Concepção artística de Jesus com Pedro, Tiago e João no Getsêmane.
Essa é uma série cujo propósito é estudar, com
profundidade, os ensinamentos da Bíblia acerca do pecado, com uma ênfase
especial na questão do chamado “pecado para a morte”. Os demais estudos dessa
série poderão ser acessados por meio dos links alistados no final desse
estudo.
13F. Pecado e Castigo —
PARTE E
CONTINUAÇÃO...
MARCOS 14:38—42
Verso 38
Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o Espírito, na verdade,
está pronto, mas a carne é fraca.
Vigiar e orar é uma combinação
poderosa. Jesus repete a ordem dada no verso 34 acerca de vigiar, manter-se
alerta, mas acrescenta que é necessário ocupar esse tempo com oração. Aqui
existe uma indicação clara que não basta se manter acordado fisicamente. É
necessário estarmos despertados espiritualmente para resistirmos às tentações.
Jesus nos ensinou a orar dizendo:
Mateus 6:13
E não nos deixe cair em tentação.
O próprio Senhor estava sendo tentado e
estava também usando os mesmos recursos que Ele estava recomendando aos
discípulos.
Mas qual era a tentação que os
discípulos estavam enfrentando? Era a de não serem leais a Jesus. Os discípulos
juntamente com a grande maioria dos Judeus acreditavam e esperavam uma
manifestação política do Reino de Deus, destruindo os Romanos e tornando os
Judeus os senhores do mundo. Eles estavam até um pouco “preparados” para lutar
por este Reino — ver Lucas 22:36—38 — mas neste mesmo contexto Jesus lhes
reafirma que o propósito de Sua vinda não era reinar e sim cumprir as profecias
acerca dos Seus sofrimentos — verso 37. Mas quando vissem seu Senhor,
aprisionado, julgado, crucificado e morto; quando vissem Jesus submetido a
todas estas coisas sem poder aparente para Se livrar, então “essa” seria a hora
da grande tentação que os discípulos enfrentariam. É em vista dessa
possibilidade que Jesus os exorta a vigiar e orar para que não caiam em
tentação, mas tenham a força para vencê-la. Mas de fato nós sabemos que todos
eles, sem exceção, sucumbiram a essa tentação. Na hora da prisão de Jesus todos
os discípulos fugiram!
O Espírito — A parte
não material dos seres humanos que é capaz de manter comunhão com Deus através
da adoração e de receber a graça de Deus.
A Carne — Neste
contexto, diz respeito à natureza humana com suas fragilidades físicas e
psicológicas. Não deve ser confundida, neste contexto, com o conceito de carne
como o assento da natureza pecaminosa contrária a Deus.
O Espírito, na verdade, está pronto,
mas a carne é fraca. A mente, o coração, o Espírito, nossa parte não material
está preparada e disposta a suportar as tentações — os testes—, mas a “carne”,
nossos sentimentos, influenciados pelo medo do perigo, é fraca e normalmente
nos engana quando as tentações aparecem. É como se Jesus estivesse dizendo para
eles: apesar de vocês possuírem uma fé forte o suficiente e acreditarem agora
que não irão me negar — ver Mateus 25:35 — a natureza humana é muito fraca e
tende a se encolher na hora da tentação, por este motivo, vocês devem buscar
auxílio lá do alto.
Verso 39
Retirando-se de novo, orou
repetindo as mesmas palavras.
Isto não quer dizer que ele tivesse
usado literalmente as mesmas palavras e sim que orou na mesma linha de
pensamento. De fato Mateus indica outro conjunto de palavras, mas com a mesma
intenção —
Mateus 26:42
Tornando a retirar-se, orou de novo, dizendo: Meu Pai, se não é possível
passar de mim este cálice sem que eu o beba, faça-se a tua vontade.
