Esse
esboço de sermão é parte da série "Exposição da Epístola aos Efésios"
e é muito recomendável que o leitor procure conhecer todos os aspectos das
verdades contidas nessa exposição, com aplicações para os nossos dias. No final
do artigo você encontrará um link para outros estudos dessa série.
EXPOSIÇÃO DA EPÍSTOLA DE PAULO
AOS EFÉSIOS
Uma exposição adicional ao sermão 0015 de Efésios que poderá ser visto por meio desse link aqui:
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2015/04/efesios-21112-sermao-015-nossa-precaria.html
Filipenses
3:3
Porque
nós é que somos a circuncisão, nós que adoramos a Deus no Espírito, e nos
gloriamos em Cristo Jesus, e não confiamos na carne.
Porque
nós é que somos a circuncisão
Para entendermos exatamente
aquilo que o apóstolo Paulo está dizendo aqui é necessário respondermos às
seguintes perguntas: O que era a circuncisão? E qual era propósito da mesma?
A. A
circuncisão: o que é? – fisicamente falando.
1. Os termos usados nas línguas originais são:
a. No hebraico = מּוּלֹת — mulot — circuncisão.
b. No grego = περιτομή — peritomí — circuncisão.
2. No português — circuncisão — do latim
circumcisione, quer dizer: rito de iniciação, que consiste em cortar o
prepúcio. Prepúcio é a pele que cobre a glande ou “cabeça” do órgão sexual
masculino. O procedimento cirúrgico que remove esta pele é chamado de
postectomia.
3. A circuncisão, portanto, consiste na remoção,
através de um corte, da pele que reveste a glande do pênis masculino e é um
costume que existe desde a Antiguidade entre povos de todas as raças espalhadas
pelas Américas, África e Austrália.
B. A
circuncisão na Antiguidade do Crescente Fértil.
1. A circuncisão foi adotada pelos povos semitas
que habitavam a Palestina e o Egito — hebreus, árabes, moabitas, amonitas,
edomitas e egípcios, mas era desconhecida dos semitas que habitavam na região
do rio Eufrates na Mesopotâmia.
2. Na terra de Canaã, os filisteus não usavam
praticar a circuncisão, daí receberem o epíteto de “incircuncisos”.
3. A prática da circuncisão antecedia a obtenção de
certos privilégios políticos e religiosos —
Êxodo
12:48
Porém,
se algum estrangeiro se hospedar contigo e quiser celebrar a Páscoa do SENHOR,
seja-lhe circuncidado todo macho; e, então, se chegará, e a observará, e será
como o natural da terra; mas nenhum incircunciso comerá dela.
Ezequiel
44:9
Assim
diz o SENHOR Deus: Nenhum estrangeiro que se encontra no meio dos filhos de
Israel, incircunciso de coração ou incircunciso de carne, entrará no meu
santuário.
Apesar de não sabermos exatamente como essa prática
da circuncisão começou acreditamos que a mesma tenha íntima relação com as
práticas religiosas da Antiguidade.
C. A
circuncisão no Antigo Testamento.
No Antigo Testamento quando lemos o livro de
Gênesis capítulo 17, que narra o estabelecimento da aliança feita entre Deus e
Abraão —
Gênesis
17:2
Farei
uma aliança entre mim e ti e te multiplicarei extraordinariamente.
nós podemos notar que a circuncisão foi vista como
sendo o “meio” pelo qual o pacto foi ratificado ou confirmado —
Gênesis
17:10—11
10
Esta é a minha aliança, que guardareis entre mim e vós e a tua descendência:
todo macho entre vós será circuncidado.
11
Circuncidareis a carne do vosso prepúcio; será isso por sinal de aliança entre
mim e vós.
Por meio daquele acordo ou aliança, o Deus Eterno
assumia a responsabilidade de ser o Deus de Abraão e seus descendentes —
Gênesis
17:8
Dar-te-ei
e à tua descendência a terra das tuas peregrinações, toda a terra de Canaã, em
possessão perpétua, e serei o seu Deus.
Abraão viria tornar-se pai de numerosas multidões e
o fundador de uma linhagem real —
Gênesis
17:4—6
4
Quanto a mim, será contigo a minha aliança; serás pai de numerosas nações.
5
Abrão já não será o teu nome, e sim Abraão; porque por pai de numerosas nações
te constituí.
