritual? Morte Eterna?

Com certeza, ele experimentou a morte física que é a separação entre a parte física — o corpo — e a parte não física — alma/espírito — que fazem nós sermos o que somos como seres humanos —

Marcos 15:37

Mas Jesus, dando um grande brado, expirou.

Mas teria Jesus também experimentado a morte espiritual? Se definirmos a morte espiritual como “viver separado de Deus é estar morto”, nossa resposta precisa ser um enfático NÃO. Esta é a condição em que se encontra a raça humana caída — Efésios 2:1 — mas Jesus tendo sido gerado pelo Espírito Santo não estava contaminado pelo pecado como todos os descendentes de Adão. As passagens a seguir nos mostram claramente a verdade de que Jesus, por não ter nunca cometido um único pecado, não experimentou o que estamos chamando de morte espiritual:

João 8:46

Quem dentre vós me convence de pecado? Se vos digo a verdade, por que razão não me credes?

Atos 3:14

Vós, porém, negastes o Santo e o Justo e pedistes que vos concedessem um homicida.

2 Coríntios 5:21

Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus.

Hebreus 4:15

Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado.

1 Pedro 2:22

O qual não cometeu pecado, nem dolo algum se achou em sua boca.

1 João 3:5

Sabeis também que ele se manifestou para tirar os pecados, e nele não existe pecado.

Mas, ao mesmo tempo em que Jesus NÃO experimentou a morte espiritual, e experimentou a morte física, Ele também experimentou a morte eterna. Mas o que queremos dizer por morte eterna? Se, ao atribuirmos a Jesus a morte eterna, estivermos querendo dizer que, durante toda sua vida na terra e especialmente no Getsêmani e na Cruz, Jesus sofreu a plena extensão do que seu próprio povo deveria sofrer, caso não houvesse um substituto para sofrer no lugar deles, então, sim, foi exatamente esta morte que Jesus experimentou. Em outras palavras, o inferno veio sobre Jesus no Getsêmani e no Gólgota e Jesus experimentou a plenitude dos seus terrores. Não admira os termos usados por Marcos de “angústia e pavor”.

Salmos 22:14 mostra de maneira absoluta o que estava se passando dentro de Jesus naqueles momentos —

Derramei-me como água, e todos os meus ossos se desconjuntaram; meu coração fez-se como cera, derreteu-se dentro de mim.

O Saltério da Igreja Cristã Reformada, na seção que trata da Santa Ceia diz: “Jesus suportou a ira de Deus, sob a qual nós deveríamos sofrer por toda a eternidade, do início da sua encanação até ao fim da sua vida na terra quando ele bradou “está consumado”. Jesus cumpriu, em nosso lugar, tudo o que a lei exigia em termos de obediência e justiça, especialmente quando a combinação do peso dos nossos pecados e da ira de Deus o espremeram a ponto de suar gotas de sangue, onde ele foi aprisionado para que nós pudéssemos ser postos em liberdade. Que ainda mais, Jesus sofreu tremendamente nas mãos de homens perversos, para que nós não fossemos confundidos, sendo Jesus humilhado ainda mais quando experimentou a angústia do inferno, tanto no seu corpo físico como na parte não física — alma/espírito — especialmente na Cruz do Gólgota — lugar da caveira, onde Ele clamou “Deus meu, Deus meu, porque me desamparaste?” E isto tudo para que pudéssemos ser aceitos por Deus e nunca fossemos esquecidos...”

Jesus mesmo se refere a estes momentos com as seguintes palavras em —

Lucas 22:53

Diariamente, estando eu convosco no templo, não pusestes as mãos sobre mim. Esta, porém, é a vossa hora e o poder das trevas.

Esta é a hora a que Ele havia se referido em João 12:31 acerca da expulsão do príncipe deste mundo e em João 14:30—31 acerca do momento que se aproximava do acerto de contas com o príncipe desse mundo. Muitos teólogos cristãos acreditam que foi durante estes momentos que aconteceu o que está escrito em Apocalipse 12 que descreve a batalha entre Miguel e os anjos celestiais e o Diabo e seus anjos:

Apocalipse 12:7—10

Houve peleja no céu. Miguel e os seus anjos pelejaram contra o dragão. Também pelejaram o dragão e seus anjos; todavia, não prevaleceram; nem mais se achou no céu o lugar deles. E foi expulso o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, o sedutor de todo o mundo, sim, foi atirado para a terra, e, com ele, os seus anjos. Então, ouvi grande voz do céu, proclamando: Agora, veio a salvação, o poder, o reino do nosso Deus e a autoridade do seu Cristo, pois foi expulso o acusador de nossos irmãos, o mesmo que os acusa de dia e de noite, diante do nosso Deus.

