sexta-feira, 1 de maio de 2015

PADRE FÁBIO DE MELO PEDE DESCULPAS POR FRASE DITA EM PROGRAMA DE TV



Palavras de Padre Fábio de Melo

Queridos amigos,

Em virtude da polêmica que envolveu minha fidelidade à Ortodoxia Católica, venho esclarecer alguns pontos.

Em nenhum momento da minha vida atentei contra a sacralidade da Igreja Católica Apostólica Romana. Sou Mestre em Teologia Dogmática e zelo muito para que minha pregação esteja de acordo com os ensinamentos da Igreja. Este é o credo que professo: “Creio na Santa Igreja Católica Una, Santa, Católica e Apostólica.” Nunca inventei uma crença particular, ou um modo diferente de compreender esta profissão de fé.

A expressão que usei no programa de “De frente com Gabi”, “Jesus queria o Reino de Deus, mas nós demos a Ele a Igreja” é uma expressão muito usada nos bastidores acadêmicos que frequentei em minha vida, e está distante da proposta herética que ela já representou em outros tempos. O significado evoluiu.

Nossa Fundação é Santa, pois fomos instituídos pelo Cristo. “A Igreja é um corpo, em que nós somos os membros e Jesus Cristo é a cabeça (Col 1,18; I Cor 12,27). Na cabeça o Reino já está estabelecido. Em Cristo, o Reino já está plenamente manifestado. Mas os membros do corpo ainda estão no contexto da busca, pois continuamos arrastando as consequências adâmicas do nosso pecado. E por isto, mesmo que em Cristo o Reino já esteja plenamente manifestado, em nós, Igreja, povo de Deus, ele continua sendo a meta que nunca deixamos de buscar.

O Concílio Vaticano II, através de sua Constituição Dogmática Lumen Gentium, enfatizou que a Igreja é povo de Deus. O povo é errante, pois apesar de estar mergulhado nas graças do batismo, ainda sofre as consequências da fragilidade que o pecado lhe deixou. O mesmo Concílio declarou "O Reino de Cristo já presente em mistério, cresce visivelmente no mundo pelo poder de Deus..." (LG 3).

Presente em mistério. Isto é, cabe a nós, membros deste corpo, apressar a sua chegada. A Igreja é triunfante, mas também é peregrina, penitente, pois que carrega em sua carne a fragilidade de seus membros.

Sim, a Igreja é santa, mas comporta em seu seio os pecadores que somos nós. E por isso dizemos, também com o perigo da imprecisão teológica: “A Igreja é Santa e pecadora”. Bento XVI sugeriu modificar a expressão. “A Igreja é Santa, mas há pecado na Igreja”. Notem que ele salvaguarda a santidade na essência.

Mas o pecado existe na Igreja. Por isto rezamos nas liturgias diárias pelo Santo Padre, pelos bispos, pelo clero, pelo povo de Deus. Clamamos por purificação, luzes em nossas decisões, pois sabemos que é missão do Espírito encaminhar na terra a Igreja que ainda não é Reino de Deus (porque maculada pelos nossos pecados), e que ao Cristo damos diariamente. Mas nós caminhamos na esperança. Sabemos que um dia todas as partes do corpo estarão agindo em perfeita harmonia com a cabeça. Seremos a “Jerusalém Celeste”.

Eu assumo que errei ao usar a expressão. Eu não estava numa sala de aula, lugar onde a Ortodoxia convive bem com a dialética. Não considerei que muitos telespectadores poderiam não entender o contexto da comparação. E por isso peço desculpas. E junto às desculpas, faço minha retratação. Nunca tive problema em assumir meus equívocos. Usei uma expressão que carece ser contextualizada com outras explicações, para que não pareça irresponsável, nem tampouco herética.

Repito. Eu não nego nem neguei a definição dogmática expressa na Lumem Gentium, Número 5.

“O mistério da santa Igreja manifesta-se na sua fundação. O Senhor Jesus deu início à Sua Igreja pregando a boa nova do advento do Reino de Deus prometido desde há séculos nas Escrituras: «cumpriu-se o tempo, o Reino de Deus está próximo» (Mc. 1,15; cfr. Mt. 4,17). Este Reino manifesta-se na palavra, nas obras e na presença de Cristo. A palavra do Senhor compara-se à semente lançada ao campo (Mc. 4,14): aqueles que a ouvem com fé e entram a fazer parte do pequeno rebanho de Cristo (Luc. 12,32), já receberam o Reino; depois, por força própria, a semente germina e cresce até ao tempo da messe (cfr. Mc. 4, 26-29). Também os milagres de Jesus comprovam que já chegou à terra o Reino: «Se lanço fora os demônios com o poder de Deus, é que chegou a vós o Reino de Deus» (Luc. 11,20; cfr. Mt. 12,28). Mas este Reino manifesta-se sobretudo na própria pessoa de Cristo, Filho de Deus e Filho do homem, que veio «para servir e dar a sua vida em redenção por muitos» (Mt. 10,45).”

