sábado, 13 de setembro de 2014

A QUEM PERTENCE A TERRA DA PALESTINA - A QUESTÃO POLÍTICA



A quem realmente pertence a terra da Palestina? Aos judeus? Ao povo palestino? A quem foram, realmente, feitas as promessas referentes à Terra de Canaã que encontramos no Antigo Testamento? Em pleno século XXI precisamos entender que existem dois lados desta questão. O primeiro é aquele representado pela questão política e o segundo é o representado pela questão religiosa, que inclui as implicações teológicas introduzidas pelo Novo Testamento, i isso faz muita diferença na forma como o Antigo Testamento deve ser interpretado.

Ùm pouco de história - Um pouco de história torna-se necessário aqui, porque como alguém já disse: “ignorar a história é sujeitar-se a cometer os mesmos erros do passado”. Não queremos cometer, dentro das nossas possibilidades, nenhum erro. Precisamos estar abertos para conhecer a verdadeira história e, reconhecer e abandonar eventuais erros de perspectiva que, por ignorância ou cegueira, tenhamos adotado no passado e que estejamos ainda persistindo em manter.

Para compreendermos melhor as questões envolvidas nas discussões acerca da Terra de Canaã – Palestina – nós precisamos retornar aos primórdios do século XIX e analisarmos os movimentos chamados de “Sionismo Cristão” e de “Sionismo Judaico”. Uma definição simplista do significado de “Sionismo Cristão” é: Cristãos que apoiam, de forma irrestrita, o Sionismo Judaico. Em 1975, a Assembléia Geral das Nações Unidas, passou a resolução de número 3379 que definiu o “Sionismo” como uma forma de racismo e de justificativa para a prática de discriminação racial. O Sionismo Cristão contemporâneo é, em sua maior parte, uma reação irracional ao aumento do volume da crítica que está sendo feita à forma de “apartheid” praticada pelo Estado judeu na região da Palestina nos dias de hoje. Esta reação irracional teve início com o final da chamada “Guerra dos Seis Dias”, de 1967. Esta guerra, iniciada por Israel[1], culminou com a anexação dos seguintes territórios:

1. A parte leste da cidade de Jerusalém. Ocupação esta que já dura 47 anos.

 2. A região da Cisjordânia. Ocupação esta que já dura 47 anos.

 3. A região sul do Líbano – devolvida a seus legítimos donos, no início do século XXI, 35 anos depois do confisco de 1967.

 4. As Colinas de Golan – território que pertence à Síria e que continua ocupado até esta data, 47 anos depois.

 5. A Faixa de Gaza. “Desocupada” oficialmente em 2005, mas sujeita a novas invasões ao bel prazer das autoridades israelenses, como vimos durante as várias ações genocidas que ocorreram em entre Dezembro de 2008 e Julho de 2014. Para aqueles que ainda acreditam na propaganda judaica de que o problema ali são os “foguetes do Hamas” basta dizer o seguinte:

1. Quantos judeus foram mortos fora da faixa de Gaza nos dias das ofensivas judaicas mencionada acima? Números são muito disputáveis e variam de algumas dezenas até uma centena. Este reduzido número de vítimas fatais, levanta suspeitas também acerca dos alegados “milhares” de foguetes do Hamas, lançados contra o território israelense.

2. Quantos Palestinos foram mortos dentro da faixa de Gaza no mesmo período? Aproximadamente 9000! Israel alega ter matado menos de 7000 palestinos. como se isso fosse significativo ou mudasse o tamanho do genocídio.

3 Quantos judeus foram feridos fora da faixa de Gaza nos dias da ofensiva judaica mencionada acima? Novamente, como os números não interessam a Israel pela disparidade dos mesmos quando comparados com os feridos em Gaza, tudo o que podemos afirma é que não podemos aceitar nenhum dos números oferecidos pelas autoridades israelenses porque os mesmos incluem os "ferido" psicologicamente, algo que infla o número de feridos consideravelmente. Por esse parâmetros os feridos apenas na faixa de Gaza seria 1.800.000 de pessoas.

4. Quantos Palestinos foram feridos dentro da faixa de Gaza no mesmo período? Aproximadamente 12000. Sem contar os "feridos" psicologicamente.

5. A Península do Sinai que pertencia aos egípcios. Esta península foi devolvida pelos israelenses após os acordos de paz assinados entre o Egito e Israel, entre o assassino confesso Menachem Begin e Anuar Sadat.