6 Far-te-ei
fecundo extraordinariamente, de ti farei nações, e reis procederão de ti.
Para se manter a aliança com o Deus Eterno era
necessário que, daquele momento em diante, todo macho, nascido no meio dos
descendentes de Abraão e todos os outros que desejassem participar da aliança,
fosse circuncidado ao oitavo dia —
Gênesis
17:12—13
12 O
que tem oito dias será circuncidado entre vós, todo macho nas vossas gerações,
tanto o escravo nascido em casa como o comprado a qualquer estrangeiro, que não
for da tua estirpe.
13 Com
efeito, será circuncidado o nascido em tua casa e o comprado por teu dinheiro;
a minha aliança estará na vossa carne e será aliança perpétua.
De acordo com as ciências médicas, os dois
elementos mais importantes relacionados com a coagulação do sangue humano são,
a vitamina K e a proteína chamada de protrombina. Estes dois elementos atingem
níveis ideais exatamente no oitavo dia de vida. Com isto, praticamente não
existe perda de sangue durante o processo de circuncisão efetuado ao oitavo
dia, pois o organismo está mais do que preparado para estancar o sangue. No
meio de outros povos e outras culturas a circuncisão não é praticada na
infância e sim, durante a puberdade, quando os meninos iniciam o processo de
passagem entre a vida infantil e a vida juvenil e adulta. Para os hebreus,
todavia, a circuncisão significava a ratificação do pacto ou aliança feita
entre Deus e Abraão e seus descendentes. Por este motivo, quanto antes fosse
praticada, melhor. Esta foi a mesma lógica utilizada pelos pais da igreja –
aqueles que lideraram a igreja do Senhor durante o secundo século a.D. — do ano
100 até o ano 200 — para introduzir o batismo infantil. Se estamos em uma aliança
com Deus, e, de fato, estamos em uma Nova Aliança com Deus, porque demorarmos
em estender aos nossos filhos e filhas o privilégio de serem alistados como
membros desta aliança. Aqueles que se preocupam com a idade dos batizandos —
infantes ou pessoas maiores — ou que dão suprema importância ao modo — imersão
total, imersão parcial, aspersão ou efusão — bem como à quantidade de água
envolvida — muita água ou pouca água — no processo de batismo, valorizam
mais o ato em si, dando ao mesmo uma importância imprópria e acabam por não
enxergar o verdadeiro propósito do batismo como símbolo da aliança que temos
com Deus, aliança esta que está completamente estendida aos nossos filhos e
filhas.
Os judeus que saíram do Egito estavam
circuncidados, mas toda aquela geração pereceu no deserto devido à
incredulidade de seus corações. A geração nascida no deserto não foi
circuncidada até que eles entraram na terra prometida —
Josué
5:1—9
1 Sucedeu
que, ouvindo todos os reis dos amorreus que habitavam deste lado do Jordão, ao ocidente,
e todos os reis dos cananeus que estavam ao pé do mar que o SENHOR tinha secado
as águas do Jordão, de diante dos filhos de Israel, até que passamos,
desmaiou-se-lhes o coração, e não houve mais alento neles, por causa dos filhos
de Israel.
2 Naquele
tempo, disse o SENHOR a Josué: Faze facas de pederneira e passa, de novo, a
circuncidar os filhos de Israel.
3 Então,
Josué fez para si facas de pederneira e circuncidou os filhos de Israel em
Gibeate-Haralote.
4 Foi
esta a razão por que Josué os circuncidou: todo o povo que tinha saído do
Egito, os homens, todos os homens de guerra, eram já mortos no deserto, pelo
caminho.
5 Porque
todo o povo que saíra estava circuncidado, mas a nem um deles que nascera no
deserto, pelo caminho, depois de terem saído do Egito, haviam circuncidado.
6
Porque quarenta anos andaram os filhos de Israel pelo deserto, até se acabar
toda a gente dos homens de guerra que saíram do Egito, que não obedeceram à voz
do SENHOR, aos quais o SENHOR tinha jurado que lhes não havia de deixar ver a
terra que o SENHOR, sob juramento, prometeu dar a seus pais, terra que mana
leite e mel.
7 Porém
em seu lugar pôs a seus filhos; a estes Josué circuncidou, porquanto estavam
incircuncisos, porque os não circuncidaram no caminho.
8 Tendo
sido circuncidada toda a nação, ficaram no seu lugar no arraial, até que
sararam.