É muito provável que nosso Senhor
gastou um tempo considerável em oração e que os evangelistas tenham preservado
a “essência” de suas palavras. Jesus, como o texto inteiro nos mostra deve ter
retornado várias vezes aos discípulos para adverti-los e demonstrar Seu
profundo interesse pelo bem estar deles. Cada vez que Jesus retornava Sua
tristeza aumentava. Novamente Ele procura o lugar de oração, pois à medida que
Seus sofrimentos se aproximavam, Ele sentia-se avassalado pelos mesmos. A
oração era o recurso mais poderoso a Seu dispor. Jesus, mesmo sendo Deus, ao
tomar a forma humana esvaziou-se — ver Filipenses 2:5—8 — não somente para
servir de propiciação pelos nossos pecados, mas também para se tornar o exemplo
perfeito da santidade entre os seres humanos. Para que isso fosse alcançado Ele
precisava se submeter às condições comuns a toda humanidade, ou seja, Ele
deveria viver como qualquer pessoa, ser sustentado como qualquer outra pessoa,
sofrer como qualquer outra pessoa e ser fortalecido como qualquer outra pessoa;
Ele não poderia tirar vantagem da Sua Santidade, nem da Sua Divindade, mas
precisava se submeter ao lote comum a todas as pessoas piedosas. Assim sendo,
Jesus não supria suas necessidades mediante atos de Sua Divindade, mas da forma
ordinária e comum a todos os seres humanos; Ele se preservava dos perigos não
como Deus — ver Mateus 26:53 — mas seguindo as formas comuns da prudência
humana e da precaução. Jesus enfrentou as tentações como homem; recebeu
conforto e consolação como homem. O próprio anjo enviado para ajudá-lo prova
Sua humanidade acima de tudo —
Hebreus 1:14
Não são todos eles espíritos ministradores, enviados para serviço a
favor dos que hão de herdar a salvação?
Lucas nos diz em Lucas 22:44, que Jesus
se encontrava em ἀγωνίᾳ — agonía. Essa palavra é emprestada dos
certames esportivos, especialmente dos eventos de luta livre, onde os atletas
se esforçam física e mentalmente, muitas vezes, além do que se esperava. Neste
contexto a palavra é usada para indicar extrema angústia mental e o enorme
conflito produzido na natureza humana pelas perspectivas de calamidades
avassaladoras.
O que tudo isto nos ensina é que o
nosso pecado é algo terrível e não deve, em nenhuma hipótese, ser visto como
algo inofensivo, engraçado ou insignificante. Foram nossos pecados que fizeram
Jesus sofrer dessa maneira como estamos vendo. Por outro lado, Jesus nos deixa
um exemplo a seguir. Ele não lançou mão de nenhum recurso que não esteja
disponível a qualquer um de nós na nossa luta contra o pecado. A Bíblia nos
desafia a considerarmos o exemplo de Jesus e a segui-lo de forma completa —
Hebreus 12:1—4
1 Portanto, também nós, visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de
testemunhas, desembaraçando-nos de todo peso e do pecado que tenazmente nos
assedia, corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta,
2 olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em
troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da
ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus.
3 Considerai, pois, atentamente, aquele que suportou tamanha oposição
dos pecadores contra si mesmo, para que não vos fatigueis, desmaiando em vossa
alma.
4 Ora, na vossa luta contra o pecado, ainda não tendes resistido até ao
sangue.
Verso
40
Voltando,
achou-os outra vez dormindo, porque os seus olhos estavam pesados; e não sabiam
o que lhe responder.
Sabedores da dor e angústia pela qual o Senhor
estava passando, esses homens estavam obrigados a sustentá-lo de maneira mais
vigilante. Por outro lado, Jesus demonstra Sua preocupação com eles voltando
para ver como estavam, já que eles também precisavam estar vigilantes para
atender suas próprias necessidades com a tentação por vir. Que privilégio nós
temos de saber que aquele que nos oferece a salvação —
Salmos
121:4
Não
dormita, nem dorme o guarda de Israel.
