terça-feira, 9 de setembro de 2014

THOMAS WATSON: A ÚNICA COISA NECESSÁRIA – UM SERMÃO – PARTE 004


O material abaixo é parte de um sermão pregado por Thomas Watson que foi publicado em forma de e-book por:

Fonte: GraceGems.org

OEstandarteDeCristo.com

Tradução: Camila Rebeca Almeida

Revisão: William Teixeira

A Única Coisa Necessária Thomas Watson — PARTE 004

“Operai a vossa salvação com temor e tremor” (Filipenses 2:12).

CONTINUAÇÃO

III.

E assim, depois de ter estabelecido alguns argumentos por meio de motivação, para persuadir a este trabalho, vou agora propor alguns meios através de orientações para nos ajudar neste trabalho, e aqui eu vou mostrar o que são aquelas coisas a serem removidas, que irão dificultar nosso labor e quais são as coisas que julgamos servirem para ele.

1. Temos de eliminar as coisas que dificultarão a operação da nossa salvação. Há seis barreiras no caminho para a salvação que deverão ser removidas.


(i) Em primeiro lugar, os embaraços do mundo. Enquanto o pé está em uma armadilha, um homem não pode correr. O mundo é uma armadilha; enquanto os nossos pés estão nele, não podemos participar da corrida diante de nós — Hebreus 12:1. Se um homem subir uma rocha íngreme, e tendo pesos amarrados às pernas, eles dificultariam sua subida; muitos pesos dourados vão nos impedir de subir esta rocha íngreme que leva à salvação. Enquanto a fábrica de um comércio está funcionando, faz tanto barulho que mal podemos ouvir o ministro “levantando a sua voz como a trombeta”. O mundo sufoca nosso zelo e apetite pelas coisas celestiais, a terra apaga o fogo, a música dos encantos do mundo nos adormecem, e então não podemos trabalhar. Nas minas de ouro, existem sufocamentos mortais. Ó! quantas almas foram destruídas com um sufocamento proveniente da terra!

(ii) A segunda barreira no caminho para a salvação é a tristeza e o desânimo: quando o coração de um homem está triste, ele não está apto para ir para o seu trabalho, ele é como um instrumento desafinado. Sob medos e desânimos nós agimos fracamente na religião. Davi trabalha para repreender a si mesmo a sair dessa melancolia espiritual, “Por que estás abatida ó minha alma?” — Salmo 42:5. A alegria vivifica; os Lacedemônios usavam a música em suas batalhas para excitar seus espíritos e fazê-los lutar mais bravamente. A alegria é como música para a alma, que excita ao dever, ela é óleo para as rodas dos afetos. A alegria faz o serviço ser feito com prazer, e nós nunca os realizamos de forma rápida na religião como quando sobre as asas do prazer. A melancolia tira as rodas dos nossos carros, e então nós dirigimos pesadamente.

(iii) A terceira barreira no caminho para a salvação é a preguiça espiritual. Este é um grande impedimento para o nosso trabalho. Foi dito de Israel, “Também desprezaram a terra aprazível” — Salmo 106:24, qual seria a razão disto ser assim? Canaã era um paraíso de prazer, um tipo de céu, mas eles pensaram que para obtê-la iria custar-lhes uma grande quantidade de problemas e perigos, e eles prefeririam continuar sem ela, eles desprezaram a terra aprazível. Não existem milhões em nosso meio que prefeririam ir dormindo para o Inferno, do que suando para o céu? Eu li de certos espanhóis que vivem perto de onde há uma grande loja de peixes, no entanto, são tão preguiçosos que eles não ganham as dores para pegá-los, mas os compram de seus vizinhos. Tal estupidez pecaminosa e preguiça estão sobre a maioria, que, apesar de Cristo estar perto deles, embora a salvação seja oferecida no Evangelho, contudo eles não trabalharão pela sua salvação. “A preguiça faz cair em um sono profundo” —        Provérbios 19:15. Adão perdeu sua costela quando ele estava dormindo, muitos homens perdem sua alma neste sono profundo.

