O material abaixo foi publicado
pela revista Cristianismo Hoje.
Uma polêmica chamada
maçonaria
Considerada
pagã pela maioria dos evangélicos, entidade abriga muitos crentes em suas
fileiras.
Escrito
por Marcelo Barros
Ela costuma
causar nos crentes um misto de espanto e rejeição. Pudera – com origens que se
perdem nos séculos e um conjunto de ritos que misturam elementos ocultos, boa
dose de mistério e uma espécie de panaceia religiosa que faz da figura de Deus
um mero arquiteto do universo, a maçonaria é normalmente repudiada pelos
evangélicos. Contudo, é impossível negar que a história maçônica caminha de
mãos dadas com a do protestantismo. Os redatores do primeiro estatuto da
entidade foram o pastor presbiteriano James Anderson, em Londres, na
Inglaterra, em 1723, e Jean Desaguliers, um cristão francês. Devido às suas
crenças, eles naturalmente introduziram princípios religiosos na nova
organização, principalmente devido ao fim a que ela se destinava: a
filantropia. O movimento rapidamente encontrou espaço para crescer em nações de
tradição protestante, como o Reino Unido e a Alemanha, e mais tarde nos Estados
Unidos, com a colonização britânica. Essa relação, contudo, jamais foi
escancarada. Muito pelo contrário – para a maior parte dos evangélicos, a
maçonaria é vista como uma entidade esotérica, idólatra e carregada de
simbologias pagãs.
Isso tem
mudado nos últimos tempos. Devido a um movimento de abertura que atinge a
maçonaria em todo o mundo, a instituição tem se tornado mais conhecida e perde,
pouco a pouco, seu aspecto enigmático. Não-iniciados podem participar de suas
reuniões e cada vez mais membros da irmandade assumem a filiação, deixando para
trás antigos temores – nunca suficientemente comprovados, diga-se – que garantiam
que os desertores pagavam a ousadia com a vida. A abertura traz à tona a uma
antiga discussão: afinal, pode um crente ser maçom? Na intenção de manter
fidelidade à irmandade que abraçaram, missionários, diáconos e até pastores
ligados à maçonaria normalmente optam pelo silêncio. Só que crentes maçons
estão fazendo questão de dar as caras, o que tem provocado rebuliço. A Primeira
Igreja Batista de Niterói, uma das mais antigas do Estado do Rio de Janeiro,
vive uma crise interna por conta da presença de maçons em sua liderança. A
congregação já estuda até uma mudança em seus estatutos, proibindo que membros
da sociedade ocupem qualquer cargo eclesiástico.
Procurada
por CRISTIANISMO HOJE, a Direção da congregação preferiu não comentar o
assunto, alegando questões internas. Contudo, vários dos oficiais da igreja são
maçons há décadas: “Sou diácono desta igreja há 28 anos e maçom há mais de
trinta. Não vejo nenhuma contradição nisso”, diz o policial rodoviário
aposentado Adilair Lopes da Silveira, de 58 anos, mestre da Loja Maçônica Silva
Jardim, no município de mesmo nome, a 180 quilômetros da capital fluminense.
Adilair afirma que há maçons nas igrejas evangélicas de todo Brasil, dezenas
deles entre os membros de sua própria congregação e dezesseis entre os 54
membros da loja que frequenta: “Por tradição, a maioria deles é ligada às
igrejas Batista ou Presbiteriana. Essas são as duas denominações em que há mais
a presença histórica maçônica”, informa.
Um dos
poucos crentes maçons que se dispuseram a ser identificados entre os 17
procurados pela reportagem, o ex-policial acredita que a sociedade em geral, e
os religiosos em particular, nada têm a perder se deixarem “imagens
distorcidas” acerca da instituição de lado. “Há preconceito por que há
desconhecimento. Alguns maçons, que queriam criar uma aura de ocultismo sobre
eles no passado, acabaram forjando essa coisa de mistério”, avalia. “Já ouvi
até histórias de que lidamos com bodes ou imagens de animais. Isso não
acontece”, garante. Segundo Adilair, o único mistério que existe de fato diz
respeito a determinados toques de mão, palavras e sinais com os quais os maçons
se identificam entre si – mas, segundo ele, tudo não passa de zelo pelas ricas
tradições do movimento, que, segundo determinadas correntes maçônicas, remontam
aos tempos do rei hebreu, Salomão. E, também, para relembrar tempos difíceis.
“São práticas que remontam ao passado, já que nós, maçons, fomos muito
perseguidos ao longo da história”.
Adilair
adianta que não aceitaria uma mudança nos estatutos da igreja para banir maçons
da sua liderança. Tanto, que ele e seus colegas de diaconato que pertencem ao
grupo preparam-se para, se for o caso, ingressar na Justiça, o que poderia
desencadear uma disputa que tende a expor as duas partes em demanda. Eles
decidiram encaminhar uma cópia da proposta do regimento ao presidente do
Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, desembargador Luiz Zveiter. “Haverá uma
enxurrada de ações na Justiça se isso for adiante, não tenho dúvidas”, afirma o
diácono. A polêmica em torno da adesão de evangélicos à maçonaria já provocou
até racha numa das maiores denominações do país, a Igreja Presbiteriana do
Brasil (IPB), no início do século passado (ver abaixo).
