Luz no fim do túnel: livro
explica como o cérebro humano funciona no momento em que as pessoas vivenciam
uma experiência de quase morte (Hemera Technologies/ Thinkstock/VEJA)
O material abaixo foi publicado
pelo site da Revista VEJA e é de autoria de Natalia Cuminale.
A
neurociência da espiritualidade
O cientista americano Kevin
Nelson explica ao site de VEJA o que acontece no cérebro de quem, na iminência
da morte, relata ter antevisto o Além. E adianta: 'o mistério da
espiritualidade continua'
Por Natalia Cuminale
Como o cérebro humano funciona no
momento em que as pessoas vivenciam uma experiência de quase morte
"Mesmo se nós soubéssemos o
que faz cada molécula cerebral durante uma experiência de quase morte, o
mistério da espiritualidade continuaria existindo"
"Ninguém tem todas as
respostas. Essa é uma área que temos que pensar permanentemente. Nós precisamos
continuar discutindo sobre como o cérebro realmente funciona"
No filme Além da Vida, dirigido
por Clint Eastwood, a jornalista vivida por Cécile de France é tragada por um
tsunami na Ásia e quase morre afogada. Na iminência da morte, a personagem
enxerga vultos de pessoas vagamente familiares sob uma luz difusa. Ao 'voltar à
vida', tem a impressão de que acaba de passar por uma experiência espiritual e
conclui ter antevisto o 'outro lado'. Todo ano acontecem incontáveis casos
assim: pessoas em risco de vida enxergam parentes e amigos envoltos em luzes ou
têm a sensação de sair do próprio corpo.
A ciência define estas
experiências de quase morte como resultado da diminuição do fluxo sanguíneo no
cérebro, o que provoca alterações momentâneas na mente. "Em casos de quase
morte, os estados de consciência podem se misturar, provocando reações como
paralisia e alucinações", explica o neurocientista americano Kevin Nelson,
autor do livro The Spiritual Doorway in the Brain — a Neurologist's Search for
the God Experience (O Portal Espiritual no Cérebro — a Busca de um Neurologista
pela Experiência Divina, sem previsão de lançamento no Brasil).
Na obra, Nelson explica a ciência
por trás das experiências de quase morte, mas não descarta o papel da fé e da
espiritualidade. "Mesmo se nós soubéssemos o que faz cada molécula
cerebral durante uma experiência de quase morte, ou qualquer outra experiência,
o mistério da espiritualidade continuaria." Em entrevista ao site de VEJA,
Nelson revela como nosso cérebro cria essas visões e diz que, apesar de tudo,
ainda espera que exista vida após a morte.
Mark Cornelison/ New Photo Tk
O autor do livro, o neurologista
Kevin Nelson, é professor da Universidade de Kentucky(Mark Cornelison/ New
Photo Tk/VEJA)
Por que os relatos de
pacientes que passaram por situações de quase morte são tão parecidos?
Porque a causa é a mesma. A cada
segundo, o cérebro regula a quantidade de sangue que circula dentro dele. Se o
fluxo sanguíneo diminui, o cérebro encara isso como uma crise e aciona mecanismos
que controlam a passagem entre os estados de consciência. Normalmente, nosso
cérebro tem três estados de consciência: a vigília, quando estamos acordados, o
sono leve e o sono profundo. O cérebro mantém esses estados bem separados. Mas
o processo é diferente em pessoas que tiveram uma experiência de quase morte.
Nesses casos, em vez de passar diretamente do sono para a vigília, o
'interruptor' pode misturar os estados de consciência. Ou seja, ela não está
totalmente dormindo e nem acordada. Em um momento de crise, reações como
paralisia e alucinações podem se manifestar.
Como o senhor explica a
sensação de estar fora do corpo ou a luz no fim do túnel?
Durante a experiência de quase
morte, o sistema que ativa o sono pode ser estimulado, desativando a região do
cérebro ligada à percepção espacial e causando essas experiências
extracorpóreas. No caso da luz do fim do túnel, quando o cérebro é privado de
sangue — o que pode ocorrer no caso de um desmaio ou parada cardíaca —-, o
fluxo sanguíneo também diminui nos olhos, o que pode dar a impressão de que há
um túnel com luzes borradas.
Há alguma diferença
entre voltar da morte e a experiência de quase morte?
Para um neurologista, não existe
essa opção de voltar da morte. Se o seu cérebro está morto, você está morto.
Quando o cérebro morre é porque os neurônios morrem, as células nervosas
morrem. O que acontece é que o cérebro pode continuar a funcionar com sua
capacidade limitada. É como que só houvesse uma goteira de fluxo sanguíneo no
cérebro. Em alguns casos, podem pensar que o paciente morreu, mas não é o caso.
O cérebro continua bem vivo.
A experiência de quase
morte só ocorre em pessoas que passam por situações limite?
Isso é interessante porque, na
maioria das vezes, a experiência de quase morte é causada por um desmaio.
Sabemos que um desmaio pode provocar uma experiência parecida com a de quase
morte. Nos Estados Unidos, um terço da população vai desmaiar alguma vez na
vida, o que torna a experiência de quase morte ou a experiência espiritual uma
situação comum. Ao observar os registros médicos das pessoas que tiveram uma
experiência de quase morte, apenas metade delas estava em perigo médico real.