(iv) A quarta barreira no caminho para a salvação é a opinião da facilidade da salvação; Deus é misericordioso, e o pior vem para o pior, isto é apenas arrepender-se. Deus é misericordioso, é verdade, mas, além disso, Ele é justo, Ele não deverá corromper Sua justiça ao demonstrar misericórdia, portanto, observe esta cláusula na proclamação, Ele “não inocenta o culpado” — Êxodo 34:7. Se um rei proclama que somente devem ser perdoados aqueles que vieram submetidos ao seu cetro, poderia alguém, ainda persistindo na rebelião, reivindicar o benefício daquele perdão? Ó pecador, tu gostarias de obter misericórdia, e não queres desfazer-se da arma da injustiça?
Isto, somente se houver arrependimento, você se arrepende? Esse é tal, que não podemos atingir a menos que Deus direcione a nossa seta. Diga-me, Ó pecador, é fácil para um homem morto viver e andar? Tu estás espiritualmente morto, e enrolado na tua mortalha — Efésios 2:2. A regeneração é fácil? Será que não existem dores no novo nascimento? É a abnegação fácil, tu sabes o que a religião deve custar-lhe, e o que isso pode custar? Deve custar-lhe a separação dos seus desejos, pode custar-lhe a separação de sua vida, guardem desta obstrução. A salvação não é conseguida com ânimo leve, milhares foram para o Inferno mediante este erro. Os grandes espetáculos da presunção fizeram a porta estreita parecer mais larga do que é.

 (v) A quinta barreira no caminho para a salvação são amigos carnais. É perigoso ouvir a sua voz. A serpente falou a Eva. A esposa de Jó o teria retido de servir a Deus, “Ainda reténs a tua integridade?” — Jó 2:9. Quem, continua a orar e a clamar? Aqui, o Diabo lança mão sobre a tentação de Jó por sua esposa. Amigos carnais estarão chamando-nos para longe de nosso trabalho. Quem precisa de todo este alvoroço? Nós lemos que alguns dos parentes de Cristo, quando viram Cristo, de modo sincero na pregação, tentaram impedi-Lo: “Seus parentes foram para prendê-lo” — Marcos 3:21. Nossos amigos e parentes, às vezes, ficam em nosso caminho para o céu e julgam o nosso zelo como loucura, gostariam de nos perseguir e nos embaraçar de nosso trabalho por salvação. Muitos nos dias da reforma tinham tais amigos; por se aconselharem com seus amigos, eles revogariam suas antigas opiniões sobre a doutrina de Lutero, ou persistiriam nelas até a morte, muitos desejavam que Lutero se retratasse, e tão abertamente renunciasse sua antiga fé; ele tornou-se um homem vivo no inferno.

(vi) A sexta barreira no caminho para a salvação é a má companhia. Eles nos tirarão de nosso trabalho. As águas doces perdem seu frescor quando se deparam com o sal, os cristãos perdem a sua frescura e paladar entre os ímpios; as pombas de Cristo serão manchadas por deitarem entre esses vasos. Companhia pecaminosa é como a água na forja de um ferreiro que apaga o ferro, ele nunca será tão quente; tais bons afetos esfriam. Os ímpios têm a praga do coração — 1 Reis 8:38, e sua respiração é infecciosa. Eles vão nos desencorajar de trabalhar pela nossa salvação; assim como aquele, que é um pretendente a uma mulher, e é muito sério em seu pedido, lá vem alguém e diz que ele sabe alguma coisa de mal sobre o relatório acerca duma  mulher, algum impedimento; o homem ouvindo isso, logo se retira, e a solicitação cessa. Assim é com muitos homens que começam a ser pretendentes à religião. De bom grado eles teriam realizado o casamento, e eles crescem muito quentes e violentos na solicitação, e começam a operar a sua salvação, mas depois lá vêm alguns de seus confederados, e lhe dizem que eles sabem de algum mau relatório sobre a religião. “Esta seita, em todos os lugares se fala contra”. Deve haver muito rigor e mortificação para que ele nunca mais deva esperar ver bons dias; posto isso, ele fica desanimado, e por isso o encontro foi interrompido. Acautelai-vos de tais pessoas, pois elas são demônios cobertos com carne, pois elas são, como alguém disse, como Herodes, que teria matado Cristo, logo que Ele nasceu. Assim, quando Cristo está, por assim dizer, começando a ser formado no coração, eles, em um sentido espiritual, O matam.
E, assim, eu lhe mostrei as barreiras que se encontram no caminho para a salvação, que devem ser removidas.