Jesus pede que Sua pequena companhia fique ali e vigie com ele. Mesmo sabendo que seus discípulos falhariam miseravelmente na missão de confortá-lo, ainda assim Jesus nos mostra que Ele sentia necessidade de comunhão o que deve nos ensinar uma lição definitiva acerca da necessidade absoluta que temos uns dos outros. Existe um grande bem na comunhão cristã e Jesus reconhece e se sente abandonado pelos seus. É muito bom ter e, portanto somos exortados a buscar esse bem que é a assistência de nossos irmãos em tempos de angústia, pois “melhor e serem dois do que um – ver Eclesiastes 4:9”. O profeta Isaías descreve o fato de Jesus estar sozinho, sem que existisse um único companheiro para interceder por Ele como algo surpreendente, mas acrescenta que na falta deste apoio o próprio braço do Senhor causou a salvação —

Isaías 59:15—18

15 Sim, a verdade sumiu, e quem se desvia do mal é tratado como presa. O SENHOR viu isso e desaprovou o não haver justiça.

16 Viu que não havia ajudador algum e maravilhou-se de que não houvesse um intercessor; pelo que o seu próprio braço lhe trouxe a salvação, e a sua própria justiça o susteve.

17 Vestiu-se de justiça, como de uma couraça, e pôs o capacete da salvação na cabeça; pôs sobre si a vestidura da vingança e se cobriu de zelo, como de um manto.

18 Segundo as obras deles, assim retribuirá; furor aos seus adversários e o devido aos seus inimigos; às terras do mar, dar-lhes-á a paga.

Agora, vamos voltar à passagem de Marcos 14:35—42.

CONTINUA...

OUTROS ESTUDOS SOBRE O PECADO

O PECADO — ESTUDO —001 — TERMOS GREGOS E HEBRAICOS E PALAVRAS INTRODUTÓRIAS

O PECADO — ESTUDO —002 — A QUEDA — UMA INTERPRETAÇÃO DE GÊNESIS 3 — PARTE 1

O PECADO — ESTUDO —003 — A QUEDA — UMA INTERPRETAÇÃO DE GÊNESIS 3 — PARTE 2

O PECADO — ESTUDO —004 — A QUEDA PROPRIAMENTE DITA — UMA INTERPRETAÇÃO DE GÊNESIS 3 — PARTE 3 — FINAL

O PECADO — ESTUDO 005 — A VERDADEIRA LIBERDADE

O PECADO — ESTUDO 006 — PECADO E LIVRE ARBÍTRIO

O PECADO — ESTUDO 007 — A BÍBLIA E O PELAGIANISMO

O PECADO — ESTUDO 008 — O PECADO E A SOBERANIA DE DEUS

O PECADO — ESTUDO 009 — HISTÓRIA E QUEDA

O PECADO — ESTUDOS 010 E 011 — O PECADO ORGINAL E A DEPRAVAÇÃO TOTAL

O PECADO — ESTUDOS 012 — PECADO E A GRAÇA DE DEUS

O PECADO — ESTUDOS 013ª — PECADO E  O CASTIGO PARTE A

O PECADO — ESTUDOS 013B — PECADO E O CASTIGO PARTE B — JESUS NO GETSÊMANI — PARTE 001

O PECADO — ESTUDOS 013C — PECADO E O CASTIGO PARTE C — JESUS NO GETSÊMANI — PARTE 002

O PECADO — ESTUDOS 013D — PECADO E O CASTIGO PARTE D — JESUS NO GETSÊMANI — PARTE 003

O PECADO — ESTUDOS 013E — PECADO E O CASTIGO PARTE E — JESUS NO GETSÊMANI — PARTE 004

O PECADO — ESTUDOS 013F — PECADO E O CASTIGO PARTE F — JESUS NO GETSÊMANI — PARTE 005

O PECADO — ESTUDOS 014A — O PECADO PARA A MORTE — PARTE A — INTRODUÇÃO — QUESTÕES HERMENÊUTICAS

O PECADO — ESTUDOS 014B — O PECADO PARA A MORTE — PARTE B —DIFERENTES TIPOS DE PENAS E CASTIGOS PARA O PECADO IMPERDOÁVEL

O PECADO — ESTUDOS 014C — O PECADO PARA A MORTE — PARTE C —DIFERENTES TIPOS DE PESSOAS QUE PODEM COMETER O  PECADO IMPERDOÁVEL
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2015/08/um-estudo-sobre-o-pecado-parte-014_13.html

Grande Abraço e que Deus possa abençoar a todos.

Alexandros Meimaridis

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