Outra metade pensou estar em perigo, mas não estava em uma situação médica
grave.
O senhor acha que
ciência e religião estão se aproximando?
Eu não acho que, nesse caso, a
ciência e a religião estão em conflito. Na verdade, estou interessado em saber
como o cérebro funciona. A ciência pode dizer como o cérebro funciona, mas não
pode dizer por que ele funciona desse jeito. Mesmo se nós soubéssemos o que faz
cada molécula cerebral durante uma experiência de quase morte, ou qualquer
outra experiência, o mistério da espiritualidade continuaria existindo. E
sempre haverá um espaço para a fé de cada um.
Qual o futuro da neurociência
da espiritualidade?
Será muito empolgante. Hoje nós
temos equipamentos para analisar o cérebro com os quais nem poderíamos sonhar
há vinte anos. Podemos ver de perto como são as atividades cerebrais. Acho que
a neurociência da espiritualidade ainda está no início e que descobertas muito
empolgantes estão no nosso horizonte.
Qual a importância de
entender as funções neurológicas da espiritualidade?
É muito importante. Ao entender como o cérebro
funciona durante experiências significativas é que poderemos saber
verdadeiramente o que significa ser humano, no sentido moderno.
O uso de drogas também
pode provocar situações parecidas com a experiência de quase morte?
Sim. Por exemplo, a quetamina,
que é um medicamento utilizado rotineiramente como anestésico, pode causar
experiência extracorpórea. Mas não existe uma única droga capaz de produzir
todo o fenômeno do que pensamos ser a experiência de quase morte. Muitas
pessoas têm experiência de quase morte sem ter nenhum tipo de medicamento em
seu sistema.
Podemos dizer que o
processo de experiência de quase morte é parecido com um sonho?
A experiência de quase morte usa
frequentemente alguns dos mecanismos utilizados nos sonhos. Mas não é correto
comparar a experiência de quase morte com o sonho que temos toda noite. As
alucinações do processo de quase morte podem parecer com sonhos lúcidos, que
ocorrem enquanto as pessoas estão conscientes.
Capa do livro The Spiritual
Doorway in the Brain(Divulgação/VEJA)
Como o senhor se
interessou pelo tema?
Há trinta anos, quando ainda era
um residente de medicina, um paciente me trouxe uma fotografia de uma cena que
ele mesmo havia pintado após uma experiência de quase morte. Na imagem, ele
estava deitado no quarto da UTI, e no pé da cama estava uma figura que
representava o diabo. Entre ele e o diabo, havia um anjo guardião. O diabo
estava disposto a levar sua alma. Jesus chegou e o salvou. Na ocasião, ele
achou que toda essa situação foi responsável por sua recuperação. E sentiu-se
mais poderoso por conta disso. Guardo esta foto até hoje.
Por que outros
cientistas têm receio em abordar o assunto?
Infelizmente, neurologistas não
tendem a se interessar por experiências subjetivas. Eles estão muito mais
interessados em olhar para as células em um microscópio.
Seu trabalho pode ser
considerado provocativo. E o senhor escreveu que pretende continuar provocando
controvérsia. Por quê?
As pessoas têm várias perguntas.
Ninguém tem todas as respostas. Essa é uma área que temos que pensar
permanentemente. Nós precisamos continuar discutindo sobre como o cérebro
realmente funciona.
O senhor acredita que
existe vida após a morte?
Eu realmente espero que exista.
A entrevista do Dr. Kevin Nelson
poderá ser vista no original por meio desse link aqui:
PARA PENSAR:
João 14:19
Ainda por um pouco, e o
mundo não me verá mais; vós, porém, me vereis; porque eu vivo, vós também
vivereis.
1 Coríntios 15:14
E, se Cristo não
ressuscitou, é vã a nossa pregação, e vã, a vossa fé;
1 Coríntios 15:17
E, se Cristo não
ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados.
1 Coríntios 15:19
Se a nossa esperança em
Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os
homens.
1 Coríntios 15:53—54
53 Porque é necessário
que este corpo corruptível se revista da incorruptibilidade, e que o corpo
mortal se revista da imortalidade.
54 E, quando este corpo
corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o que é mortal se revestir de
imortalidade, então, se cumprirá a palavra que está escrita: Tragada foi a
morte pela vitória.
2 Timóteo 1:8—10
8 Não te envergonhes,
portanto, do testemunho de nosso Senhor, nem do seu encarcerado, que sou eu;
pelo contrário, participa comigo dos sofrimentos, a favor do evangelho, segundo
o poder de Deus,
9 que nos salvou e nos
chamou com santa vocação; não segundo as nossas obras, mas conforme a sua
própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos
eternos,
10 e manifestada,
agora, pelo aparecimento de nosso Salvador Cristo Jesus, o qual não só destruiu
a morte, como trouxe à luz a vida e a imortalidade, mediante o evangelho.
Que Deus abençoe a todos.
Alexandros Meimaridis
PS.
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Desde
já agradecemos a todos.
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