sábado, 9 de maio de 2015

INTRODUÇÃO AO NOVO TESTAMENTO — ESTUDO 002 – INTRODUÇÃO OS EVANGELHOS — A FORMA LITERÁRIA DOS EVANGELHOS


 

Essa série pretende disponibilizar as informações mais importantes acerca de cada um dos 27 livros que compõem o Novo Testamento. Desde que lançamos nossa série de Introdução ao Antigo Testamento, muitos leitores têm nos questionando acerca de algum material semelhante com respeito ao Novo Testamento. Então, aproveitando que iniciamos uma série de estudos acerca dos manuscritos do Novo Testamento — tecnicamente chamada de “baixa crítica” — estamos aproveitando a oportunidade para lançar uma série que trate também do texto do Novo Testamento em si, e da interpretação geral do mesmo — “alta crítica”.

CONTINUAÇÃO...

I. OS EVANGELHOS

B. A FORMA LITERÁRIA DOS EVANGELHOS

Um dos maiores e mais comum de todos os erros cometidos contra os Evangelhos é a ideia canhestra de pensar nos mesmo como se fossem uma “biografia de Jesus”. Eles não são. Os evangelhos que encontramos na Bíblia são uma forma literária que foi desenvolvida pelos próprios evangelistas e não existe nenhum tipo de literatura que se assemelhe ao mesmo, com exceção dos inúmeros falsos evangelhos que tentaram copiar o formato dos originais.

Desse modo podemos afirmar que os Evangelhos que temos no Novo Testamento não são, em nenhuma hipótese, sequer semelhantes aos vários tipos de biografias como conhecemos. Tal realidade não está atrelada, exclusivamente, ao fato de que os Evangelhos bíblicos se concentram num breve período da vida de Jesus. O fator preponderante é que o propósito dominante dos mesmos não é apenas registrar os acontecimentos como fatos. Apesar dos Evangelhos serem, para todos os efeitos históricos, o propósito dos mesmos vai muito além apenas do registro histórico. Por esse motivo, não se trata de nenhum acidente que tal material recebeu o nome de  εὐαγγέλιον euaggélion[1] — evangelho, logo no início da era cristã. Os primeiros cristãos proclamavam o εὐαγγέλιον euaggélion — evangelho, ou Boas Novas, uma mensagem que era e continua sendo desesperadamente necessária.  

Todavia, os primeiros evangelistas não tinham nenhum modelo prévio de um escrito semelhante pelo qual pudessem se guiar. Eles criaram esse formato sob a inspiração do Espírito Santo de Deus. Esse gênero literário — Evangelho — surgiu das exigências da missão de pregação entre os gentios. Os pregadores das primeiras missões cristãs precisavam enfatizar a morte e a ressurreição de Jesus, pois eram esses temas que formavam o núcleo central da mensagem que eles tinham para anunciar. Não deve nos surpreender, portanto, que tanto espaço é ocupado com esses dois aspectos de toda a vida de Jesus, nos evangelhos escritos. No evangelho de Marcos uma porção que corresponde a aproximadamente 30% de tudo que o nele está escrito se ocupa desses dois temas apenas. A porcentagem nos outros evangelhos não é muito menor. Isso tudo faz perfeito sentido com a afirmação do apóstolo Paulo que encontramos em —

1 Coríntios 15:3—8

3 Antes de tudo, vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras,

4 e que foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras.

5 E apareceu a Cefas e, depois, aos doze.

6 Depois, foi visto por mais de quinhentos irmãos de uma só vez, dos quais a maioria sobrevive até agora; porém alguns já dormem.

7 Depois, foi visto por Tiago, mais tarde, por todos os apóstolos

8 e, afinal, depois de todos, foi visto também por mim, como por um nascido fora de tempo.    

As narrativas envolvendo a vida do Senhor Jesus, suas obras, seus milagres, assim como seus ensinamentos foram todos considerados secundários diante desse interesse dominante envolvendo sua morte e ressurreição. Todavia os elementos citados logo acima eram fundamentais para a parte final das narrativas que temos nos Evangelhos. Para confirmar o que estamos dizendo, basta pegar qualquer biografia que logo ficará evidente que nenhum autor tratou o biografado do modo como Jesus é apresentado nos evangelhos inspirados pelo Espírito Santo. Os evangelistas não eram homens de literatura nem pretenderam fazer algum tipo de literatura conhecida quando foram inspirados pelo Espírito Santo, a escreverem os Evangelhos. Eles mesmos tinham experimentado uma profunda mudança em suas vidas por meio dos fatos que depois registraram por escrito. Esse fato apenas marca seus registros como completamente diferentes de outras formas literárias, e nunca pode deixar de ser levado em consideração quando discutimos, de forma crítica[2], as origens dos mesmos.