9 Disse
mais o SENHOR a Josué: Hoje, removi de vós o opróbrio do Egito; pelo que o nome
daquele lugar se chamou Gilgal até o dia de hoje.
O dia em que Josué circuncidou os filhos de Israel
foi marcado como o dia efetivo, em que Deus removeu – literalmente גִּלְגָּל — gileggal — um a roda, um rolo — ou rolou, de sobre o povo de Israel tudo o que a
vida de escravidão no Egito havia significado para eles.
D. O
significado Espiritual da Circuncisão.
O significado espiritual da circuncisão pode ser
encontrado em versículos como:
Deuteronômio
10:15—16
Tão
somente o SENHOR se afeiçoou a teus pais para os amar; a vós outros, descendentes
deles, escolheu de todos os povos, como hoje se vê. Circuncidai, pois, o vosso
coração e não mais endureçais a vossa cerviz.
Deuteronômio
30:6
O
SENHOR, teu Deus, circuncidará o teu coração e o coração de tua descendência, para
amares o SENHOR, teu Deus, de todo o coração e de toda a tua alma, para que
vivas.
Jeremias
9:25—26
Eis
que vêm dias, diz o SENHOR, em que castigarei a todos os circuncidados
juntamente com os incircuncisos: ao Egito, e a Judá, e a Edom, e aos filhos de
Amom, e a Moabe, e a todos os que cortam os cabelos nas têmporas e habitam no
deserto; porque todas as nações são incircuncisas, e toda a casa de Israel é
incircuncisa de coração.
Note
que para o profeta Jeremias o povo de Israel não era melhor do que aqueles povos
que não eram circuncidados, porque a verdadeira circuncisão, a que realmente
conta, é efetuada por Deus e acontece no coração! O profeta Jeremias não dava a mínima importância
ao ato externo em si mesmo. Seu interesse estava onde realmente precisava estar:
é o coração que importa e não a pele do prepúcio! Tudo isto deve nos ajudar a
entender o que o apóstolo Paulo está dizendo aqui em
Filipenses
3:3
Porque
nós é que somos a circuncisão, nós que adoramos a Deus no Espírito, e nos
gloriamos em Cristo Jesus, e não confiamos na carne.
De fato Paulo usa a expressão grega κατατομή — katatomí – cortar ou mutilar – para se referir a esta circuncisão da carne que
vem desacompanhada de qualquer transformação genuinamente espiritual —
Gálatas
5:12
Tomara
até se mutilassem os que vos incitam à rebeldia.
Esta questão, que envolvia o aspecto se os cristão
entre os gentios, deveriam ou não ser circuncidados, fisicamente falando,
causou enorme pressão entre os primeiros discípulos ou seguidores de Jesus, que
haviam se convertido entre aqueles que não eram judeus. Pessoas que eram judeus
e que haviam se convertido à fé em Jesus argumentavam que era necessário
circuncidar os convertidos vindos do mundo gentílico. Para estes judeus, a
circuncisão obrigatória dos gentios convertidos funcionava como uma espécie de
“vingança” pelo que os judeus haviam sofrido nas mãos dos gregos e dos romanos,
particularmente no que diz respeito à própria circuncisão, já que em
determinadas épocas, os dominadores estrangeiros, proibiram tal prática. Para
os judeus a salvação vinha dos judeus e era para os judeus somente — isto se
chama exclusivismo e é puro racismo. Por este motivo, para os judeus, era necessário tornar-se judeu
primeiro — via circuncisão — para então, tornar-se cristão — via batismo. Paulo
permitiu que Timóteo fosse circuncidado “por causa dos judeus” – ver Atos 16:3. Esta foi uma única exceção!
O motivo porque Paulo afirma que nós, os cristãos,
somos a circuncisão é porque enquanto os judeus são fisicamente circuncidados a
nós, cristãos, nos foi concedido o privilégio de experimentar a verdadeira
circuncisão, a que conta para valer, aquela que é do coração. A verdadeira
circuncisão é aquela que acontece com todos os que experimentam uma real
convicção relacionada à pecaminosidade humana. Ela acontece somente com aqueles que possuem uma verdadeira
compreensão acerca da realidade daquilo que somos como pecadores diante de
Deus. Esses são aqueles cuja dureza de coração foi removida e que se
aperceberam de sua própria iniquidade, quando foram completamente expostos à
mesma. São os que experimentam a dor e tristeza acompanhadas da contrição e do
arrependimento, diante não apenas daquilo que fazem, mas diante daquilo que são. Somente quando renunciamos, de maneira completa e
absoluta, a qualquer prerrogativa representada por nossa própria justiça e nos
reconhecemos por aquilo que realmente somos diante de Deus, pecadores
inveterados, é que a circuncisão do coração acontece. Temos que experimentar o
que o profeta Isaías experimentou quando disse:
Isaías
64:6
Mas
todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças, como trapo da
imundícia; todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniquidades, como um
vento, nos arrebatam.
