A manifestação de Jesus não teria sentido sem a revelação do Senhor a Paulo
ESSA É UMA SÉRIE DE ESTUDOS QUE
VISA ABORDAR DA MANEIRA COMO CONSIDERAMOS APROPRIADA A IMPORTANTE QUESTÃO
RELATIVA À RESSURREIÇÃO DE CRISTO. TOMANDO COMO BASE AS OBRAS DE GEERHARDUS VOS
E HERMAN RIDDERBOS. NOSSA INTENÇÃO É MOSTRAR A CENTRALIDADE DA RESSURREIÇÃO DE
CRISTO NA TEOLOGIA PAULINA.
ATENÇÃO: O material contido
nesses estudos foi, em grande parte, adaptado da notas de aula e da apostila
fornecida pelo professor Dr. Richard B. Gaffin em sua aula de teologia que
explorou a importância da ressurreição de Jesus para a Teologia Paulina. Todas
as vezes que o material mostrou-se insuficiente devido os anos que já se
passaram, os lapsos foram preenchidos pelo editor do Grande Diálogo. O Dr.
Gaffin, além de professor tornou-se um amigo a quem tivemos a oportunidade de
receber em nossa casa, acompanhado de sua esposa, quando morávamos na cidade da
Filadélfia nos EUA.
CONTINUAÇÃO...
De acordo com Abraham Kuyper
temos então a seguinte sequência, que para ele era inexorável: Escrituras
Sagradas, igreja, dogma, dogmática — como teologia — e por causa da forma como
a ênfase na descontinuidade é distribuída, isso faz com que Kuyper não apenas
rejeite a teologia bíblia por considerar o nome impróprio, mas rejeite até
mesmo o conceito que ela representa. Essa é meso uma discussão muito
interessante. Todavia, não podemos deixar de afirmar que apesar de sua posição
tão rigorosa, Kuyper aprova o foco material da teologia bíblica no que diz
respeito ao interesse que a mesma demonstra no caráter histórico da Bíblia. Mas
ele lamenta a falta de visão da teologia dogmática no uso de provas no que diz
respeito à busca de um progresso verdadeiro no entendimento bíblico que resulta
do estudo da histeria da revelação das Escrituras.
Quando comparamos Vos e Kuyper
não é difícil identificarmos que a ênfase de um é o exato oposto da ênfase do
outro. Seguem alguns exemplos:
1. A forma como Kuyper constrói
seu argumento teológico é caracterizado por uma espécie de nivelamento de todos
os autores bíblicos. Não existe nenhum esforço no sentido de levar em conta
suas respectivas distinções. De fato, temos a nítida impressão que Kuyper
caminha na direção oposta a isso.
Enquanto Vos pensa em termos de
uma inclinação sistemática e na qualidade da mente de Paulo no que diz respeito
à sua capacidade altamente sintética e voltada para o ensino, Kuyper pensa que
o apóstolo, juntamente com todos os outros autores bíblicos lançam mão daquilo
que ele chama de “linguagem estilizada e simbolicamente estética do Oriente
Médio”.
2. Kuyper procura enfatizar,
exclusivamente, a descontinuidade entre os autores bíblicos e a atividade
teológica das gerações cristãs subsequentes. Por outro lado, Vos faz uma
descrição de Paulo como um teólogo e pensador específico, e suas repetidas
referências ao sistema teológico adotado pelo apóstolo são formas de expressão
completamente proibidas para Kuyper.
Os dois pontos indicados acima são
mutuamente exclusivos em vários aspectos principais. Qual do dois estará certo?
A posição assumida por Kuyper pode representar, de forma característica, a
atitude reformada, especialmente no que diz respeito a relação de Paulo e a
formulação dogmática. Mas por outro lado temos que admitir que a interpretação
de Vos é mais apropriada para lidarmos com o apóstolo Paulo como escritor
bíblico e como um instrumento da revelação divina.
A revelação bíblica possui um
interesse histórico. As Escrituras Sagradas são um registro da história da
revelação. A análise dessa história — análise que é bem-vinda pelo próprio
Kuyper — tem deixado claro que a revelação é um fenômeno diferenciado, composto
por atos e palavras que explicam os atos. Deus se Revela a Si mesmo tanto em
atos redentores como em palavras de revelação que explicam seus atos. A relação
orgânica entre esses dois aspectos da revelação tem se tornado cada vez mais
evidente. A revelação por meio de palavras explicativas não se sustenta
sozinha. Por esse motivo ela está sempre direcionada seja de forma implícita ou
explícita a explicar os atos redentores de Deus. As palavras de Deus estão,
invariavelmente, relacionadas a Seus atos. Os atos de redenção são a razão de
revelação existir. Uma noção não bíblica e praticamente gnóstica da revelação
surge todas as vezes, de modo inevitável, quando a mesma é considerada
independente como a fonte supridora de verdades autoevidentes. De acordo com
Vos: “a revelação está tão entrelaçada com a redenção que, se deixarmos de lado
as considerações referentes à essa última, a revelação fica como que algo
meramente suspenso no ar. Dessa forma nós podemos afirmar que a revelação é a
autenticação ou a interpretação das ações redentoras de Deus. Geralmente nós
podemos encontrar tanto a descrição de um ato quanto a revelação referente ao
mesmo numa mesma passagem produzida por qualquer escritor bíblico ou
instrumento da revelação. O que deve ser notado é que de passagem em passagem
um desses dois aspectos será mais proeminente.
