quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

UM ESTUDO ACERCA DO PECADO - PARTE 012 - O PECADO E A GRAÇA DE DEUS



Essa é uma série cujo propósito é estudar, com profundidade, os ensinamentos da Bíblia acerca do pecado, com uma ênfase especial na questão do chamado “pecado para a morte”. Os demais estudos dessa série poderão ser acessados por meio dos links alistados no final desse estudo.  

12. Pecado e a Graça de Deus

Pecado, como falamos no primeiro estudo dessa séria, o pecado é a transgressão da lei, mas nunca fica só nisso. Como o propósito da lei era nos conduzir à graça de Deus e por consequência a Jesus, o pecado é sempre um ato contra a bondade e a graça de Deus.

Gálatas 3:16—25

16 Ora, as promessas foram feitas a Abraão e ao seu descendente. Não diz: E aos descendentes, como se falando de muitos, porém como de um só: E ao teu descendente, que é Cristo.

17 E digo isto: uma aliança já anteriormente confirmada por Deus, a lei, que veio quatrocentos e trinta anos depois, não a pode ab-rogar, de forma que venha a desfazer a promessa.

18 Porque, se a herança provém de lei, já não decorre de promessa; mas foi pela promessa que Deus a concedeu gratuitamente a Abraão.

19 Qual, pois, a razão de ser da lei? Foi adicionada por causa das transgressões, até que viesse o descendente a quem se fez a promessa, e foi promulgada por meio de anjos, pela mão de um mediador.

20 Ora, o mediador não é de um, mas Deus é um.

21 É, porventura, a lei contrária às promessas de Deus? De modo nenhum! Porque, se fosse promulgada uma lei que pudesse dar vida, a justiça, na verdade, seria procedente de lei.

22 Mas a Escritura encerrou tudo sob o pecado, para que, mediante a fé em Jesus Cristo, fosse a promessa concedida aos que creem.

23 Mas, antes que viesse a fé, estávamos sob a tutela da lei e nela encerrados, para essa fé que, de futuro, haveria de revelar-se.

24 De maneira que a lei nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo, a fim de que fôssemos justificados por fé.

25 Mas, tendo vindo a fé, já não permanecemos subordinados ao aio.

Essa qualidade do pecado como um ato contra a graça de Deus, nos mostra que o pecado não é nunca algo individual e sim algo coletivo e social. A graça de Deus é uma expressão da vontade de Deus onde Ele deseja estar em comunhão com o homem, fazendo com que este mesmo homem seja a favor tanto de Deus como do próximo —os dois grandes mandamentos —

Mateus 22:36—40

36 Mestre, qual é o grande mandamento na Lei?

37 Respondeu-lhe Jesus: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento.

38 Este é o grande e primeiro mandamento.

39 O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.

40 Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas.

O aspecto social da graça de Deus pode ser visto exatamente na demanda que devemos obedecer aos dois grandes mandamentos —

1 João 4:7—8

7 Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor procede de Deus; e todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus.

8 Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor.

Aquele que ama a Deus não pode odiar a seu próximo. E todo aquele que odeia a seu próximo não pode amar a Deus.

O pecado, como a rejeição do desejo gracioso de Deus para a vida em comunidade, é, portanto, algo coletivo. É um ato social mesmo na sua forma negativa como um ato anti-social. Por esse motivo, por ser o pecado um ato social, é que ele não é cometido somente individualmente, mas é também cometido por grupos sociais e pode ser personificado em estruturas sociais. Um país pode e, geralmente, peca tanto quanto o indivíduo. Existem pecados nacionais e países inteiros são chamados ao arrependimento e mudança de vida nas páginas da Bíblia, como encontramos, por exemplo, no livro de Jonas, onde Deus envia o profeta para anunciar um desastre (Jonas 3:4), mas em função do arrependimento dos Ninivitas Deus decide não levar adiante a destruição anunciada. De maneira semelhante a igreja pode pecar e ser ordenada a se arrepender e mudar de atitude, mas temos que admitir que muito raramente as igrejas fazem aquilo que exigem de seus membros. Existe muito abuso espiritual cometido pelas lideranças da igreja chamadas cristãs.

Esse caráter comunitário do pecado que reflete o aspecto comunitário da graça de Deus nos ajuda a entender porque a justiça não é um conceito individual, mas é sempre um conceito social. De fato não existe justiça individual separada da justiça social ou coletiva. Toda justiça é justiça social, porque a mesma é a expressão da santidade divina à medida que mantêm o propósito gracioso de Deus para o homem contra os assaltos do homem pecaminoso contra aquele mesmo proposto divino.