2. Devo proceder agora no segundo lugar para estabelecer alguma ajuda conducente para a salvação.



(i) A primeira está no texto: temor e tremor. Este não é um temor de duvidar, mas o temor de diligência. Este temor é necessário no trabalho de salvação. Temamos até que entremos — Hebreus 4:1. O temor é um remédio contra a presunção. A esperança é como a cortiça para a rede, ela guarda a alma de afundar em desespero e o temor é como o prumo para a rede, ele mantém a alma flutuando acima da presunção. O temor é aquela espada flamejante que gira em todos os sentidos para impedir o pecado de entrar. O temor vivifica, é um antídoto contra a preguiça. “Pela fé Noé, divinamente avisado das coisas que ainda não se viam, temeu e, para salvação da sua família, preparou a arca” — Hebreus 11:7. O viajante, para que a noite não deva alcançá-lo antes que ele chegue ao fim de sua jornada, usa mais frequentemente as esporas. O temor causa circunspecção, aquele que anda com temor pisa cautelosamente. O temor é um conservante contra a apostasia: “Porei o meu temor nos seus corações, para que nunca se apartem de mim” — Jeremias 32:40. O temor de cair nos impede de cair: O temor é a insígnia e farda de um Cristão. Os santos do passado eram homens tementes a Deus —Malaquias 3:16. É relatado sobre santo Anselmo, que ele gastava a maior parte de seus pensamentos sobre o Dia do Julgamento. “Feliz o homem que teme sempre” — Provérbios 28:14. O temor é guarnição de um cristão, a maneira de estar seguro é sempre temer. Esta é uma das melhores ferramentas com a qual um Cristão trabalha.

(ii) Em segundo lugar, outra grande ajuda na operação da salvação é o amor. O amor faz o trabalho prosseguir com alegria; sete anos de trabalho pareciam nada a Jacó por causa do amor que ele tinha por Raquel. O amor facilita tudo. É como asas para o pássaro, como rodas para o carro, como velas para o navio, que transporta a alma rápida e alegremente ao dever. O amor nunca se cansa. Esta é uma excelente frase de Gregório: “Deixe um homem ter o amor do mundo em seu coração, e ele rapidamente será rico”. Então nada faça, senão ter o amor à religião em seu coração, e você será rapidamente rico de Graça. O amor é uma Graça ativa, vigorosa. Ele despreza os perigos, ele espezinha as dificuldades, como uma poderosa torrente carrega tudo à sua frente. Esta é a Graça que “toma o céu por violência”. Tenham seus corações bem aquecidos com esta Graça, e vocês serão habilitados para este trabalho.

(iii) A terceira coisa conducente à salvação é trabalhar na força de Cristo. “Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece” — Filipenses 4:13. Nunca vá para o trabalho sozinho. A força de Sansão estava em seu cabelo. E a força do Cristão está em Cristo. Quando estiver para fazer qualquer dever, resistir a qualquer tentação, subjugar qualquer luxúria, passe sobre isso com a força de Cristo; alguns saem contra o pecado na força de suas resoluções e votos, e eles logo são frustrados. Faça como Sansão, ele clamou ao Céu primeiro por ajuda e depois de ter se apoderado dos pilares, ele derrubou a casa sobre os chefes dos filisteus. Quando nós envolvemos Cristo no trabalho, e assim nos apoderamos dos pilares de uma ordenança, em seguida, nós derrubamos a casa sobre a cabeça de nossas concupiscências.