Isaías
6:1—5
1 No
ano da morte do rei Uzias, eu vi o Senhor assentado sobre um alto e sublime
trono, e as abas de suas vestes enchiam o templo.
2 Serafins estavam por cima dele; cada um tinha
seis asas: com duas cobria o rosto, com duas cobria os seus pés e com duas
voava.
3 E
clamavam uns para os outros, dizendo: Santo, santo, santo é o SENHOR dos
Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória.
4 As
bases do limiar se moveram à voz do que clamava, e a casa se encheu de fumaça.
5
Então, disse eu: ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros,
habito no meio de um povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei, o
SENHOR dos Exércitos!
Quando chegamos a nos reconhecer desta maneira,
então Deus opera a circuncisão feita por mãos não humanas, a circuncisão do
coração, a verdadeira circuncisão. Deus é o autor de tal circuncisão. O louvor devido por essa circuncisão pertence
exclusivamente a Deus! E essa circuncisão acontece no coração e não tem nada a
ver com a remoção física do prepúcio. Todo aquele que experimenta a verdadeira
circuncisão ama o Senhor e o teme. E esse amor e temor é manifestado, de forma
prática, em um viver que é coerente com a vontade revelada de Deus. Estes são
aqueles a quem o apóstolo Paulo se refere como...
Nós
que adoramos a Deus no Espírito — O “objeto” supremo da nossa adoração deve ser sempre Deus e somente
Deus. Não podemos, nunca, adorar nenhuma criatura seja viva ou inanimada. Não
podemos adorar imagens de pedra, de barro, de metal fundido ou de gesso, nem
animais, nem pássaros, nem homens, nem anjos. Somente Deus deve ser adorado.
Deus é o único criador e, por esse motivo, o único que deve ser adorado.
Orações devem ser elevadas somente a Deus, da mesma maneira que o batismo deve
ser administrado em Seu glorioso nome: Pai, Filho e Espírito Santo. De modo
semelhante, nossa confiança deve ser depositada exclusivamente em Deus. A
adoração que devemos a Deus é tanto interna como externa, tanto pública como
privada. Independente destes aspectos, nossa adoração a Deus deve ser sempre em
espírito e em verdade —
João
4:23—24
23 Mas
vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em
espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores.
24 Deus
é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade.
Isto quer dizer que quando vamos adorar a Deus
temos que fazê-lo, com a totalidade daquilo que somos —
Marcos
12:30
Amarás,
pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o
teu entendimento e de toda a tua força.
Além disso, é necessário que nossa adoração seja
coerente com as nossas vidas i.e., com o tipo de vida que estamos vivendo. É
realmente uma grande tolice pensar que podemos viver de qualquer modo,
ignorando as verdades reveladas pela Palavra de Deus, e comparecermos diante de
Deus para Lhe prestarmos culto. O povo de Israel tentou fazer exatamente isso,
mas foi duramente condenado por Deus nos dias de Isaías, o profeta —
Isaías
1:11—18
11 De
que me serve a mim a multidão de vossos sacrifícios? —diz o SENHOR. Estou farto
dos holocaustos de carneiros e da gordura de animais cevados e não me agrado do
sangue de novilhos, nem de cordeiros, nem de bodes.
12 Quando
vindes para comparecer perante mim, quem vos requereu o só pisardes os meus
átrios?
13 Não
continueis a trazer ofertas vãs; o incenso é para mim abominação, e também as
Festas da Lua Nova, os sábados, e a convocação das congregações; não posso suportar
iniqüidade associada ao ajuntamento solene.
14 As
vossas Festas da Lua Nova e as vossas solenidades, a minha alma as aborrece; já
me são pesadas; estou cansado de as sofrer.
15 Pelo
que, quando estendeis as mãos, escondo de vós os olhos; sim, quando
multiplicais as vossas orações, não as ouço, porque as vossas mãos estão cheias
de sangue.