A estrutura básica do Canon do
Novo Testamento reflete bem essa distinção: os Evangelhos representam os atos
redentores de Deus, enquanto as epístolas servem como meio de interpretação
desses mesmos atos. Que esse padrão é intencional é confirmado inclusive pelo Canon
do herege Maricão quando ele editou o evangelho de Lucas, entrelaçando-o com as
epístolas paulinas, com exceção das epístolas pastorais — 1 e 2 Timóteo e Tito.
Esse fato prova que o Canon de Marcião está baseado no Canon da Igreja e não
vice-versa.[1]
CONTINUA...
A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO — PARTE 001 — INTRODUÇÃO À HERMENÊUTICA.
A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO — PARTE 002 — PRINCÍPIOS METODOLÓGICOS — PARTE 001.
A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 003 — QUESTÕES METODOLÓGICAS — PARTE 002 — A RELAÇÃO ENTRE OS ATOS REDENTORES DE DEUS E A REVELAÇÃO DAS ESCRITURAS SAGRADAS
A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 004 — QUESTÕES METODOLÓGICAS — PARTE 003 — A RELAÇÃO ENTRE PAULO E SEUS INTÉRPRETES MODERNOS
A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 005 — QUESTÕES METODOLÓGICAS — PARTE 004 — PAULO, NÓS E A HISTÓRIA DA REDENÇÃO
A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 006 — QUESTÕES METODOLÓGICAS — PARTE 005 — PAULO E SEUS INTÉRPRETES — PARTE 01
A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 007 — QUESTÕES METODOLÓGICAS — PARTE 006 — PAULO E SEUS INTÉRPRETES — PARTE 002
A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 008 — QUESTÕES METODOLÓGICAS — PARTE 007 — PAULO E SEUS INTÉRPRETES — PARTE 003 — FINAL
A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 009 — O TEMA CENTRAL E SUA ESTRUTURA BÁSICA — PARTE 001 — CRISTO, AS PRIMÍCIAS — PARTE 001
A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 010 — O TEMA CENTRAL E SUA ESTRUTURA BÁSICA — PARTE 002 — CRISTO É AS PRIMÍCIAS E OS CRENTES SÃO A COLHEITA PLENA — PARTE 002
A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 011 — O TEMA CENTRAL E SUA ESTRUTURA BÁSICA — PARTE 003 — CRISTO É O PRIMOGÊNITO DENTRE OS MORTOS — PARTE 003
A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 012 — O TEMA CENTRAL E SUA ESTRUTURA BÁSICA — PARTE 004 — A RESSURREIÇÃO DE CRISTO E A RESSURREIÇÃO DOS CRENTES SÃO EPISÓDIOS DE UM ÚNICO EVENTO
A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 013 — A RESSURREIÇÃO DE CRISTO E A RESSURREIÇÃO PASSADA DOS CRENTES — PARTE 001
A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 014 — A RESSURREIÇÃO DE CRISTO E A RESSURREIÇÃO PASSADA DOS CRENTES — PARTE 002
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2017/01/a-ressurreicao-de-cristo-dentre-os.html
A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO — PARTE 001 — INTRODUÇÃO À HERMENÊUTICA.
A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO — PARTE 002 — PRINCÍPIOS METODOLÓGICOS — PARTE 001.
A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 003 — QUESTÕES METODOLÓGICAS — PARTE 002 — A RELAÇÃO ENTRE OS ATOS REDENTORES DE DEUS E A REVELAÇÃO DAS ESCRITURAS SAGRADAS
A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 004 — QUESTÕES METODOLÓGICAS — PARTE 003 — A RELAÇÃO ENTRE PAULO E SEUS INTÉRPRETES MODERNOS
A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 005 — QUESTÕES METODOLÓGICAS — PARTE 004 — PAULO, NÓS E A HISTÓRIA DA REDENÇÃO
A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 006 — QUESTÕES METODOLÓGICAS — PARTE 005 — PAULO E SEUS INTÉRPRETES — PARTE 01
A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 007 — QUESTÕES METODOLÓGICAS — PARTE 006 — PAULO E SEUS INTÉRPRETES — PARTE 002
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A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 010 — O TEMA CENTRAL E SUA ESTRUTURA BÁSICA — PARTE 002 — CRISTO É AS PRIMÍCIAS E OS CRENTES SÃO A COLHEITA PLENA — PARTE 002
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A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 010 — O TEMA CENTRAL E SUA ESTRUTURA BÁSICA — PARTE 002 — CRISTO É AS PRIMÍCIAS E OS CRENTES SÃO A COLHEITA PLENA — PARTE 002
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A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO – PARTE 013 — A RESSURREIÇÃO DE CRISTO E A RESSURREIÇÃO PASSADA DOS CRENTES — PARTE 001
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A RESSURREIÇÃO DE CRISTO DENTRE OS MORTOS NA TEOLOGIA DE PAULO — PARTE 015 — A RESSURREIÇÃO DE CRISTO E A RESSURREIÇÃO PASSADA DOS CRENTES — PARTE 003
Que Deus Abençoe a Todos.
Alexandros Meimaridis
PS. Pedimos a todos os nossos leitores que puderem que “curtam” nossa
página no Facebook através do seguinte link:
Desde já agradecemos a todos.
[1]
Para uma discussão mais ampla acerca da posição de Marcião ver a obra de
Theodor Zahn. Geschichte des neutestamentlichen Kanons — Pesquisa na História do Canon do
Novo Testamento em 2 Volumes. A. Deichert, Leipzig, 1904.
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