segunda-feira, 8 de junho de 2015

PARÁBOLAS DE JESUS - LUCAS 14:7—14 — A PARÁBOLA DOS PRIMEIROS LUGARES — SERMÃO 032


A última ceia na concepção artística de Leonardo da Vinci. 

Esse artigo é parte da série "Parábolas de Jesus" e é muito recomendável que o leitor procure conhecer todos os aspectos das verdades contidas nessa série, com aplicações para os nossos dias. No final do artigo você encontrará links para os outros artigos dessa série.


Sermão 032


A PARÁBOLA DOS PRIMEIROS LUGARES


Lucas 14:7—14

7 Reparando como os convidados escolhiam os primeiros lugares, propôs-lhes uma parábola:

8 Quando por alguém fores convidado para um casamento, não procures o primeiro lugar; para não suceder que, havendo um convidado mais digno do que tu,

9 vindo aquele que te convidou e também a ele, te diga: Dá o lugar a este. Então, irás, envergonhado, ocupar o último lugar.

10 Pelo contrário, quando fores convidado, vai tomar o último lugar; para que, quando vier o que te convidou, te diga: Amigo, senta-te mais para cima. Ser-te-á isto uma honra diante de todos os mais convivas.

11 Pois todo o que se exalta será humilhado; e o que se humilha será exaltado.

12 Disse também ao que o havia convidado: Quando deres um jantar ou uma ceia, não convides os teus amigos, nem teus irmãos, nem teus parentes, nem vizinhos ricos; para não suceder que eles, por sua vez, te convidem e sejas recompensado.

13 Antes, ao dares um banquete, convida os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos;

14 e serás bem-aventurado, pelo fato de não terem eles com que recompensar-te; a tua recompensa, porém, tu a receberás na ressurreição dos justos.

Introdução

1. Nos dias em que Jesus andou sobre essa terra, os judeus costumavam, após o grande culto realizado nos sábados nas sinagogas, se banquetearem com uma generosa refeição. Nessas ocasiões não era incomum a presença de vários convidados.

2. Foi numa ocasião como essa que um fariseu convidou Jesus para comer em sua casa após o culto. O convite parecia ser sincero, mas a intenção do fariseu era tentar armar uma situação onde Jesus transgredisse a lei dos anciãos com respeito ao dia do Sábado — ver Lucas 14:1—4.

3. Conforme o que foi planejado pelo fariseu, um homem hidrópico foi colocado bem na frente do lugar em que Jesus deveria sentar. Mas o que é um hidrópico? A hidropisia é uma condição de saúde onde uma pessoa acumula, de forma mórbida, serosidade — líquido segregado pelas membranas serosas — em qualquer parte do corpo, principalmente no abdome. A intenção oculta do fariseu era ver se Jesus curaria aquele homem, visivelmente doente, ou não em dia de Sábado. Ou talvez Jesus poderia optar para o sábado terminar, por volta das 18 horas, e então curar o tal homem.

A. A Ação de Jesus

1. Sem demora Jesus tomou a iniciativa e curou imediatamente aquele homem que sofria de hidropisia, mandando-o para sua própria casa — ver Lucas 14:1—4.

2. Jesus tomou essa decisão por causa da indignação que sentiu ao notar a falta de compaixão por parte dos fariseus que se recusaram a responder uma simples pergunta que Jesus lhes dirigiu, dizendo: É ou não é lícito curar no sábado? Como se recusaram responder a essa simples pergunta, Jesus prosseguiu e curou o homem enfermo mandando-o em seguida para sua casa.

3. Para caracterizar ainda mais a total falta de compaixão e a dureza daqueles corações empedernidos Jesus faz então, uma pergunta adicional: Qual de vós, se o filho ou o boi cair num poço, não o tirará logo, mesmo em dia de sábado? A calhorda farisaica também se recusou responder a essa segunda pergunta.

4. O motivo da recusa deles era um só: eles sabiam que pela verdadeira Lei, a de Moisés, não havia nada que impedisse fazer o bem no dia do Sábado. Mas a amaldiçoada lei dos anciãos que havia substituído a verdadeira Lei de Deus proibia fazer tal bem. E como eles estimavam serem mais leais aos homens do que a Deus, preferiram ficar em silêncio, como mudos, olhando para Jesus como verdadeiros parvos.

João 12:43 

Porque amaram mais a glória dos homens do que a glória de Deus.

B. A Atitude Condenável dos Convidados.

1. Mas Jesus não ia deixar aquela turma sair ilesa daquela situação.

2. No meio daquele ambiente que lhe era totalmente hostil, Jesus observou que vários dos convidados tinham ocupado, de forma egoísta, os melhores lugares junto à mesa onde a refeição seria servida. Jesus então, como era muitas vezes seu costume, inventou uma história — uma parábola — para ensinar àqueles homens, cheios de orgulho e de corações e sem consideração por outras pessoas, uma verdadeira lição de humildade.