Ainda no ano de 1967, a Assembléia Geral das Nações Unidas passou a resolução de número 242 que condenou a ocupação israelense da Cisjordânia. Após esta condenação, toda a comunidade internacional removeu seus embaixadores e fechou suas embaixadas em Jerusalém. Nesta mesma ocasião um grupo de cristãos sionistas, que mantinham uma entidade chamada de Embaixada Cristã Internacional, mudou sua sede para a cidade de Jerusalém, com a intenção explícita de apoiar as ações ofensivas e criminosas de Israel. Como dizem os próprios judeus, os chamados cristãos messiânico são uma verdadeira farsa!

Os cristãos sionistas se vêm como defensores e apologistas do povo judeu em geral e da nação política de Israel em particular. Tal defesa é manifestada por ferrenha oposição a todos que, de alguma maneira, sejam percebidos como críticos ou hostis para com o moderno Estado de Israel. Por esse motivo, todos os movimentos antissionistas têm sido identificados como sendo também antissemitas, o que não passa, evidentemente, de uma afirmativa ridícula e absurda. De forma curiosa e surpreendente, tais afirmativas não são acompanhadas, de nenhuma maneira, por palavras ou atos de compaixão para com o povo palestino que, diga-se de passagem, também é parte dos povos semitas, exatamente com o são os judeus. É difícil dizer quantas organizações sionistas cristãs existem neste início de século XXI, mas o número escala as centenas.

O movimento sionista, seja cristão seja judeu obteve uma estrondosa vitória com a decisão das Nações Unidas de dividir a Palestina, criando um estado árabe e outro judeu em 1947. Quando da decisão das Nações Unidas, o quadro populacional na Palestina era como segue:

1. Na parte que deveria ser o Estado Árabe – 749,000 árabes e 9.250 judeus.

2. Na parte que deveria ser o Estado Judeu – 497,000 árabes e 498,000 judeus.[2]

Em 17 de Maio de 1948, o Estado Judeu, chamado de Israel, declarou sua independência e ato contínuo iniciou uma série de guerras, que duram até os dias de hoje, que visam remover, seja via limpeza étnica – genocídio – ou via migração forçada, todos os árabes daquilo que considera ser seu território. De fato, o sonho de Theodore Herzl e de outros sionistas judeus e cristãos era um estado judaico que se estendesse desde as margens do rio do Egito no Oeste até as margens do rio Eufrates no Leste. Esta ideia é derivada da promessa feita a Abraão e contida em Gênesis 15:18.

Antes de prosseguir é desejo deste autor estabelecer o fato de que este trabalho está baseado nas seguintes premissas:

1. O autor se opõe a todo tipo de antissemitismo, lembrando que o povo palestino e os árabes também são constituídos por descendentes de Sem, além de serem descendentes diretos do patriarca Abraão. Críticas, portanto, feitas ao Estado Moderno de Israel, não devem ser interpretadas como afirmações antissemitas. O autor irá considerar tais afirmações como puras tolices.

2. Que o Estado de Israel tem o direito, como também a nação Palestina, de existir – autodeterminação dos povos - dentro de fronteiras seguras e reconhecidas pela comunidade internacional. Esta continua sendo, como nos dias de Theodore Herzl, uma questão essencialmente política e não se trata de matéria de fé.

A questão política inclui o seguintes itens:

1. Existem muitos fatos concernentes aos acontecimentos contemporâneos da Palestina que não são informados às pessoas, em geral, e muito menos aos cristãos, em particular.

2. Existe, pelo que podemos notar, um silêncio criminoso por parte dos Evangélicos com relação ao gigantesco abismo que encontramos entre o alegado mandato bíblico para a criação de uma nação para o povo judeu e, isto que aí está representado pelo Estado de Israel moderno. Em outras palavras, o que estamos querendo dizer é que: se o Estado de Israel e os sionistas – cristãos e judeus – desejam usar a Bíblia para reivindicar a posse da Terra Santa a favor do povo judeu então, a Nação de Israel precisa aderir, sem demora e sem hesitação, ao padrão bíblico de justiça e santidade nacionais, conforme ensinadas na Lei de Moisés e reclamadas pelos profetas de Isaías até Malaquias. Além disso, uma coisa que poucos sabem é que existem numerosos grupos de judeus de todas as ordens que são frontalmente contrários à existência de uma nação política e pagã como é o moderno Estado de Israel. Qualquer coisa menor do que um alinhamento automático às exigências bíblicas de justiça e santidade, constitui-se em um verdadeiro travesti da verdade pretendida – ver Levítico 25:23 caso existam dúvidas acerca do verdadeiro dono daquela terra.

Levítico 25:23

Também a terra não se venderá em perpetuidade, porque a terra é minha; pois vós sois para mim estrangeiros e peregrinos.