E quando Jesus, tendo sofrido pelos homens a morte da cruz, ressuscitou, apareceu como Senhor e Cristo e sacerdote eterno (cfr. Act. 2,36; Hebr. 5,6; 7, 17-21) e derramou sobre os discípulos o Espírito prometido pelo Pai (cfr. Act. 2,33). Pelo que a Igreja, enriquecida com os dons do seu fundador e guardando fielmente os seus preceitos de caridade, de humildade e de abnegação, recebe a missão de anunciar e instaurar o Reino de Cristo e de Deus em todos os povos, e constitui o germe e o princípio deste mesmo Reino na terra. Enquanto vai crescendo, suspira pela consumação do Reino e espera e deseja juntar-se ao seu Rei na glória.”

Agradeço pela prece dos que me acompanharam neste momento tão sofrido.

Com minha benção,

Padre Fábio de Melo.

O artigo original do Padre Fábio de Melo poderá ser visto por meio desse link aqui:


NOSSO COMENTÁRIO

O padre Fábio de Melo é um homem cheio de contradições. Essa não foi a primeira nem a última declaração controversa que fez.

Na própria carta em que procura se justificar ele apresenta uma dicotomia inaceitável e pecaminosa: trata-se da ideia de que podemos falar de certo modo em sala de aula, mas diante do povo devemos falar de outro modo. Ora isso tem nome e sobrenome: por um lado trata-se de grossa hipocrisia e por outro do velho casuísmo tão ao gosto do clero católico romano onde os fins justificam os meios.

Vamos esperar o próximo passo de padre Fábio, enquanto ele procura conciliar suas contradições.

Que Deus abençoe a todos.

Alexandros Meimaridis

PS. Pedimos a todos os nossos leitores que puderem que “curtam” nossa página no Facebook através do seguinte link:


Desde já agradecemos a todos.

4 comentários:

  1. Olá, Sr. Alexandros Meimaridis. Confesso que resisti em colocar algum comentário no seu blog. Mas, diante dos adjetivos dados a alguns líderes evangélicos como falso pastor, falso apóstolo, falso profeta, fiquei a pensar: Como eu não sendo evangélico posso entender que Cristo, Cura, Salva. Batiza, que voltará, que é bom, que criou o céu e terra, que é nosso Pai, que como ele não vai descer a terra para pregar o evangelho tem enviado pessoas "Pastores" para fazer isso, acho sim que pessoas são falhas, são pecadoras, são invejosas, são muitas vezes inconsequentes, são desonestas, são gananciosas, são humanas, assim como o Senhor também. Não acho correto o Sr. se denominando "Pastor" tratar as pessoas (que também tem o mesmo título) com este nível de adjetivos. Senti muito e cheguei a conclusão que quando se tratou de "Pastores" ou "Líderes de Igrejas" nos seus artigos só houveram críticas, fofocas, tentativas de denegrir suas imagens e das suas instituições. Acompanho alguns desses líderes citados percebo que apesar das críticas e das difamações até partidas do próprio povo que se diz "evangélico" eles continuam crescendo e levando o evangelho a muitos lugares e levado pessoas ao encontro com Deus. Finalizando não acho correto ficar comentando e difamando assim as pessoas, pois o que conota até um recalque ou repressão (um dos conceitos fundamentais da psicanálise, tendo sido desenvolvido por Sigmund Freud. Um mecanismo mental de defesa contra ideias que sejam incompatíveis com o eu. Freud dividiu a repressão psicológica em dois tipos: a repressão primária, na qual o inconsciente é constituído; e a repressão secundária, que envolve a rejeição de representações inconscientes. A repressão é o processo psíquico através do qual o sujeito rejeita determinadas representações, ideias, pensamentos, lembranças ou desejos, submergindo-os na negação inconsciente, no esquecimento, bloqueando, assim, os conflitos geradores de angústia.). Portanto não acho que seus comentários engrandecem o evangelho de Cristo o "Verdadeiro Evangelho de Cristo" pelo contrário o joga na lama. E que mesmo que hajam críticas sejam feitas, sejam feitas de "classe", de maneira construtiva. Estas palavras me fez lembrar da história de La Fontaine - Uma raposa faminta entrou num terreno onde havia uma parreira, cheia de uvas maduras, cujos cachos se penduravam, muito alto, em cima de sua cabeça. A raposa não podia resistir à tentação de chupar aquelas uvas mas, por mais que pulasse, não conseguia abocanhá-las. Cansada de pular, olhou mais uma vez os apetitosos cachos e disse: - Estão verdes... É fácil desdenhar daquilo que não se alcança. Desculpa se não colaborei e concordei com seus pensamentos, mas acho que Deus é que conhece o coração do homem e que Deus usa até o ímpio para abençoar o seu povo aqueles que acredita Nele. Será que suas palavras está evangelizando e trazendo as pessoas a Cristo? ou as afastando mais de Deus. Pense nisso antes de criticar. Uma boa reflexão e até mais.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Caro Almir, serei breve para responder teu longo comentário.