3. A história de Jesus narra uma festa de casamento para a qual várias pessoas haviam sido convidadas. Naqueles dias, um banquete ou mesmo um almoço com vários convidados era servido com os assentos sendo dispostos ao redor de uma mesa na forma de uma ferradura, que variava de cumprimento, de acordo com a quantidade dos convidados.

4. Junto à cabeceira da mesa sentava-se a pessoa mais importante entre os convidados, seguido pela ordem de importância pelas outras pessoa, que tomavam seus assentos à direita e à esquerda. Cada uma dos assentos, geralmente, podia acomodar até três pessoas com a mais importante ocupando o lugar central. O assento à esquerda do convidado principal era o segundo em prioridade, seguindo-se do assento à direita.

5. Em uma festa normal, os convidados se comportavam de modo civilizado esperando uns pelos outros, para tomarem seus lugares de modo apropriado. Mas nessa história que Jesus conta, a escolha estava a critério de cada convidado o que era a oportunidade para cada um deles demonstrar todo egoísmo, preconceitos e orgulho que escondiam em seus corações de pedra.

6. Foi exatamente isso que aconteceu naquele dia na casa do fariseu, que havia convidado o Senhor Jesus para participar da refeição comunitária em sua casa. Os fariseus e os doutores da Lei ou escribas, por se considerarem superiores às outras pessoas, acabaram por criar um ambiente onde a soberba e a arrogância eram marcantes e o amor e a humildade estavam completamente ausentes. Jesus aproveitou aquela situação para ensinar uma lição em auto-humilhação para todos aqueles indivíduos.

7. Essa parábola, como tantas outras é encontrada apenas no Evangelho de Lucas. Mas o sentimento geral que a mesma expressa pode ser encontrado em outros lugares, tais como:

Mateus 18:4

Portanto, aquele que se humilhar como esta criança, esse é o maior no reino dos céus.

Mateus 23:12

Quem a si mesmo se exaltar será humilhado; e quem a si mesmo se humilhar será exaltado.

Romanos 12:16

Tende o mesmo sentimento uns para com os outros; em lugar de serdes orgulhosos, condescendei com o que é humilde; não sejais sábios aos vossos próprios olhos.

1 Pedro 5:6

Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que ele, em tempo oportuno, vos exalte.

8. E outra passagem que não podemos deixar passar despercebida é a de João 13 onde o humilde Jesus lava os pés de seus discípulos, como um exemplo para eles.

C. O Verdadeiro Exemplo que Jesus Deseja Ensinar

1. Tanto os fariseus quanto os doutores da lei eram conhecedores do Antigo Testamento, em boa medida. Certamente não lhes eram desconhecidas as palavras de Salomão que encontramos em —

Provérbios 25:6—7

6 Não te glories na presença do rei, nem te ponhas no meio dos grandes;

7 porque melhor é que te digam: Sobe para aqui!, do que seres humilhado diante do príncipe.

2. Todos sabiam que Jesus estava se referindo a esse versos do Livro de Provérbios, quando decidiu descrever uma salão repleto de convidados assentados ao redor da mesa para a celebração das bodas de alguém.

3. Os doutores da lei, de modo especial, eram notoriamente conhecidos por procurarem sempre os melhores lugares em qualquer banquete. Isso pode ser visto em passagens tais como —

Mateus 23:6

Amam o primeiro lugar nos banquetes e as primeiras cadeiras nas sinagogas,

Marcos 12:38—39

38 Guardai-vos dos escribas, que gostam de andar com vestes talares e das saudações nas praças;

39 e das primeiras cadeiras nas sinagogas e dos primeiros lugares nos banquetes;

Lucas 20:46

Guardai-vos dos escribas, que gostam de andar com vestes talares e muito apreciam as saudações nas praças, as primeiras cadeiras nas sinagogas e os primeiros lugares nos banquetes.

4. De repente, um convidado mais importante chegou, quando todos já haviam escolhido e ocupado seus lugares. Era impossível para o anfitrião permitir que tão ilustre convidado ocupasse um lugar considerado inferior. Se agisse assim estaria cometendo uma quebra imperdoável da etiqueta dos seus dias. Sua única saída era pedir ao indivíduo que ocupava o lugar de honra para que desocupasse o mesmo e fosse se assentar num outro lugar de menor destaque. Depois disso convidaria o ilustre participante para se assentar no lugar de maior destaque. Certamente o convidado humilhado aprenderia uma lição que seria difícil de esquecer.

D. A Lição

1. Qualquer indivíduo ao chegar ao banquete deveria pensar nas outras pessoas e, com isso, ocupar um lugar de menor destaque. Caso o anfitrião achasse que alguém estava ocupando um lugar não tão destacado, sempre poderia chamá-lo para ocupar um lugar mais elevado. Caso isso acontecesse tal pessoa seria grandemente honrada diante dos outros.