16 Lavai-vos,
purificai-vos, tirai a maldade de vossos atos de diante dos meus olhos; cessai
de fazer o mal.
17 Aprendei
a fazer o bem; atendei à justiça, repreendei ao opressor; defendei o direito do
órfão, pleiteai a causa das viúvas.
18
Vinde, pois, e arrazoemos, diz o SENHOR; ainda que os vossos pecados sejam como
a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos
como o carmesim, se tornarão como a lã.
Nossa adoração precisa ser coerente e consistente
com o padrão de vida de santidade com que Deus nos capacitou e que realmente
espera que vivamos no dia-a-dia. Nos dias de hoje, a vasta maioria dos chamados
“crentes evangélicos”, sentem-se livres para viver como bem entenderem. São
estes que se dão ao direito de ignorar os mandamentos de Deus conforme suas
conveniências. Eles realmente não entendem que precisam ter o coração
circuncidado. Não há nenhuma evidência externa de que uma obra da graça de Deus
foi realmente feita em seus corações. Eles agem exatamente como agem àqueles
que não creem. Ora, se alguém pensa como um incrédulo, fala como um incrédulo e
age como um incrédulo, ele é um incrédulo e não um crente.
Essas pessoas conhecem as rotinas dos crentes.
Cantam os cânticos, fazem orações, contribuem financeiramente, mas não existe
verdadeira obra da graça em seus corações. São mentirosos, pretensiosos, falsos
irmãos, politiqueiros e estão nas comunidades apenas pelos privilégios que
podem derivar dela. Seus corações, incircuncisos, diga-se de passagem, não
estão no serviço cristão e sim no poder e no orgulho. O profeta Isaías nos deu
uma perfeita descrição destas pessoas —
Isaías
28:9—19
9 A
quem, pois, se ensinaria o conhecimento? E a quem se daria a entender o que se
ouviu? Acaso, aos desmamados e aos que foram afastados dos seios maternos?
10 Porque
é preceito sobre preceito, preceito e mais preceito; regra sobre regra, regra e
mais regra; um pouco aqui, um pouco ali.
11
Pelo que por lábios gaguejantes e por língua estranha falará o SENHOR a este
povo,
12 ao
qual ele disse: Este é o descanso, dai descanso ao cansado; e este é o
refrigério; mas não quiseram ouvir.
13 Assim,
pois, a palavra do SENHOR lhes será preceito sobre preceito, preceito e mais
preceito; regra sobre regra, regra e mais regra; um pouco aqui, um pouco ali;
para que vão, e caiam para trás, e se quebrantem, se enlacem, e sejam presos.
14 Ouvi,
pois, a palavra do SENHOR, homens escarnecedores, que dominais este povo que
está em Jerusalém.
15
Porquanto dizeis: Fizemos aliança com a morte e com o além fizemos acordo;
quando passar o dilúvio do açoite, não chegará a nós, porque, por nosso refúgio,
temos a mentira e debaixo da falsidade nos temos escondido.
16
Portanto, assim diz o SENHOR Deus: Eis que eu assentei em Sião uma pedra, pedra
já provada, pedra preciosa, angular, solidamente assentada; aquele que crer não
foge.
17
Farei do juízo a régua e da justiça, o prumo; a saraiva varrerá o refúgio da
mentira, e as águas arrastarão o esconderijo.
18 A
vossa aliança com a morte será anulada, e o vosso acordo com o além não
subsistirá; e, quando o dilúvio do açoite passar, sereis esmagados por ele.
19
Todas as vezes que passar, vos arrebatará, porque passará manhã após manhã, e
todos os dias, e todas as noites; e será puro terror o só ouvir tal notícia.
Isaías
29:13—16
13 O
Senhor disse: Visto que este povo se aproxima de mim e com a sua boca e com os
seus lábios me honra, mas o seu coração está longe de mim, e o seu temor para
comigo consiste só em mandamentos de homens, que maquinalmente aprendeu,
14 continuarei
a fazer obra maravilhosa no meio deste povo; sim, obra maravilhosa e um
portento; de maneira que a sabedoria dos seus sábios perecerá, e a prudência
dos seus prudentes se esconderá.
15 Ai
dos que escondem profundamente o seu propósito do SENHOR, e as suas próprias
obras fazem às escuras, e dizem: Quem nos vê? Quem nos conhece?