O pastor
presbiteriano Wilson Ferreira de Souza Neto, de 43 anos, revela que já fez
várias entrevistas com o intuito de ser aceito numa loja maçônica do município
de Santo André, região metropolitana de São Paulo. O processo está em andamento
e ele apenas aguarda reunir recursos para custear a taxa de adesão, importância
que é usada na manutenção da loja e nas obras de filantropia: “Ainda não pude
disponibilizar uma verba para a cerimônia de iniciação, que pode variar de R$ 1
mil a cinco mil reais e para a mensalidade. No meu caso, o que ainda impede o
ingresso na maçonaria é uma questão financeira, e não ideológica” diz Wilson,
que é mestre em ciências da religião pela Universidade Presbiteriana Mackenzie
e estuda o tema há mais de uma década.
“Pessoas
próximas sabem que sou maçom e isso inclui vários membros de minha igreja”,
continua o religioso. “Alguns já me questionaram sobre isso, mas após várias
conversas nas quais eu os esclareci, tudo foi resolvido”. Na mesma linha vai
outro colega de ministério que prefere não revelar o nome e que está na
maçonaria há sete anos. “Tenho 26 anos de igreja, seis de pastorado e posso
garantir que não há nenhuma incompatibilidade de ser maçom e professar a fé
salvadora em Cristo Jesus nosso Senhor e Salvador”, afirma. Ele ocupa o posto
de mestre em processo dos graus filosóficos e diz que foi indicado por um
pastor amigo. “Só se pode entrar na maçonaria por indicação e, não raro, os
pastores se indicam”. Para o pastor, boa parte da intolerância dos crentes em
relação à maçonaria provém de informações equivocadas transmitidas por quem não
conhece suficientemente o grupo.
“SEM CAÇA ÀS BRUXAS”
Procurados
com insistência pela reportagem, os pastores Roberto Brasileiro e Ludgero
Bonilha, respectivamente presidente e ex-secretário-geral do Supremo Concílio
da IPB, não retornaram os pedidos de entrevista para falar do envolvimento de
pastores da denominação com a maçonaria. Mas o pastor e jornalista André Mello,
atualmente à frente da Igreja Presbiteriana de Copacabana, no Rio, concordou em
atender CRISTIANISMO HOJE em seu próprio nome. Segundo ele, o assunto é
recorrente no seio da denominação. “O último Supremo Concílio decidiu que os
maçons devem ser orientados, através do Espírito Santo, sem uso de coerção ou
força, para que deixem a maçonaria”, conta Mello, referindo-se ao Documento CIV
SC-IPB-2006, que trata do assunto. O texto, em determinado trecho, considera a
maçonaria como uma religião de fato e diz que a divindade venerada ali, o
Grande Arquiteto do Universo, é uma entidade “vaga”, sem identificação com o
Deus soberano, triúno e único dos cristãos.
O pastor,
que exerce ainda o cargo de secretário de Mocidade do Presbitério do Rio,
lembra que, assim como as diferentes confissões evangélicas têm liturgias
variadas e suas áreas de conflito, as lojas maçônicas não podem ser vistas em
bloco – e, por isso mesmo, defende moderação no trato da questão. “Vejo algum
exagero na perseguição aos maçons, pois estamos tratando de um problema de cem
anos atrás, deixando de lado outros problemas reais da atualidade, como a
maneira correta de lidar com o homossexualismo”. O pastor diz que há mais
presbíteros do que pastores maçons – caso de seu pai, que era diácono e também
ligado à associação. “Eu nunca fui maçom, mas descobri coisas curiosas, como
por exemplo, o fato de haver líderes maçons de várias igrejas, inclusive
daquelas que atacam mais violentamente a maçonaria. “Não acredito que promover
caça às bruxas faça bem a nenhum grupo religioso”, encerra o ministro. “Melhor
do que aprovar uma declaração contra alguém é procurá-lo, orar por ele,
conversar, até ganhar um irmão.”
O
presidente do Centro Apologética Cristão de Pesquisa (CACP), pastor João Flávio
Martinez, por sua vez, não deixa de fazer sérios questionamentos à presença de
evangélicos entre os maçons. “O fato é que, quando falamos em maçonaria, estamos
falando de outra religião, que é totalmente diferente do cristianismo.
Portanto, é um absurdo sequer admitir que as duas correntes possam andar
juntas”. Lembrando que as origens do movimento estão ligadas às crenças
misteriosas do passado, Martinez lembra o princípio bíblico de que não se pode
seguir a dois senhores. “Estou convencido de que essa entidade contraria
elementos básicos do cristianismo. Ela se faz uma religião à medida que adota
ritos, símbolos e dogmas, emprestados, muitos deles, do judaísmo e do
paganismo”, concorda o pastor batista Irland Pereira de Azevedo.