A história de Israel registra um caso em que Davi,
quando teve o trono usurpado pelo próprio filho Absalão, seguiu chorando em
direção à Jerusalém e todo o povo que estava com ele o acompanhava também
chorando —
2
Samuel 15:30
Seguiu
Davi pela encosta das Oliveiras, subindo e chorando; tinha a cabeça coberta e
caminhava descalço; todo o povo que ia com ele, de cabeça coberta, subiu
chorando.
Mas aqui temos “o filho de Davi” em prantos
enquanto seus seguidores estão dormindo. Esses mesmos discípulos, quando em
desespero, souberam acordar a Jesus para socorrê-los —
Mateus
8:26
Perguntou-lhes,
então, Jesus: Por que sois tímidos, homens de pequena fé? E, levantando-se,
repreendeu os ventos e o mar; e fez-se grande bonança.
mas não conseguiam se manter acordados nessa Sua
hora de maior angústia, quando Jesus estava agonizando sobre os pecados deles e
de nós todos. O que Jesus requereu dos discípulos era algo proporcionalmente
pequeno com relação ao que estava sendo requerido d’Ele. Outro contraste pode
ser visto nos servos de Naamã que cuidaram do seu senhor insistindo com ele
para que ouvisse as palavras de Elias —
2 Reis
5:13
Então,
se chegaram a ele os seus oficiais e lhe disseram: Meu pai, se te houvesse dito
o profeta alguma coisa difícil, acaso, não a farias? Quanto mais, já que apenas
te disse: Lava-te e ficarás limpo.
E vamos nos lembrar que a quantidade de tempo nem
era muito significativa: uma hora, era tudo o que Jesus estava requisitando.
Isaías quando requisitado por Deus serviu de atalaia por dias inteiros e noites
inteiras —
Isaías
21:8
Então,
o atalaia gritou como um leão: Senhor, sobre a torre de vigia estou em pé
continuamente durante o dia e de guarda me ponho noites inteiras.
Jesus havia passado muitas noites inteiras em
oração — será que isto nos diz alguma coisa? — mas naquelas noites Jesus não
esperava que seus discípulos o acompanhassem. Nessa noite, quando todo o tempo
disponível para orar era o de “uma hora” apenas, Jesus insistia com eles para
que se mantivessem acordados.
Como já vimos eles precisavam se manter despertos e
em oração para não caírem na armadilha que a tentação representava. Enquanto
eles dormiam estavam perdendo a grande oportunidade de estarem unidos com
Cristo em oração. Para nós fica a lição de que quando tentados devemos recorrer
sempre à oração e duplicar nossa vigilância.
Os discípulos não tinham palavras para se
expressar, mas o Senhor já os havia confortado com as palavras do verso 38,
como era Sua função como nosso Advogado. Nisso Jesus nos dá o exemplo de como
“o amor cobre multidão de pecados —
1
Pedro 4:8
Acima
de tudo, porém, tende amor intenso uns para com os outros, porque o amor cobre
multidão de pecados.
Jesus certamente se lembrava das palavras do —
Salmo
78:38—39
38
Ele, porém, que é misericordioso, perdoa a iniquidade e não destrói; antes,
muitas vezes desvia a sua ira e não dá largas a toda a sua indignação.
39
Lembra-se de que eles são carne, vento que passa e já não volta.
Os discípulos, como nós, enquanto viviam na terra
manifestavam tanto o princípio de corrupção do pecado quanto da graça manifesta
de Deus como Esaú e Jacó no mesmo ventre e como cananitas e israelitas na mesma
terra.
CONTINUA...
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O PECADO — ESTUDO —002 — A QUEDA — UMA INTERPRETAÇÃO DE GÊNESIS 3 — PARTE 1
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O PECADO — ESTUDOS 014B — O PECADO PARA A MORTE — PARTE B —DIFERENTES TIPOS DE PENAS E CASTIGOS PARA O PECADO IMPERDOÁVEL
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http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2015/08/um-estudo-sobre-o-pecado-parte-014_13.html
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Grande Abraço e que Deus possa
abençoar a todos.
Alexandros Meimaridis
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