16 Que
perversidade a vossa! Como se o oleiro fosse igual ao barro, e a obra dissesse
do seu artífice: Ele não me fez; e a coisa feita dissesse do seu oleiro: Ele
nada sabe.
Deus os conhece. Deus sabe o que vai em seus
corações. Deus fará justiça! Precisamos urgentemente dar ouvidos às palavras de
Tiago quando diz que precisamos nos achegar, com humildade, a Deus; que
precisamos purificar nossas mãos e limpar nossos corações; precisamos também
afligir-nos, lamentar e chorar ao ponto de nosso riso se converter em copioso
choro e nossa alegria em genuína tristeza —
Tiago
4:8—10
8 Chegai-vos
a Deus, e ele se chegará a vós outros. Purificai as mãos, pecadores; e vós que
sois de ânimo dobre, limpai o coração.
9 Afligi-vos,
lamentai e chorai. Converta-se o vosso riso em pranto, e a vossa alegria, em
tristeza.
10
Humilhai-vos na presença do Senhor, e ele vos exaltará.
Jesus nos advertiu que, juntamente com os
verdadeiros cristãos, que são comparados ao trigo, uma verdadeira multidão de
incrédulos, que são comparados ao joio, crescem lado a lado durante a era da
igreja. Somente no juízo final é que o
falso será definitivamente separado do verdadeiro — ver Mateus 13:24—30 e 36—43.
E nos
gloriamos em Cristo Jesus —
Esta expressão indica que nós renunciamos a toda e qualquer confiança que
pudéssemos ter em nós mesmos ou em nossas obras pessoais. Essa é uma condição
realmente “sine qua non”, quando queremos nos aproximar do Deus verdadeiro. Temos que
nos reconhecer por aquilo que somos: pecadores, que precisam desesperadamente
da graça do Senhor Jesus.
Quando chegamos nesse ponto, estamos prontos para iniciar a nos “gloriar em
Cristo”. E, os que se gloriam em Cristo são os únicos verdadeiros adoradores de
Deus, são os que verdadeiramente adoram a Deus em Espírito e em verdade. São esses
que alcançaram, de fato, aquilo que é apenas contemplado tanto pela circuncisão
quanto por outros atos religiosos. Porque nos gloriamos em Cristo, i.e., porque
confiamos totalmente em Jesus, em Sua sabedoria, em Sua riqueza em Sua justiça,
em Sua pessoa e em Sua graça é que podemos no colocar na posição de...
E não
confiamos na carne — A
palavra carne, neste versículo, representa tudo aquilo, à parte de Jesus
Cristo, em que uma pessoa pode colocar sua esperança, no que diz respeito à
salvação eterna da sua alma. Paulo usa o seu próprio exemplo para ilustrar a
absoluta falta de valor destas coisas – rituais, cerimônias, hereditariedade,
moralismo e legalismo —
Filipenses
3:4—9
4 Bem
que eu poderia confiar também na carne. Se qualquer outro pensa que pode
confiar na carne, eu ainda mais:
5
circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu
de hebreus; quanto à lei, fariseu,
6 quanto
ao zelo, perseguidor da igreja; quanto à justiça que há na lei, irrepreensível.
7 Mas
o que, para mim, era lucro, isto considerei perda por causa de Cristo.
8 Sim,
deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de
Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero
como refugo, para ganhar a Cristo
9 e
ser achado nele, não tendo justiça própria, que procede de lei, senão a que é
mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé.
Isso quer dizer que não confiamos naquilo que nossa
natureza, que é tão corrompida, pode produzir. Quer dizer também que não
confiamos, para a nossa salvação, em nenhum tipo de ordenança ou ritual externo
e diretamente relacionado ao nosso corpo físico, tal como, a circuncisão e o
batismo. Também não confiamos em relacionamentos de sangue. Os judeus
costumavam pensar que, por serem descendentes de Abraão, estavam seguros no seu
relacionamento com Deus. Assim, a confiança na carne, a que Paulo está se
referindo, tem a ver com vantagens obtidas ou advindas do berço em que alguém
nasceu, como se, descender de Abraão, apenas, fosse suficiente para salvar
alguém. É óbvio que confiar a salvação eterna a algum tipo de relacionamento de
sangue ou parentesco é uma grande tolice, pois o próprio João Batista
confrontou os líderes religiosos de seus dias exatamente por este motivo —
Mateus
3:7—9
7 Vendo
ele, porém, que muitos fariseus e saduceus vinham ao batismo, disse-lhes: Raça
de víboras, quem vos induziu a fugir da ira vindoura?