Aos 76
anos de idade e um dos nomes mais respeitados de denominação no país, Irland
estuda o assunto há mais de três décadas e admite que vários pastores de sua
geração têm ou já tiveram ligação com a maçonaria. Mas não tem dúvidas acerca
de seu caráter espiritual: “Essa instituição contraria os mandamentos divinos
ao denominar Deus como grande arquiteto, e não como Criador, conforme as
Escrituras”. Embora considere a maçonaria uma entidade séria e com excelentes
serviços prestados ao ser humano ao longo da história, ele a desqualifica do
ponto de vista teológico e bíblico. “No meu ponto de vista, ela não deve
merecer a lealdade de um verdadeiro cristão evangélico. Entendo que em Jesus
Cristo e em sua Igreja tenho tudo de que preciso como pessoa: uma doutrina
sólida, uma família solidária e razão para viver e servir. Não sou maçom porque
minha lealdade a Jesus Cristo e sua igreja é indivisível, exclusiva e
inegociável.”
Ligações perigosas
Crentes
reunidos à porta de templo da IPI nos anos 1930: denominação surgiu por
dissidência em relação à maçonaria.
As
relações entre algumas denominações históricas e a maçonaria no Brasil são
antigas. Os primeiros missionários americanos que chegaram ao país se
estabeleceram em Santa Bárbara (SP), em 1871. Três anos depois, parte desses
pioneiros, entre eles o pastor Robert Porter Thomas, fundou também a Loja
Maçônica George Washington naquela cidade. O espaço abrigou, em 1880, a reunião
de avaliação para aprovação ao ministério de Antônio Teixeira de Albuquerque, o
primeiro pastor batista brasileiro. Tanto ele quanto o pastor que o consagrou
eram maçons.
Quando o
missionário americano Ashbel Green Simonton (1833-1867) chegou ao Brasil, em 12
de agosto de 1859, encontrou, na então província de São Paulo, cerca de 700
alemães protestantes. Sem ter onde reuni-los, Simonton – que mais tarde
lançaria as bases da Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB) – aceitou a oferta de
maçons locais que insistiram para que ele usasse sua loja, gratuitamente, para
os trabalhos religiosos. A denominação, que abrigava diversos maçons, sofreu uma
cisão em 31 de julho de 1903. Um grupo de sete pastores e 11 presbíteros entrou
em conflito com o Sínodo da IPB porque a denominação não se opunha a que seus
membros e ministros fossem maçons. Foi então fundada a Igreja Presbiteriana
Independente do Brasil (IPI).
Ultimamente,
a IPB vem reiteradamente confirmando a decisão de impedir que maçons exerçam
não só o pastorado, como também cargos eclesiásticos como presbíteros e
diáconos. As últimas resoluções do Supremo Concílio sobre o assunto mostram o
quanto a maçonaria incomoda a denominação. Na última reunião, ficou
estabelecida a incompatibilidade entre algumas doutrinas maçons e a fé cristã.
Ficou proibida a aceitação como membros à comunhão da igreja de pessoas
oriundas da maçonaria “sem que antes renunciem à confraria” e a eleição, ao
oficialato, de candidatos ainda ligados àquela entidade.
O artigo original da Cristianismo
Hoje pode ser visto por meio desse link aqui:
Que Deus abençoe a todos.
Alexandros Meimaridis
PS. Pedimos a todos
os nossos leitores que puderem que “curtam” nossa página no Facebook através do
seguinte link:
Desde já agradecemos
a todos.
Irmão Alex,
ResponderExcluirGostaria de saber se tem alguma fonte segura de que Silas Malafaia seja maçon, como veiculado amiúde pela internet.
Ele desmente na TV, mas já vi um anúncio em uma das páginas do site dele para quem quisesse se filiar à maçonaria. Pelo que percebi, parecia ser um "spam", aqueles anúncios, nem sempre autorizados.
Caro Joel,
ExcluirQuanto a esse assunto do Silas Malafaia, eu realmente não tenho, pessoalmente, nenhuma prova.
Mas gostaria de sugerir que você desse uma olhada no seguinte material, que me parece confiável.
https://www.youtube.com/watch?v=zDD7WqG0fSs#t=603
Os vídeo do pastor Stefani Saad, que algum tempo depois de publicar esses vídeo desapareceu.
Vídeo 001
https://www.youtube.com/watch?v=Zc0da6-oqq4
Vídeo 002
https://www.youtube.com/watch?v=1iQZaiEqnkc
Vídeo 003
https://www.youtube.com/watch?v=Pa3MGz4Ikuw
Vídeo 004
https://www.youtube.com/watch?v=DRR3CdSgmPs
For fim temos o material produzido pelo Dr. Pedroza e que pode ser encontrado no seguinte site:
http://www.simceros.com.br/
O Dr. Pedroza é cirurgião, é homem sério, mas um tanto quanto “flamboyant”. Mas tem bom material sobre a maçonaria.
Espero que esse material te ajude.
Abraço,
Irmão Alex