Essa é uma
série cujo propósito é estudar, com profundidade, a vida de José como um Tipo
do Senhor Jesus Cristo. No final de cada estudo você irá encontrar links para
outros estudos. A Série tem o título Geral de: José como Tipo de Cristo.
José Como Tipo de Cristo — Estudos 031
031. José Era uma Pessoa Consagrada a Deus.
Gênesis 39:6
Potifar tudo o que tinha confiou às mãos de José, de maneira que, tendo-o
por mordomo, de nada sabia, além do pão com que se alimentava. José era formoso
de porte e de aparência.
Quando lemos
esse versículo não temos como não nos admirar da forma maravilhosa como o
Espírito Santo guiou e guardou José como tipo de Cristo. Nós temos que aprender
sempre a distinguir entre a pessoa e o lugar que ela está ocupando. José havia
experimentado a degradação da escravidão. Ele não gozava mais de sua liberdade,
mas dependia completamente de outra pessoa. Ele não estava mais habitando na
casa de seu pai na terra de Canaã, mas era um escravo na casa de um egípcio.
Essa era sua posição. Mas acerca de
sua pessoa algo bem diferente nos é
dito: “Potifar tudo o que
tinha confiou às mãos de José” e “José era formoso de porte e de aparência”.
A primeira
expressão indica que Potifar havia entregado ou confiado o cuidado de todos os
seus bens nas mãos de José. Note que essa expressão é diferente daquela usada
em Gênesis 39:4 que é “passou”. No hebraico esses dois termos deixam mais
evidente o que estamos querendo dizer:
נָתַן — natan — cujo
significado é: dar, pôr e estabelecer.
עָזַב — `azab — cujo
significado é: deixar, soltar e abandonar.
A segunda
atitude de Potifar caracterizada por `azab — deixar, soltar ou abandonar, indica que ele estava
profundamente convencido que José estava fazendo o melhor para favorecer seus
interesses —
Neemias 9:28
28 Porém, quando se viam em descanso, tornavam a fazer o mal diante de
ti; e tu os desamparavas nas mãos dos seus inimigos, para que dominassem sobre
eles; mas, convertendo-se eles e clamando a ti, tu os ouviste dos céus e,
segundo a tua misericórdia, os livraste muitas vezes.
Salmos 37:32—33
32 O perverso espreita ao justo e procura tirar-lhe a vida.
33 Mas o SENHOR não o deixará nas suas mãos, nem o condenará quando for
julgado.
versos que
nos falam de como Deus cuida e protege todos que são seus. Curiosamente essa é
a mesma palavra que é usada para descrever o ato de José em “deixar” as vestes
nas mãos da mulher de Potifar — conforme Gênesis 39:12—13. Dessa maneira temos
que a expressão contida no verso 6 — confiou — serve de
prenúncio do terríveis desenvolvimentos posteriores que logo iriam se
precipitar.
Nosso texto
nos diz que “José era formoso de porte
e de aparência”. Talvez ele fosse parecido com sua falecida mãe,
Raquel, que é descrita em
Gênesis 29:17
Lia tinha os olhos baços, porém Raquel era formosa de porte e de semblante.
Somente
Raquel e José em todo o Antigo Testamento são descritos dessa maneira. Esse
último comentário acerca da aparência de José antecipa o próximo passo na sua
vida, uma vez que é comum na narrativa da sua história, o final de um episódio
servir, automaticamente, de trailer para o próximo. Entre as muitas bênçãos que
José desfrutava, ele passa a ser perseguido por um dom que certamente não havia
buscado: ter uma beleza marcante!
Talvez não
existe outra passagem em toda a narrativa da história de José que contenha
tantos elementos que nos façam lembrar de Jesus, com exceção da formosura de
José.
Pouco sabemos
da aparência de Jesus, exceto por três versículos que são —
Lucas 2:40 e 52
40 Crescia o menino e se fortalecia, enchendo-se de sabedoria; e a graça
de Deus estava sobre ele.
52 E crescia Jesus em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e dos
homens.
Isaías 53:2
Porque foi subindo como renovo perante ele e como raiz de uma terra seca;
não tinha aparência nem formosura; olhamo-lo, mas nenhuma beleza havia que nos
agradasse.
Tudo o que tinha confiou às mãos — Como José, o Filho do Homem
ou Filho da Humanidade, Jesus assumiu uma posição humilde onde foi humilhado e
envergonhado. Ele assumiu um local de servidão e de submissão. Talvez a
passagem que melhor explique essa realidade assumida pelo Senhor Jesus, seja
uma de Filipenses conhecida por uma palavra, em grego, usada pelo apóstolo
Paulo ao escrever a mesma. Estamos falando de
Filipenses 2:5—8
5 Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus,
6 pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser
igual a Deus;
7 antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se
em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana,
8 a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de
cruz.
onde, no
verso 7, Paulo usa a expressão ἐκένωσεν
— ekénosen
— esvaziou. Por causa dessa palavra a passagem é conhecida como a passagem da kénoses ou do ESVAZIAMENTO se Jesus de toda Sua glória e
prerrogativas. Faremos bem em aprofundar nosso conhecimento da mesma.