2. Mas é importante entendermos que a intenção de Jesus não era ensinar apenas boas maneiras à mesa. Jesus queria ensinar uma lição de verdadeira humildade a todos que estavam presentes naquela refeição bem como para o anfitrião também.

3. Jesus diz para o anfitrião o seguinte: não convide ninguém com o interesse de ser recompensado. Essas palavras nos lembram o sermão do monte onde o Senhor diz:

Mateus 5:46

Porque, se amardes os que vos amam, que recompensa tendes? Não fazem os publicanos também o mesmo?

4. Jesus desejava que o anfitrião convidasse pessoas quem não podiam retribuir o favor. Se agisse desse modo sua recompensa lhe seria dada por meio das mãos do próprio Deus.

5. Mas quem nesse mundo daria uma festa e convidaria a classe mais baixa da sociedade? Quem convidaria os coxos, os aleijados, os pobres, os cegos? Essas pessoas precisam de ajuda e não estão em condições de retribuir nenhum tipo de favor.

6. Todas as vezes que estendemos os prazeres da mesa a pessoas que não têm condições de desfrutar de tais prazeres, restrito aos que têm posses, a retribuição divina é merecida, segundo Jesus. É obvio que Jesus não queria ensinar que o certo é convidar apenas os pobres. O convite feito por Deus vale para todas as pessoas —

Isaías 55:1—2

1 Ah! Todos vós, os que tendes sede, vinde às águas; e vós, os que não tendes dinheiro, vinde, comprai e comei; sim, vinde e comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite.

2 Por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão, e o vosso suor, naquilo que não satisfaz? Ouvi-me atentamente, comei o que é bom e vos deleitareis com finos manjares.

O que Jesus quer nos ensinar é que devemos fazer todas as coisas sem esperar nenhuma reciprocidade. Nossas ações devem ser oferecidas como atos de amor e humildade desinteressada. São essas ações que recebem a aprovação divina —

Mateus 25:40

O Rei, respondendo, lhes dirá: Em verdade vos afirmo que, sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.

Pensemos nisso.



OUTRAS PARÁBOLAS DE JESUS PODEM SER ENCONTRADAS NOS LINKS ABAIXO:

001 – O Sal

002 – Os Dois Fundamentos

003 – O Semeador

004 – O Joio e o Trigo =

005 – O Credor Incompassivo

006 — O Grão de Mostarda e o Fermento

007 — Os Meninos Brincando na Praça

008 — A Semente Germinando Secretamente

009 e 010 — O Tesouro Escondido e a Pérola de Grande Valor

011 — A Eterna Fornalha de Fogo

012 — A Parábola dos Trabalhadores na Vinha

013 — A Parábola dos Dois Irmãos

014 — A Parábola dos Lavradores Maus — Parte 1

014A — A Parábola dos Lavradores Maus — Parte 2

015 — A Parábola das Bodas —

016 — A Parábola da Figueira

017 — A Parábola do Servo Vigilante

018 — A Parábola do Ladrão

019 — A Parábola do Servo Fiel e Prudente

020 — A Parábola das Dez Virgens

021 — A Parábola dos Talentos

022 — A Parábola das Ovelhas e dos Cabritos

023 — A Parábola dos Dois Devedores

024 — A Parábola dos Pássaros e da Raposa

025 — A Parábola do Discípulo que Desejava Sepultar Seu Pai

026 — A Parábola da Mão no Arado

027 — A Parábola do Bom Samaritano — Completo

027A — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 1

027B — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 2 — Os Ladrões e o Sacerdote

027C — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 3 — O Levita

027D — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 4 — O Samaritano

027E — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 5 — O Socorro

027F — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 6 — O transporte até a hospedaria

027G — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 7 — O pagamento final

027H — A Parábola do Bom Samaritano — Parte 8 — O diálogo final entre Jesus e o doutor da Lei

028 — A Parábola do Rico Tolo —

029 — A Parábola do Amigo Importuno —

030 — A Parábola Acerca de Pilatos e da Torre de Siloé

031 — A Parábola da Figueira Estéril

032 — A Parábola Acerca dos Primeiros Lugares

033 — A Parábola do Grande Banquete

034 — A Parábola do Construtor da Torre e do Grande Guerreiro

035 — Introdução a Lucas 15 — Parábolas Acerca da Condição Perdida da Raça Humana — Parte 001

036 — Introdução a Lucas 15 — Parábolas Acerca da Condição Perdida da Raça Humana — Parte 002

037A — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 001

037B — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 002

037C — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 003

037D — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 004 — A Influência do Antigo Testamento

037E — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 005 — Características Cristológicas da Parábola da Ovelha Perdida

037F — Parábolas de Jesus — Mateus 18:12—14 e Lucas 15:4—7 — A Parábola da Ovelha Perdida — Parte 006 — A importância das pessoas perdidas.
Que Deus Abençoe a todos. 

Alexandros Meimaridis 

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