3. Os textos que advertem o povo judeu, habitando na Terra Prometida, contra os maus tratos praticados contra os estrangeiros habitando em suas terras, valem contra todos os que alegam que a Terra de Israel lhes pertence por aliança perpétua – ver Levítico 19:34 e Deuteronômio 10:19. Agora responda, caro leitor, como é que você percebe a forma com Israel está tratando aqueles que considera “estrangeiros”, e que estão habitando em suas terras?

Levítico 19:34

Como o natural, será entre vós o estrangeiro que peregrina convosco; amá-lo-eis como a vós mesmos, pois estrangeiros fostes na terra do Egito. Eu sou o SENHOR, vosso Deus.

Deuteronômio 10:19

Amai, pois, o estrangeiro, porque fostes estrangeiros na terra do Egito.

4. O Estado Sionista de Israel, como vimos acima, ocupou os territórios que pertenciam aos árabes e isto tem gerado muitas situações terríveis. Organizações judaicas, muitos judeus famosos e seus pares palestinos e de muitas outras nacionalidades, têm denunciado os seguintes crimes praticados diuturnamente pelo Estado judeu contra o povo palestino:

a. O roubo de terras e de água. Enquanto cidades e vilas palestinas têm água corrente somente duas horas por semana, as colônias judaicas implantadas nos territórios ocupados exibem belos gramados e piscinas.

b. A destruição de centenas de vilas palestinas para a instalação de colônias judaicas ilegais.Não existe nenhuma justificativa plausível para esse hediondo crime.

c. O abuso permanente dos direitos humanos pelo Estado de Israel, mediante à prática de: “estados de sítio” – com palestinos sendo proibidos de circular dentro de seu próprio território por dias e semanas até – prisões, detenções, torturas e deportações, além do genocídio geral e dos homicídios seletivos praticados contra cidadãos palestinos que Israel faz questão de qualificar como “terroristas”.

d. O cerco militar – terrestre, aéreo e marítimo – imposto à faixa de Gaza é o acontecimento mais desumano destes dias em toda a face da Terra.

Enquanto as questões alistadas acima, e muitas outras, permanecerem sem solução, o problema irá apenas se agravar.

Não temos a pretensão de querer resolver a questão política, mas já consideramos uma vitória, se algum dos leitores se interessar por pesquisar os materiais produzido por órgãos ou indivíduos independentes, tais como:

1. O material – artigos, entrevistas e livros – produzidos por Noam Chomsky, estadunidense de ascendência judaica e professor titular do Massachusetts Institute Technology – MIT. Muito material do professor Chomsky está disponível em português.

2. O material produzido por Norman Finkelstein, estadunidense de ascendência judaica e ex-professor da Universidade de Columbia em Nova Iorque. Seu livro “A Indústria do Holocausto” – disponível em português - é um “tour-de-force” contra uma das mentiras mais bem contadas e repetidas do século XX: a de que o sofrimento dos judeus é, de forma particular, único e de que os judeus são, em si mesmos, um povo singular.Ora tal afirmação não passa de puro chauvinismo e explica as ações do Estado de Israel contra a população palestina.

3. O material produzido pelo cineasta e produtor australiano John Pilger. Seus documentários são apresentados de forma regular através da rede ITV e, quando não irritam por demais a elite britânica submissa aos interesses do Estado de Israel, são também mostrados nos canais da estatal BBC de Londres.

4. O material produzido pelo site “The Palestinian Chronicle”, que publica artigos assinados por árabes e israelenses e por outros jornalistas estrangeiros.

5. O material produzido pelo jornalista britânico Robert Fisk e disponível em muitos jornais, até mesmo no Estadão e na Folha de São Paulo, onde aparecem, de vez em quando.

6. O material produzido pelos sítios “Culture-Counter”, “Saloon”, "Information Clearing House",  entre outros, repletos de artigos escritos por jornalistas internacionais das mais variadas nacionalidades.

7. O material produzido e publicado no Blog do estadunidense e também de ascendência judaica, Michael A. Hoffman II. Curiosamente, Chomsky, Finkelstein, Hoffman, e até mesmo historiadores judeus como Illan Pape e Shlomo Sand e uma infinidade de outros judeus que se opõe ao que está acontecendo nos dias de hoje na Palestina, têm sido chamados de “antissemitas” pelos sionistas – judeus e cristãos. Outros rotulam esses críticos de judeus que se auto-odeiam.

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Que Deus abençoe a todos,

Alexandros Meimaridis 

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Desde já agradecemos a todos.

NOTAS

[1] O autor recomenda a leitura do extenso material produzido pelo jornalista e produtor cinematográfico John Pilger, de nacionalidade australiana e disponível em seu site homônimo.

[2] Guia do Terceiro Mundo produzido Conselho Editorial Internacional. Editora Terceiro Mundo, Rio de Janeiro, 1984.

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