A porção de
Filipenses 2:5—8 começa com uma exortação para que imitemos a atitude de
serviço de Jesus, na mesma linha que já O vimos orientando seus discípulos em —
Marcos 10:42—45
42 Mas Jesus, chamando-os para junto de si, disse-lhes: Sabeis que os que
são considerados governadores dos povos têm-nos sob seu domínio, e sobre eles
os seus maiorais exercem autoridade.
43 Mas entre vós não é assim; pelo contrário, quem quiser tornar-se
grande entre vós, será esse o que vos sirva;
44 e quem quiser ser o primeiro entre vós será servo de todos.
45 Pois o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para
servir e dar a sua vida em resgate por muitos.
Ou seja, como
diz Paulo:
Filipenses 2:5
Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus
Paulo sempre
usa a vida e a morte de Jesus como um modelo a ser seguido pelos cristãos: ver
Romanos 15:1—7, especialmente o verso 5; 1 Coríntios 10:31—331:1; 2 Coríntios
8:6—9; 1 Tessalonicenses 1:6:—9 e comparar com 1 Pedro 2:20—21 e 3:17—18.
E qual foi essa
atitude de Jesus? Os próximos versos nos dão a descrição perfeita.
Pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser
igual a Deus — Filipenses 2:6.
Paulo inicia
a descrição falando da vida preexistente de Jesus e logo em seguida, ele
estabelece um contraste agudo entre duas formas de pensar: uma egoísta e outra
altruísta. Paulo deixa claro que para trazer a salvação aos filipenses e a
todos nós, Jesus precisou exercitar uma atitude oposta à κενοδοξίαν — kenodoxían — glória vã, sem fundamento;
autoestima ou amor-próprio vazios, que são duramente condenados pelo apóstolo
no verso 3.
Assim temos
que: apesar da pressuposição inicial de “subsistindo em forma de Deus”,
Paulo não deixa dúvida que está se referindo ao ETERNO preexistente, que “se esvaziou”, num determinado momento da história “assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens”
— verso 7. Antes de assumir a forma de servo Jesus já existia na forma de Deus.
A expressão grega μορφῇ — morfê — traduzida por “forma” não se refere a
características externas através das quais uma pessoa é reconhecida, e sim a
características e qualidades essenciais que pertencem a uma determinada pessoa.
Sendo assim, μορφῇ — morfê — se refere àquilo que, verdadeiramente, caracteriza uma determinada realidade,
i. e., “a forma de Deus” é uma esfera na qual Jesus se encontra inserido. Isso tudo indica que a tipologia de
José com relação a Jesus só pode ser levada até determinada ponto, pois Jesus é
o próprio Deus e não apenas um homem como José. Isso apenas intensifica a
atitude de Jesus se entregar a favor da nossa salvação. Paulo nos diz que
quando Jesus se revelou como Deus, ele não tinha nenhuma intenção de usurpar —
ato de tomar pela força ou roubar — aquela posição —
Colossenses 1:15—16
15 Este é a imagem do Deus invisível,
o primogênito de toda a criação;
16 pois, nele, foram criadas todas as
coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos,
sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio
dele e para ele.
1 Timóteo 3:16
Evidentemente, grande é o mistério da
piedade: Aquele que foi manifestado na carne foi justificado em espírito,
contemplado por anjos, pregado entre os gentios, crido no mundo, recebido na
glória.
Hebreus 1:3
Ele, que é o resplendor da glória e a
expressão exata do seu Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu
poder, depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da
Majestade, nas alturas.
A. Jesus apesar de ser o próprio
Deus adotou uma postura de humilhação e vergonha assumindo uma posição de
submissão e servidão. No entanto Seu Pai que tudo acompanhava com grande interesse
— o pai de José achava que o filho estava morto — cuidou para que, de alguma
forma, a Glória do filho fosse preservada. Existem várias passagens onde
podemos enxergar essa realidade. Entre essas passagens nós podemos citar:
1. Mal o menino havia sido colocado
na manjedoura e um anjo acompanhado, logo em seguida, por uma milícia celestial
foram enviados a um grupo de pastores nos arredores de Jerusalém para anunciar
o nascimento do Salvador e proclamar as Boas Novas – ver Lucas 2:8—15.
2. Em seguida Jesus foi honrado
como profeta, sacerdote e rei através dos magos que vieram do Oriente para
adorá-lo e oferecer-lhe presentes — ver Mateus 2:9—12.
3. O próprio João Batista,
reconhecido como profeta de Deus, anunciava o seguinte acerca de Jesus:
Marcos 1:7
E pregava, dizendo: Após mim vem aquele que é mais poderoso do que eu, do
qual não sou digno de, curvando-me, desatar-lhe as correias das sandálias.
4. Mesmo na cruz do Calvário, em
meio a angústia, agonia e dor, Jesus foi reconhecido como sendo o “Filho de
Deus” pelo centurião romano encarregado da sua crucificação —
Marcos 15:39
O centurião que estava em frente
dele, vendo que assim expirara, disse: Verdadeiramente, este homem era o Filho
de Deus.
