Mahmud Hams / AFP - Israel - A comunidade internacional paga a
reconstrução daquilo que Israel destrói, diz o professor Magid.
O artigo abaixo foi publicado
pela revista Carta Capital e está baseado em pesquisas e descobertas recentes
acerca de como o estado moderno de Israel — nada a ver com o Israel bíblico –
manteve campos de concentração de palestinos entre os anos de 1948 e 1955.
Pesquisa
revela campos de concentração para palestinos após a fundação de Israel
Prisioneiros de guerra de 1948 a
1955 sofriam com miséria, falta de higiene, fome, doenças, trabalho forçado,
tortura e tentativas de fuga punidas com execuções
por Gianni Carta — De Paris
Décadas a fio, foi um segredo de
polichinelo. Palestinos detidos em campos de concentração ou de trabalho sob o
comando de judeus sionistas, entre o fim dos anos 1940 e 1955, contaram aos
mais jovens as agruras vividas: miséria, falta de higiene, fome, doenças,
trabalho forçado, tortura, tentativas de fuga punidas com execuções. No fim do
mês passado, no entanto, fatos vieram à tona, abundantemente documentados. O
jornalista Yazan al-Saadi escreveu artigo publicado pela versão inglesa do
diário Al-Akhbar sobre a existência de pelo menos 22 campos de concentração e
de trabalho, grande parte deles em território
que passara a se chamar Israel, entre 1948 e 1955. Milhares de palestinos
foram mantidos nos campos nas mais terríveis condições. Al-Saadi apoia-se na
pesquisa realizada pelo historiador Salman Abu Sitta, e pelo coautor Terry
Rempel.
Abu Sitta, especializado em
refugiados palestinos, publicou o resultado de sua pesquisa na edição de
setembro do Journal of Palestine Studies. Ao longo de mais de duas décadas de
investigação, Sitta, 76 anos, debruçou-se sobre quase 500 páginas de relatórios
do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (ICRC). Redigidos por delegados da
ICRC, como Emile Moeri, logo após a Guerra de 1948-1949, que deu aos sionistas
o Estado de Israel, os documentos são indispensáveis a uma avaliação da forma subumana
a que foram submetidos os detidos.
Campos de concentração cercados
de torres, rodeados por arame farpado, sentinelas nos portões, lembram aqueles
famosos na Polônia. Ali, homens entre 16 e 55 anos eram tratados com a maior
severidade, tidos como prisioneiros de guerra. De acordo com uma nota de
novembro de 1948 no diário de David ben Gurion, o mítico líder sionista, havia
perto de 9 mil prisioneiros de guerra em campos naquele ano. Isso, claro, sem
contar crianças e idosos. Difícil entender por que somente agora esse tema
trágico foi “descoberto”.
Abu Sitta, de todo modo,
incumbe-se de expor a razão ao diário Al-Akhbar: “Muitos desses palestinos
detidos viam Israel como um inimigo cruel, e, por conseguinte achavam que
trabalhar nos campos de concentração não era nada em comparação com a outra
maior tragédia, a Nakba. A Nakba ofuscou tudo”. A Nakba (desastre), durante a
Guerra de 1948-1949, refere-se ao êxodo de milhares de árabes, expulsos de seus
lares, na Palestina.
Embora Magid Shihade, professor
da Universidade de Birzeit e no momento professor visitante da Universidade da
Califórnia em Davis, reconheça a enorme contribuição oferecida pela pesquisa de
Abu Sitta à história palestina, não espera estudos mais aprofundados sobre os
campos de concentração. “Você verá. Mesmo quando esses fatos se tornam
conhecidos por todos, e documentados por historiadores, serão devidamente
ofuscados.” E mais: “O conhecimento não basta, o poder de Israel e dos EUA de
bloquear qualquer ação com base na existência de campos de concentração, ou
outras tragédias anteriores ou posteriores, é enorme”. Observa ainda Shihade: “E
a mídia ocidental raramente compartilha essas histórias, e por isso a maioria
dos estudiosos não terá acesso a elas”.
Shihade tem razão, em parte. O
Al-Akhbar publicou o artigo de Al-Saadi. E CartaCapital segue a mesma linha. O
artigo no Journal of Palestine Studies terá alguma repercussão. Resumiu Abu
Sitta para o Al-Akhbar: “Quanto mais você cavuca surgem mais crimes jamais
reportados e desconhecidos”. Segundo ele, a Cruz Vermelha concordou em abrir os
arquivos porque foi acusada de ter colaborado com os nazistas durante a Segunda
Guerra Mundial. Em suas viagens aos arquivos da instituição em Genebra, Sitta
descobriu cinco campos de concentração administrados por israelenses, quatro
definidos como “oficiais”. O quinto campo, este de trabalho, chamado Umm Khalid,
e talvez por esse motivo e mais pelo fato de ter sido fechado no fim de 1948,
jamais foi tido como “oficial”.
Sitta procurou os detidos citados
pela Cruz Vermelha. Obteve 22 depoimentos, todos a comprovar a existência de
campos de concentração e de trabalho. Shihade confirma que tudo era sabido e ao
mesmo tempo ignorado. “Os documentos compilados pelos funcionários da Cruz
Vermelha acabaram por corroborar o que os palestinos diziam há décadas.”
Declarou um detido em Umm Khalid
entrevistado por Abu Sitta e Rempel: “Tínhamos de cortar e transportar pedras
todos os dias em uma pedreira. Refeições diárias: uma batata na parte da manhã
e metade de um peixe seco à noite. Espancavam quem desobedecesse a ordens”.
Após entrevistar vários ex-detidos, ficou claro para Abu Sitta e Rempel que
havia pelo menos mais 17 campos de concentração “não oficiais”. Gravíssimo o
fato de a vasta maioria se encontrar dentro das fronteiras estabelecidas pela
ONU para a existência do Estado judaico.
Um relatório do delegado Emile
Moeri, redigido em janeiro de 1949, revela as vicissitudes sofridas pelos
palestinos. Crianças de 10 a 12 anos, idosos com tuberculose, morriam. E as
autoridades judias não permitiam que essas pessoas fossem tratadas em hospitais
árabes. Mais: guardas atiravam em prisioneiros de guerra, muitas vezes com a
desculpa de que tentavam fugir. Há quem diga que a Cruz Vermelha resolveu se
“adaptar” ao regime israelense para “proteger” os direitos civis mínimos dos
palestinos. Na verdade, a Cruz Vermelha mostrou-se conivente com a brutalidade
dos israelenses, impunes após violarem os direitos humanos.
Como escreve Al-Saadi: “Esse
estudo (...) mostra os fundamentos e o início da política israelense em relação
a civis palestinos a envolver sequestros, prisões e detenções”. Mais: “Essa
criminalidade perdura até hoje”. Por sua vez, Abu Sitta diz a CartaCapital: “E
visto que os EUA e o Reino Unido implantaram Israel em solo palestino, também
sabiam dos campos e das perseguições. Emenda: “E até hoje, eles apoiam Israel”.
O artigo original da Carta
Capital poderá ser visto por meio do seguinte link:
NOSSO COMENTÁRIO:
Nada como um dia depois do outro
para liquidar de vez com o misticismo e o fanatismo que os judeus são melhores
que outros povos. A cada nova descoberta ficamos mais chocados em perceber que
de todos os povos, os israelenses que tanto sofreram através dos séculos, e não
apenas durante a Segunda Guerra Mundial, infelizmente não aprenderam nada
acerca das palavras do profeta que diz:
Oséias 6:6
Porque eu quero
misericórdia e não sacrifício; e o conhecimento de Deus, mais do que
holocaustos.
OUTROS ARTIGOS SOBRE ISRAEL
Que Deus abençoe a todos.
Alexandros Meimaridis
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