Outro aspecto que devemos notar dentro do escopo que estamos tratando, tem a ver com o fato de que não existem paralelos, nem sequer aproximados, da forma como os evangelhos foram produzidos. Isso impede por completo, qualquer tentativa de comparação padrão utilizada para se analisar e avaliar outras formas literárias. Os Evangelhos são únicos!

No próximo estudo iremos falar dos “Motivos por Trás da Produção dos Evangelhos”.    

CONTINUA...  

OUTROS ESTUDOS ACERCA DA INTRODUÇÃO AO NOVO TESTAMENTO

INTRODUÇÃO AO NOVO TESTAMENTO — PARTE 001 — INTRODUÇÃO GERAL AOS EVANGELHOS — ESTUDO 001

INTRODUÇÃO AO NOVO TESTAMENTO — PARTE 002 — A FORMA LITARÁRIA DOS EVANGELHOS

INTRODUÇÃO AO NOVO TESTAMENTO — PARTE 003 — MOTIVOS PORQUE OS EVANGELHOS FORAM ESCRITOS

INTRODUÇÃO AO NOVO TESTAMENTO — PARTE 004 — O LUGAR OCUPADO PELOS QUATRO EVANGELHOS NO NOVO TESTAMENTO

INTRODUÇÃO AO NOVO TESTAMENTO — PARTE 005 —  A MELHOR FORMA DE ABORDAR OS QUATRO EVANGELHOS

INTRODUÇÃO AO NOVO TESTAMENTO — ESTUDO 006 – INTRODUÇÃO AOS EVANGELHOS — INTRODUÇÃO AO EVANGELHO DE MATEUS — PARTE 001

INTRODUÇÃO AO NOVO TESTAMENTO — ESTUDO 007 – INTRODUÇÃO AOS EVANGELHOS — INTRODUÇÃO AO EVANGELHO DE MATEUS — PARTE 002

INTRODUÇÃO AO NOVO TESTAMENTO — ESTUDO 008 – INTRODUÇÃO AOS EVANGELHOS — INTRODUÇÃO AO EVANGELHO DE MATEUS — PARTE 003

INTRODUÇÃO AO NOVO TESTAMENTO — ESTUDO 009 – INTRODUÇÃO AOS EVANGELHOS — INTRODUÇÃO AO EVANGELHO DE MATEUS — PARTE 004

INTRODUÇÃO AO NOVO TESTAMENTO — ESTUDO 010 – INTRODUÇÃO AOS EVANGELHOS — INTRODUÇÃO AO EVANGELHO DE MATEUS — PARTE 005

INTRODUÇÃO AO NOVO TESTAMENTO — ESTUDO 011 – INTRODUÇÃO AOS EVANGELHOS — INTRODUÇÃO AO EVANGELHO DE MATEUS — PARTE 006

INTRODUÇÃO AO NOVO TESTAMENTO — ESTUDO 012 – INTRODUÇÃO AOS EVANGELHOS — INTRODUÇÃO AO EVANGELHO DE MATEUS — PARTE 007

INTRODUÇÃO AO NOVO TESTAMENTO — ESTUDO 013 — INTRODUÇÃO AOS EVANGELHOS — INTRODUÇÃO AO EVANGELHO DE MATEUS — PARTE 008

INTRODUÇÃO AO NOVO TESTAMENTO — ESTUDO 014 — INTRODUÇÃO AOS EVANGELHOS — INTRODUÇÃO AO EVANGELHO DE MATEUS — PARTE 009

INTRODUÇÃO AO NOVO TESTAMENTO — ESTUDO 015 — INTRODUÇÃO AOS EVANGELHOS — MATEUS — PARTE 010 — AUTOR — PARTE 002



INTRODUÇÃO AO NOVO TESTAMENTO — ESTUDO 016 — INTRODUÇÃO AOS EVANGELHOS — MATEUS — PARTE 011 — DATA DA COMPOSIÇÃO

Que Deus abençoe a todos.

Alexandros Meimaridis

PS. Pedimos a todos os nossos leitores que puderem que “curtam” nossa página no Facebook através do seguinte link:


Desde já agradecemos a todos.


[1] A junção de duas letras gama — γγ — como nesse caso tem o som da letra “n”
[2] Isto é, quanto nos dispomos a analisar a origem dos Evangelhos.

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