      1. Quando você diz que os “ministérios” dos falsos profetas continuam crescendo isso significa exatamente o quê?

      2. Lamento muito te desapontar, mas não aceito ser comparado com ladrões, mentirosos, adúlteros e etc. Esse não é definitivamente o meu caso. Sou pastor há 34 anos com uma ficha limpa e casado com a mesma mulher há 30 anos com quem tive o privilégio e alegria de ter três filhos, todos crentes.

      3. Você alega que os falsos profetas pregam a Jesus mas não é o Jesus das Escrituras. Esse Jesus que eles pregam não salva nem transforma ninguém. Ou será que você acredita mesmo nas propagandas desses caras?

      4. Quanto a julgar os falsos mestres e falsos ensinamentos sugiro que você leia nosso artigo intitulado “O Cristão Pode Julgar” que poderá ser visto por meio desse link aqui:
      http://ograndedialogo.blogspot.com.br/2014/03/o-cristao-pode-julgar.html

      .5.Quanto a tua citação de Freud, você deve ser um dos únicos caras que ainda acredita nessas tolices. Sugiro que procure se informar melhor acerca do que pensam os professores de Psicologia modernos como o Dr. Paul Bloom da Universidade de Yale com quem tive o privilégio de estudar.

      Grande abraço,

      Alexandros Meimaridis

      Excluir
  2. Caro Irmão Alexandros, o que está acontecendo na igreja nesses últimos tempos? Tem um site católico: O FIEL CATÓLICO que está divulgando a conversão de vários pastores evangélicos ao catolicismo romano. Será isto um fato, ou tem exagero nisso tudo aí? Não consigo entender, pois já fui catolico outrora, hoje sou cristão Batista, e não consigo imaginar qualquer retorno ao catolicismo. O que o senhor tem a dizer? Grato.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Caro Osvair,

      Obrigado por nos escrever.

      1. Quanto ao site O Fiel Católico, eu vi alguns artigos comentando a conversão pessoas, inclusive pastores.

      2. A grande maioria reflete bem o que temos falado com frequência em nosso blog: a ignorância grassa — se alastra — no meio evangélico por causa da falta de cultura e treinamento adequado dos pastores. Então não deve nos surpreender que uma igreja tão poderosa como a Igreja Católica Romana com vários canais de televisão e rádio, também consiga atrair evangélicos mal formados para suas fileiras.

      3.O verdadeiro crente como você sabe que não faz sentido dar esse tipo de passo. Voltar para a idolatria, para a adoração de Maria e todo o besteirol católico romano.

      4. Mas há muito fracos e mal instruídos que já foram católicos uma vez, que se cansaram de serem enganados por pastores mentirosos que existem aos montes e resolveram sair de uma vazio para retornar para outro vazio, onde, pelo menos podem gozar de certo alívio quanto às pressões para contribuir.

      É isso que está acontecendo. Púlpitos fracos. Vida cristã baseada em experiência e não na Palavra de Deus. Fraqueza e cegueira espiritual. O resultado? É esse que estamos vendo ai. Pessoas chamadas evangélicas se convertendo ao catolicismo, culto chamados evangélicos que dão de 30 X 0 nos terreiros de umbanda e candomblé etc. Como já dizia o Senhor por meio do profeta: O meu povo perece porque lhe falta conhecimento.

      Que Deus te abençoe,

      Abraço,

      Irmão Alex

      Excluir