5. O apóstolo João reconheceu que
ele e seus companheiros viram a glória de Deus manifestada em Jesus —
João 1:14
E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade,
e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai.
Mas João nos diz mais em
1 João 1:1—2 —
1
O que era desde o princípio, o que temos ouvido, o que temos visto com
os nossos próprios olhos, o que contemplamos, e as nossas mãos apalparam, com respeito
ao Verbo da vida
2
(e a vida se manifestou, e nós a temos visto, e dela damos testemunho, e
vo-la anunciamos, a vida eterna, a qual estava com o Pai e nos foi
manifestada).
B. Diversas vezes o Pai se
manifestou de forma audível quanto ao Seu filho, como por exemplo:
Lucas 3:22
E o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corpórea como pomba; e
ouviu-se uma voz do céu: Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo.
Lucas 9:35
E dela veio uma voz, dizendo: Este é o meu Filho, o meu eleito; a ele ouvi.
João 12:28
Pai, glorifica o teu nome. Então, veio uma voz do céu: Eu já o
glorifiquei e ainda o glorificarei.
C. Por fim, Jesus recebeu do Pai a
seguinte promessa:
Filipenses 2:9—11
9
Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está
acima de todo nome,
10
para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e
debaixo da terra,
11
e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus
Pai
Por tudo isso, Jesus era o perfeito
cordeiro de Deus que veio tirar os pecados do mundo!
João 1:29
No dia seguinte, viu João a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o
Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!
OUTROS ESTUDOS ACERCA DE JOSÉ COMO TIPO DE CRISTO
Estudo 001 — José como Tipo De Cristo — Introdução
Estudo 002 — José como Tipo De Cristo — A Infância de José
Estudo 003 — José como Tipo De Cristo — Os Irmãos e Os Nomes de José
Estudo 004 — José como Tipo De Cristo — José Como Pastor dos Seus Irmãos
Estudo 005 — José com Tipo De Cristo — José Como o Filho Amado de Seu Pai
Estudo 006 — José com Tipo De Cristo — Jesus, o Filho e Deus Pai
Estudo 007 — José com Tipo De Cristo — José e a Túnica Talar de Distinção
Estudo 008 — José com Tipo De Cristo — O Ódio que os Irmãos de José Tinham Dele
Estudo 009 — José com Tipo De Cristo — José era Odiado por Causa de Suas Palavras
Estudo 010 — José com Tipo De Cristo — José Estava Destinado a Um Futuro Extraordinário
Estudo 011 — José com Tipo De Cristo — José Antecipa Sua Glória Futura
Estudos 012 e 013 — José como Tipo de Cristo — José Sofre nas Mãos de Seus Irmãos e Vai a Busca Deles a Pedido de Jacó
Estudos 014 e 015 — José como Tipo de Cristo — José Busca Fazer o Bem a Seus Irmãos, e É Enviado De Hebrom Para a Região de Siquém
Estudo 016 — José como Tipo de Cristo — José Vai Até a Região de Siquém
Estudos 017 e 018 — José como Tipo de Cristo — José se Torna um Viajante Errante Nos Campos e Campinas da Palestina
Estudos 019 — José como Tipo de Cristo — A Conspiração contra José
Estudos 020 — José como Tipo de Cristo — As palavras de José são Desacreditadas
Estudos 021 e 022 — José como Tipo de Cristo — José é Insultado e Humilhado e José é Lançado num Poço
Estudos 023 e 024 — José como Tipo de Cristo — José é Retirado Vivo do Poço e Os Irmãos de José Misturam Ódio com Hipocrisia
Estudos 025 e 026A — José como Tipo de Cristo — José é Vendido por Seus Irmãos e o Sangue de José é Derramado
Estudos 026B — José como Tipo de Cristo — O Futuro de Israel Profetizado em Gênesis 38
Estudos 027 e 028 — José se Torna um Servo — Jose se Torna Próspero
Estudos 029 — O Senhor de José Estava Muito Feliz com Ele
Estudos 030 — José Como Servo Foi Uma Bênção Para os Outros
Estudos 031 — José Era Uma Pessoa Consagrada aos Outros
Estudos 032 — José Foi Duramente Tentado, Mas Resistiu à Tentação
Estudos 033 — José Foi Acusado Falsamente
Estudos 034 — José Não Tentou Se Defender das Falsas Acusações
Estudos 035 — José Sofreu nas Mãos dos Gentios
Estudo 036 e 37 — José Ganha o Reconhecimento do Carcereiro e José Foi Numerado com outros Transgressores.
Estudo 038 — José Como Instrumento de Bênção e de Condenação.
Estudo 039 — José Dá Evidências De Seu Conhecimento Quanto Ao Futuro.
Estudo 040 — As Predições de Jose se Tornam Realidades.
Estudo 041A — José Gostaria de Ser Lembrado
Estudo 041B — José Gostaria de Ser Lembrado
Estudo 042 — José Foi Libertado na Hora Certa
Que Deus
abençoe a todos.
Alexandros
Meimaridis
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