O artigo abaixo foi publicado no site da editora FIEL e é da autoria de Morton Smith.
O que é a Verdade?
Morton H.
Smith
Integridade
Doutrinária
Nesta era
de lassidão geral e afastamento da fé cristã ortodoxa, uma das maiores necessidades
é o retorno à integridade doutrinária. Em especial, os homens responsáveis pela
pregação sagrada deveriam ser homens que ensinam a verdade, e nada mais do que
a verdade da Palavra de Deus. Uma das urgentes necessidades deste mundo de
trevas, repleto de falsidade, é a proclamação clara da verdade da Palavra de
Deus.
A
tentação de Satanás para Eva ocorreu na área da integridade doutrinária. Ele
ousou acusar a Deus de falta de integridade. A queda do homem resultou em que a
tentação permanente do mundo, da carne e do Diabo é sermos menos do que
verdadeiros em nosso viver diário. Como Jesus disse, Ele mesmo é a verdade e a
vida; por isso, o evangelho envolve uma proclamação da verdade em um mundo de
mentiras. Todos os cristãos devem, mediante o seu testemunho por Cristo,
declarar toda a verdade do evangelho.
Todo o
conhecimento que podemos encontrar neste mundo foi colocado aqui por Deus, o
Criador. Em última análise, toda a verdade está em Deus. Ele é a fonte de toda
a verdade que encontramos no mundo que ele criou. Portanto, quando Deus falou a
Adão as palavras da aliança de obras, proibindo-o de comer da árvore do
conhecimento do bem e do mal, ele afirmou a verdade para Adão. Na tentação
dirigida a Eva, Satanás declarou abertamente que isso era falso. Quando Jesus
falou com os judeus incrédulos, ele lhes disse que Satanás é o pai da mentira: Vós sois do diabo, que é vosso pai, e quereis satisfazer-lhe os
desejos. Ele foi homicida desde o princípio e jamais se firmou na verdade,
porque nele não há verdade. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é
próprio, porque é mentiroso e pai da mentira (Jo 8.44). A incredulidade deles se alicerçava no fato de que tinham
um coração pecaminoso e não-regenerado.
Em outra
ocasião, Jesus falou sobre si mesmo nestes termos: Eu sou o
caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim (Jo 14.6). Ele estava afirmando que, desde o momento em que Satanás
introduziu a mentira, ou a falta de integridade no mundo, e que Adão a abraçou
em sua queda, uma das necessidades básicas do mundo é a reintrodução da
verdade. E foi exatamente isso que Jesus declarou estava fazendo no mundo.
Também disse que só existe um meio de salvação: vir a ele, que é a própria
verdade. Jesus testemunho isto a Pilatos: Tu dizes que
sou rei. Eu para isso nasci e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho
da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz (Jo 18.37). Pilatos respondeu cinicamente: "Que é a
verdade?", mostrando assim sua natureza não-regenerada.
Nesse
mesmo evangelho, lemos que Jesus confiou aos seus discípulos o ministério que
recebera do Pai: Santifica-os na verdade; a
tua palavra é a verdade. Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os
enviei ao mundo. E a favor deles eu me santifico a mim mesmo, para que eles
também sejam santificados na verdade (Jo 17.17-19). Jesus estava rogando que o Pai santificasse os discípulos
"na verdade", para que pudessem proclamar a verdade de seu evangelho
neste mundo de falsidade e trevas.
A grande
comissão de Jesus, registrada em Mateus 28, define a missão da igreja em dois
empreendimentos. Primeiramente, ela deve evangelizar o perdido e, assim, unir
os eleitos na igreja. Em segundo, a igreja deve ensinar aos seus membros todas
as coisas reveladas nas Escrituras. Qualquer outra coisa que a igreja faça tem
de ser subsidiária a essa comissão. Tanto a evangelização como o ensino dos
membros exigem que a igreja mantenha integridade doutrinária. Qualquer falha em
cumprir isso é desobediência à ordem de Cristo para a igreja.
Se isso é
verdade, é óbvio que Deus colocou sobre os ministros da Palavra a absoluta
necessidade de serem leais e fiéis à Palavra em sua pregação e ensino.
Tornar-se verdadeiro intérprete da Palavra é o dever sublime e celestial de
cada homem que prega as Escrituras. Visto que a Palavra foi dada tanto no
hebraico como no grego, os pregadores têm de ser capazes de abordar essas
línguas de modo tão suficiente, que entendam apropriadamente o texto que
desejam proclamar às suas congregações. Em outras palavras, a exigência de
integridade no ministério da Palavra exige dos pregadores o compromisso de
estudarem a Palavra em suas línguas originais.
Uma parte
da verdadeira interpretação da Bíblia inclui o entendimento de como textos
específicos se enquadram em todo o sistema de verdade apresentado nas
Escrituras. Portanto, o ministro da Palavra precisa estar ciente de todo o
sistema de teologia apresentado na Bíblia. O estudo da história da igreja
revela que a igreja medieval perdera amplamente a verdade bíblica, visto que
substituíra o ensino da Palavra de Deus pela tradição dos homens.
A Reforma
produziu um novo compromisso com o princípio de Sola Scriptura. O resultado foi
a redescoberta do evangelho pela igreja, à medida que procurava ser reformada
pela Palavra de Deus. Um dos benefícios da Reforma foi a destilação dos dogmas
da igreja em vários credos ou confissões reformados. Foram produzidas cerca de
39 confissões; e um dos fatos notáveis é que elas mantinham um unidade básica.
A fim de
preservar a integridade da pregação nessas igrejas, exigiu-se dos ministros que
subscrevessem a confissão das igrejas em que serviam. Uma forma histórica de
subscrição exigida até hoje por algumas denominações é esta: "Você recebe a
Confissão de Fé e o Catecismo desta igreja como documentos que contém o sistema
de doutrina ensinado nas Escrituras Sagradas?" Em outras palavras, o
ministro a ser ordenado está dizendo que a Confissão de Fé e o Catecismo de
Westminster afirmam o que ele acredita ser o ensino da Bíblia. Cumpre àqueles
que assumem essa subscrição serem fiéis em sua pregação e ensino e proclamarem
todo o desígnio de Deus expresso nas Escrituras e interpretado nas confissões
da igreja. Deixar de fazer isso significa corromper a integridade doutrinária
que o Senhor espera de seus servos.
Em nossa
evangelização, tendemos frequentemente que insistir em uma resposta emocional
ao evangelho, sem antes transmitir apropriadamente as grandes doutrinas da fé
cristã à pessoa. Precisamos reconhecer que uma resposta correta do coração ou
da consciência só pode ser manifestada depois que a verdade do evangelho é
comunicada ao pecador. Uma resposta bíblica genuína acontece somente quando a
verdade do evangelho é compreendida. Percebemos, assim, a necessidade de
integridade doutrinária por parte de todos os cristãos, que devem ser
testemunhas do evangelho para o mundo que nos rodeia.
Traduzido
por: Wellington Ferreira
Do
original em inglês: What is truth? Doctrinal Integrity, Morton Smith. Revista
Tabletalk, vol. 31, nº 9.
O artigo original poderá ser visto
por meio desse link aqui:
Que Deus abençoe a todos.
Alexandros Meimaridis
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