Ainda porque o pecado possui esta dimensão social e coletiva a distinção ética entre o “pessoal” e o “social” está arraigada em uma compreensão equivocada do pecado. Toda ética “pessoal” acaba sempre se tornando a ética do indivíduo versus a ética coletiva. Todo pecado é de fato pessoal, seja ele cometido por um indivíduo ou por uma coletividade, seja uma nação ou uma igreja. O mesmo é verdadeiro acerca do amor e do fazer aquilo que é certo. Mas não existe nada que possamos chamar de ética pessoal individual (que diz respeito ou é peculiar a uma só pessoa) da mesma maneira que não existe graça de Deus individual nem justiça individual. As ideias Bíblicas de graça, amor e justiça, bem como os ensinos Bíblicos de que o pecado original de Adão é o pecado de todas as pessoas e o ato de justiça praticado por Jesus que podem se transformar em um ato de justiça de todas as pessoas são completamente destruídos quando o pecado é definido individualmente com referência a uma compreensão legalista da lei, sem se fazer referência ao caráter social da graça de Deus.

Esse aspecto corporativo do pecado pode ser visto claramente nas páginas do Novo Testamento. Tomemos como exemplo a chamada “oração do Pai Nosso”. Note as palavras de Jesus especialmente no que diz respeito à “pessoa” dos verbos:

Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome;

venha o teu reino; faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu;

o pão nosso de cada dia dá-nos hoje;

e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores;

e não nos deixes cair em tentação; mas livra-nos do mal pois teu é o reino, o poder e a glória para sempre. Amém! – Mateus 6:9—13.

A mesma verdade foi expressa em outra passagem do sermão do monte em —

Mateus 5:23 – 24 onde lemos:

Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta.

Nós só podemos orar a Deus como Pai, pedir pelo pão diário, pedir perdão por nossos pecados e livramento do maligno se usarmos pronomes plurais como vós e nós. Só podemos trazer nossas ofertas a Deus se estivermos em paz com nosso próximo. Só podemos adorar a Deus se fizermos justiça ao nosso próximo. É bobagem pensar que Deus vai nos aceitar quando temos ciência de que ofendemos alguém. Este é o maior motivo porque nossas orações não são ouvidas e nem nossa adoração é aceita por Deus. É nossa responsabilidade buscarmos viver em paz com todas as pessoas —


Romanos 12:18

Se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens.

OUTROS ESTUDOS SOBRE O PECADO

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O PECADO — ESTUDO —002 — A QUEDA — UMA INTERPRETAÇÃO DE GÊNESIS 3 — PARTE 1

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O PECADO — ESTUDOS 013A — PECADO E  O CASTIGO PARTE A

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O PECADO — ESTUDOS 013D — PECADO E O CASTIGO PARTE D — JESUS NO GETSÊMANI — PARTE 003

O PECADO — ESTUDOS 013E — PECADO E O CASTIGO PARTE E — JESUS NO GETSÊMANI — PARTE 004

O PECADO — ESTUDOS 013F — PECADO E O CASTIGO PARTE F — JESUS NO GETSÊMANI — PARTE 005

O PECADO — ESTUDOS 014A — O PECADO PARA A MORTE — PARTE A — INTRODUÇÃO — QUESTÕES HERMENÊUTICAS

O PECADO — ESTUDOS 014B — O PECADO PARA A MORTE — PARTE B —DIFERENTES TIPOS DE PENAS E CASTIGOS PARA O PECADO IMPERDOÁVEL

O PECADO — ESTUDOS 014C — O PECADO PARA A MORTE — PARTE C —DIFERENTES TIPOS DE PESSOAS QUE PODEM COMETER O  PECADO IMPERDOÁVEL
http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2015/08/um-estudo-sobre-o-pecado-parte-014_13.html

Grande Abraço e que Deus possa abençoar a todos.

Alexandros Meimaridis

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Desde já agradecemos a todos.

2 comentários:

  1. Que estudo enriquecedor!

    Que o Eterno continue te abençoando.

    Desejo-te um feliz Natal e um 2015 repleto de realizações e felicidades com os teus.
    "A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós!" 2 Coríntios 13:14.

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    1. Obrigado Joel,

      Desejo a você e toda tua família um natal reverente e repleto de meditação acerca da seriedade do que representou o Deus Todo poderoso tornar-se num ser humano.

      Abraço fraterno,

      Irmão Alex

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