(iv) Em quarto lugar, opere com humildade; seja humilde, não pense que o mérito vem pelo seu trabalho. Satanás quer nos impedir de trabalhar, ou então ele gostaria de fazer-nos orgulhosos do nosso trabalho. Deus deve perdoar nossas obras antes que Ele as coroe. Se pudéssemos orar como anjos, derramar rios de lágrimas, construir igrejas, erigir hospitais e tivéssemos um conceito que teríamos mérito por isso, seria como uma mosca morta no vaso de unguento, que iria manchar e eclipsar a glória deste trabalho. Os nossos deveres, como o bom vinho, apreciam um barril ruim: eles nada são, senão pecados brilhantes. Não deixe o orgulho envenenar nossas coisas santas; quando estamos trabalhando pelo Céu, devemos dizer como o bom Neemias, “Nisto também, Deus meu, lembra-te de mim e perdoa-me segundo a abundância da tua benignidade” — Neemias 13:22.


(v) Em quinto lugar, trabalhe sobre os seus joelhos; passe muito tempo em oração. Implore ao Espírito de Deus para ajudá-lo no trabalho, faça essa oração, “Levanta-te, vento norte, e vem tu, vento sul; assopra no meu jardim” — Cânticos 4:16. Temos necessidade deste soprar do Espírito sobre nós; existem tantos ventos contrários soprando contra nós, e considerando o quão rapidamente santas afeições estão prontas a murchar. O jardim não tem mais necessidade de vento para fazer seu fruto fluir para fora, do que nós do Espírito para fazer nossas Graças florescerem. Filipe chegou-se a carruagem do eunuco — Atos 8:29. O Espírito de Deus deve juntar-se à nossa carruagem; como o marinheiro que tem a mão no leme e tem seu olhar voltado para as estrelas. Enquanto nós estamos trabalhando, temos de olhar para o Espírito. O que é a nossa preparação sem a operação do Espírito? O que é todo o nosso remar sem um vento forte do céu? “O Espírito me levantou” — Ezequiel 3:14. O Espírito de Deus deve tanto infundir quanto exercitar a Graça. Lemos sobre “uma roda no meio de outra roda” — Ezequiel 1:16. O Espírito de Deus é essa roda interna que deve mover a roda de nossos esforços. Para concluir tudo, ore a Deus para abençoá-lo em seu trabalho. “Não é dos ligeiros a carreira, nem dos fortes a batalha” — Eclesiastes 9:11 — nada prospera sem uma bênção, e qual a maneira de obtê-la senão pela oração? Esta é uma frase de um dos antigos: “Os santos levam as chaves do céu em seu cinto. A oração conquista a arma da mão do inimigo, e recebe a bênção das mãos de Deus”.

(vi) Por fim, trabalhe em esperança, diz o apóstolo, “aquele que lavra deve lavrar com esperança” — 1 Coríntios 9:10. A esperança é a âncora da alma — Hebreus 6:19. Lance essa âncora na promessa e você nunca deverá afundar. Nada mais nos impede em nosso trabalho do que a incredulidade. Certamente, diz um Cristão, eu posso labutar todos os dias para a salvação e não obter nada. “Porventura não há bálsamos em Gileade?” — Jeremias 8: 22. Será que não há propiciatório? Ó, borrife fé em cada dever! Olhe para a Livre Graça; fixe o seu olhar no sangue de Cristo. Quer ser salvo? Faça o seu trabalho unindo-o com a fé.

Amém

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Que Deus abençoe a todos.

Alexandros Meimaridis

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