8 Produzi,
pois, frutos dignos de arrependimento;
9 e
não comeceis a dizer entre vós mesmos: Temos por pai a Abraão; porque eu vos
afirmo que destas pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão.
O que João Batista disse àqueles homens, em outras
palavras, era o seguinte: Deus tinha o poder de destruir Israel e criar um novo
povo para si, novos filhos de Abraão, e de fato é isto mesmo que Deus fará se
Israel não se arrepender. O mesmo é verdadeiro com relação àqueles que confiam
ou derivam sua salvação, da obediência externa aos mandamentos da Lei, bem como
a tudo aquilo que o ser humano é capaz de fazer, por si mesmo, sem o auxílio de
nada ou de ninguém. Nenhuma destas coisas pode produzir verdadeira esperança de
salvação. Todos o que querem depositar qualquer confiança, mesmo por menor que
seja, em qualquer coisa que vá além de, em Jesus somente, estão enquadrados
juntamente com aqueles que confiam na carne. E os que confiam na carne não
podem se gloriar em Cristo, não podem adorar a Deus em Espírito e em verdade. O
verdadeiro crente confia completa e exclusivamente somente em Jesus, quando o
assunto é a salvação eterna da sua alma.
OUTRAS MENSAGENS DA SÉRIE NA
EPÍSTOLA AOS EFÉSIOS
ALGUNS
ASPECTOS DAS INSONDÁVEIS RIQUEZAS DE CRISTO COMO APRESENTADAS EM EFÉSIOS
EFÉSIOS
1:1—2 — SERMÃO 001 — INTRODUÇÃO À EPÍSTOLA AOS EFÉSIOS
EFÉSIOS
1:3—14 — SERMÃO 002 — TODA SORTE DE BÊNÇÃO ESPIRITUAL
EFÉSIOS
1:4—6 — SERMÃO 003 —A BÊNÇÃO DA NOSSA ELEIÇÃO POR DEUS
EFÉSIOS
1:7—8 — SERMÃO 004 —A BÊNÇÃO DA NOSSA REDENÇÃO
EFÉSIOS
1:9—10 — SERMÃO 005 —A BÊNÇÃO DA UNIFICAÇÃODE TODAS AS COISAS EM CRISTO
EFÉSIOS
1:11—14 — SERMÃO 006 — A BÊNÇÃO DE DEUS EM PERSPECTIVA
EFÉSIOS
1:15—16— SERMÃO OO7 — A IMPORTÂNCIA DA FÉ E DO AMOR
EFÉSIOS
1:16—17 — SERMÃO OO8 — A IMPORTÂNCIA DO ESPÍRITO SANTO EM NOSSAS VIDAS
EFÉSIOS
1:18—21 — SERMÃO OO9 — A ESPERANÇA DO SEU CHAMAMENTO EM NOSSAS VIDAS
EFÉSIOS
1:18—21 — SERMÃO O10 — A RIQUEZA DA GLÓRIA DA SUA HERANÇA NOS SANTOS
EFÉSIOS
1:18—21 — SERMÃO O11 — A SUPREMA RIQUEZA DO SEU PODER
EFÉSIOS
1:22—23 — SERMÃO O12 — A IGREJA E CRISTO COMO PLENITUDE
EFÉSIOS
2:1—3 — SERMÃO O13 — A CONDIÇÃO DO SER HUMANO SEM DEUS
EFÉSIOS
2:4—10 — SERMÃO 014 — A CONDIÇÃO
HUMANA PELA GRAÇA DE DEUS
O
QUE DEUS FEZ POR NÓS — SALVAÇÃO
PARA
O QUE DEUS NOS SALVOU?
EFÉSIOS
2:11—12 — SERMÃO 015 — MOSSA PRECÁRIA CONDIÇÃO ANTES DE CRISTO VIR AO MUNDO
A
VERDADEIRA CIRCUNCISÃO E O VERDADEIRO BATISMO
Que Deus abençoe a todos
Alexandros Meimaridis
PS. Pedimos a todos os nossos leitores que puderem
que “curtam” nossa página no Facebook através do seguinte link:
Desde já agradecemos a todos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário